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Revitalização de pomares

Pesquisa estuda os efeitos de porta-enxertos no combate ao cancro em laranjas-de-umbigo



A citricultura (cultura de frutas cítricas como laranja, limão e tangerina) é uma das mais importantes e destacadas agroindústrias brasileiras. Segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil é responsável por 60% da produção mundial de suco de laranja e também o campeão na comercialização da fruta, que é a mais cultivada no país. Apenas em 2013, o país exportou mais de 17 milhões de toneladas de laranja, movimentando aproximadamente 3,4 bilhões de dólares. As variedades de laranja mais facilmente encontradas no Brasil são a Valência, a Laranja-Pêra e a Laranja de Umbigo, conhecida também por Laranja-Baía.

A produção dessas frutas, no entanto, pode ser afetada por algumas doenças. Causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, o cancro cítrico pode atingir todas as variedades de citros, provocando queda das folhas e lesões nos frutos, resultando na diminuição da qualidade e da quantidade da produção. De origem asiática, a praga é resistente a diferentes climas e ambientes, podendo ser encontrada em todos os países produtores de frutas cítricas do mundo. No Brasil, o cancro cítrico é encontrado com maior frequência na região sul.

Quando as plantas são atingidas pelo cancro não há nenhuma alternativa para o produtor além da poda drástica. Esse processo consiste na eliminação dos galhos menores e das folhas, deixando apenas o tronco e os galhos principais, e na pulverização com cobre das plantas em um raio de 30m. Além disso, é necessário pintar o tronco com tinta branca ou cal para evitar queimaduras do sol.

Após a poda drástica, uma das formas de revitalizar o pomar é utilizar porta-enxertos: plantas que fornecem água e nutrientes para as laranjeiras e, também, fazem o papel de mediadores da adaptação da árvore às condições do solo, do clima e protege de doenças ou pragas que eventualmente possam atingir a plantação. Os porta-enxertos funcionam como um cordão umbilical que passa os nutrientes de uma planta à outra, tal qual a mãe passa as substâncias necessárias para o bebê. Assim como o sistema imunológico da mãe que protege o bebê de infecções, o porta-enxerto resiste às pragas e condições do solo, fortalecendo a árvore.


Nesse contexto, parte da árvore é cortada para que encaixe no porta-enxerto, que faz o papel da raíz, também cortado. A fenda entre os dois diferentes tipos de plantas permite que a seiva transpasse de um ao outro, levando nutrientes, água e sais minerais. O porta-enxerto pode influenciar em diversas características da planta cítrica, tais como a longevidade, a produtividade e a qualidade dos frutos.

Um artigo publicado na revista Pesquisa Agropecuária Tropical (Universidade Federal de Goiás) apresentou os resultados de uma pesquisa que buscou compreender os efeitos de seis tipos de porta-enxertos no crescimento, na produção e na qualidade das laranjas contaminadas com cancro cítrico. Os porta-enxertos foram feitos com árvores de outras frutas cítricas, como laranja Caipira, tangerina, limoeiros e pés de citrumelo e de citrange. O pomar onde foi realizada a pesquisa localiza-se na cidade de Butiá (RS), com o clima mais frio.

Nos primeiros anos da pesquisa, não foram encontradas diferenças de produtividade entre as plantas com cada tipo de porta-enxertos. Entretanto, após sete anos da poda drástica, as laranjeiras enxertadas com os limoeiros de tipos Cravo e Volkameriano e com uma árvore de tangerina Sunki demonstraram melhores resultados com, em média, menor queda de frutos antes da colheita e também os maiores frutos. Os enxertos em no citrangeiro Troyer, na laranjeira Caipira e no citrumeleiro Swingle não demonstraram grandes mudanças na planta. Os porta-enxertos não influenciaram no crescimento das laranjeiras, e a qualidade das frutas foi acima da média internacional.


Embora o cancro cítrico ocorra frequentemente, o uso de porta-enxertos mostra-se eficaz para a revitalização dos pomares, evitando grandes perdas e mantendo a laranja como a principal fruta produzida no país.

Reportagem: Carolina Escher, Maria Helena e Nicoli Saft
Infográficos: Bruna Dotto

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