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O mercado clandestino de leite no RS

Pesquisa da UFSM aponta as dificuldades dos pequenos produtores em se inserir no mercado formal



Você consegue imaginar o que acontece entre o processo de produção do leite em uma propriedade rural e o momento em que você escolhe uma caixinha, dentre as opções disponíveis no mercado?

 

Estudantes do Centro de Ciências Rurais (CCR) da UFSM discutiram essa questão em uma pesquisa sobre a produção e o consumo do leite clandestino na cidade de Itaqui, no sudoeste do Rio Grande do Sul. Eles queriam compreender por que os produtores de leite nessa cidade, que fica a 670 quilômetros de Porto Alegre, na divisa com a Argentina, têm tanta dificuldade de se integrar ao mercado formal de produção de leite.

 

Em 2014, o Brasil se tornou o quinto maior produtor mundial de leite. O Rio Grande do Sul foi responsável por 10,6% do leite do país e Itaqui produziu 0,01% do total de leite do estado no ano de 2012. Em 2010, 30,8% da produção do país foi clandestina, e no anterior a geração informal no estado chegou a 19%.

 

 

 

A pesquisa feita em 2013 chega à conclusão que os produtores de Itaqui estão, em maior parte, na periferia da cidade e que sua produção é pequena, geralmente familiar. De acordo com os pesquisadores, as características da região favoreceram o desenvolvimento de um mercado clandestino de leite, que não passa pelos processos tradicionais de industrialização e acaba sendo vendido pelos produtores diretamente aos consumidores finais. O estudo mostrou que as prováveis causas para a existência desse mercado são a situação socioeconômica dos produtores e o medo dos consumidores de comprar leite industrializado. Durante o período da pesquisa, diversos casos de adulteração de leite industrializado foram registrados no estado.

 

Um dos apontamentos da pesquisa foi que o próprio mercado econômico relega o pequeno produtor à informalidade. Afinal, a maior parte dos produtores (80%) estão organizados em pequenas propriedades, mas eles respondem por apenas 27% do volume de litros de leite produzidos anualmente no país. São as grandes propriedades (20% dos produtores) que concentram os outros 73% da produção. As entrevistas feitas com quinze dos dezoito produtores informais de Itaqui servem como exemplo das dificuldades enfrentadas pelo pequeno fornecedor clandestino de leite no Brasil. Na cidade estudada, os problemas pelos quais passam esses trabalhadores vão desde a falta de terreno próprio, incapacidade de expansão da produção, rebanhos de raças distintas e de má qualidade para a produção leiteira, e até a localização das propriedades, que não são ideais por ficarem em áreas urbanas.

 

 

Fora todas essas barreiras, o comércio clandestino também se mostra muito mais rentável para o produtor. O processo formal de industrialização é custoso: depois de ordenhado, o leite precisa ser resfriado em câmaras desenvolvidas especificamente para esse fim e depois enviadas para um laticínio, onde o leite passa por um conjunto de análises e recebe tratamento térmico adequado, para então ser embalado e distribuído ao varejo. Ao final desse processo, o produtor ganha, em média, o máximo de R$ 0,60 centavos por cada litro de leite. Quando o produtor ignora esse processo e decide vender o leite direto ao consumidor, ele consegue receber até R$ 2,00 pelo mesmo litro.

 

Reportagem: Amanda Iung, Bruno Steians e Luis Fernando Filho

Artes: Bruna Dotto

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