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O tradutor de HQ’s e suas escolhas

Pesquisa compara traduções brasileira e francesa de quadrinhos e questiona modificações



No Brasil, as histórias em quadrinhos, ou HQs, contam com uma história mais longa que se possa imaginar: as primeiras publicações de desenhos e charges são datadas de 1837, mas foi somente no início do século XX que surgiu a primeira publicação editada nos moldes que conhecemos.

 

Produções de fora do país, no máximo, influenciavam a produção dos autores locais, com a popularização de personagens estrangeiros a partir de 1930.

 

Para que tal movimento tenha sido e ainda seja possível, a atuação do tradutor de quadrinhos é impreterível, visto que o trabalho não se resume à mera tradução dos textos que constam nos balões de diálogo, mas também à adequação aos contextos culturais envolvidos, às condições técnicas de apoio à tradução, e às características psicológicas a que o tradutor está exposto.

 

Foi a partir da percepção desse panorama que três pesquisadores do Rio Grande do Sul decidiram analisar a maneira como foram traduzidas duas clássicas histórias em quadrinhos: V de Vingança e Watchmen. O trabalho intitulado “Tradução de Histórias em Quadrinhos: A Intervenção do tradutor nos desenhos” foi publicada pelos estudantes de Letras Gustavo Arthur Matte (PUCRS), Fábio Augusto Ludwig (UFRGS) e Michel Machado Flores (UFRGS) na revista Alumni, da UNIABEU, no segundo semestre de 2014. Como objeto de estudo, os estudantes selecionaram as traduções de duas obras do autor inglês Alan Moore, V de Vingança e Watchmen, em parceria com David Loyd e Dave Gibbons.

 

Segundo a pesquisa, durante o processo de tradução da língua de partida para a de chegada, muitas vezes é preciso intervir no aspecto gráfico da história, como por exemplo na decisão de traduzir o conteúdo de placas de estabelecimentos, outdoors, jornais, muros pichados, todos pequenos detalhes que fazem referência à cultura do local onde a história é ambienteada.

 

Na análise das traduções brasileira e francesa, nos casos em que a tradução mostrou-se indispensável, viu-se que a nota de rodapé aparece sempre como a opção menos agressiva, causando uma interferência mínima no desenho do original e cumprindo muito bem seu papel de transmitir a mensagem. Já quando a interferência gráfica é necessária, ela sempre promove uma distorção no trabalho do desenhista, que, por sua vez, não pode ser desconsiderado como um autor da obra. O que mais chamou a atenção durante a pesquisa foi a observação da quase inexistência de tradução dos “textos desenhados” na edição francesa de V de Vingança. Para os autores, isso talvez seja um reflexo do comportamento do leitor francês, mais habituado ao idioma inglês, ou até mesmo por conta de uma decisão do tradutor em manter o original.

 

Reportagem: Mateus Martins de Albuquerque e William Boessio
Infográfico: Vitória Rorato

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