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Segurança alimentar

Grupo de pesquisa da UFSM estuda radiação não-ionizada em frutas



Você já ouviu falar em irradiação alimentar? Sabe como ela funciona? Possivelmente alguma vez na vida você já comeu algum alimento irradiado. Diferentemente do que a maioria pensa, a irradiação não é um processo prejudicial ao ser humano e nem ao alimento. Ela é uma aliada do consumidor, pois com ela existe maior segurança do alimento.

Mas, afinal, o que é um alimento irradiado?

A radiação na alimentação acontece de uma maneira simples. Alimentos recebem doses de raios gama, nucleares ou ultravioletas, através de processos ionizados ou não-ionizados. A radiação serve para esterilizar o alimento e estender a vida útil dele. Ela é utilizada com o objetivo de controlar a infestação de insetos, reduzir o número de microrganismos patogênicos ou deterioradores e atrasar ou eliminar processos biológicos naturais, como o amadurecimento ou germinação em alimentos frescos.

Desde a década de 1980, a irradiação de alimentos é recomendada por diversas instituições, como a Organização Mundial da Saúde. Mas o seu consumo ainda não é grande, devido ao medo da população a respeito dos alimentos irradiados. Muitos acreditam que a radiação deixa o alimento radioativo, o que não é verdade. Além disso, os produtos irradiados devem, por lei, apresentar em seus rótulos o símbolo internacional da irradiação de alimentos.

O processo de irradiação de alimentos em indústrias é relativamente simples. Porém ele ainda encontra certa resistência do consumidor, devido, principalmente, à falta de informação. Depois que os alimentos já estão embalados nas indústrias, eles são colocados em módulos de concreto, que irão descer por um elevador subterrâneo. Quando chegam ao final do elevador, os alimentos recebem uma dose de radiação. Cada alimento possui a sua dose e tempo de exposição à radiação. Depois de receber os raios gama, os alimentos voltam à superfície e seguem para a distribuição.

 

Desde o ano 2000, a professora do Departamento de Tecnologia em Alimentos, Cláudia Sautter, trabalha com a irradiação de alimentos não-ionizados através de raios ultravioletas. Quando o sol emite a radiação ultravioleta, os raios UVa, UVb E UVc são direcionados a nossa atmosfera. Porém, somente os raios UVa e UVb conseguem chegar até a superfície e contribuir para o crescimento e o funcionamento do metabolismo dos organismos vivos. Dessa forma, a professora, juntamente com colegas do seu grupo de pesquisa, realiza a incidência artificial de raios UVc em frutas já colhidas e prontas para o consumo. Através dos estudos, o grupo já conseguiu aumentar a concentração do composto resveratrol nos produtos como vinho e suco de uva.

 

A Revista Arco conversou com a professora Cláudia sobre o processo de irradiação nos alimentos

 

A radiação aumenta a vida útil de um alimento. Mas, por acrescentar algo que não era de sua natureza, ela não prejudica a saúde de quem consome?  

Não, é justamente o contrário. O problema é que muitos alimentos têm componentes que são patógenos, ou seja, que podem causar doenças. Nós podemos esterilizar o meio com uma radiação. No entanto, isso  é como dar um  tiro de um canhão em uma mosquinha. O ideal é aplicar no produto já processado e embalado, o que garante o tempo de vida dele. A radiação passa tão rápido, e elimina tão rápido o que está se multiplicando, como uma bactéria ou fungo, que esteriliza na hora.

No caso de condimentos, onde há uma alta probabilidade de se criar fungos, o problema são as toxinas que esses fungos podem produzir. Se o condimento for irradiado, vai eliminar todos os fungos, evitando que eles se proliferem e formem essas toxinas. Entretanto, a radiação não impede que uma toxina já pronta permaneça no alimento, já que isso também depende da qualidade do produto que você está comprando.

 

Por que a população evita os alimentos irradiados? 

Existe um grande mito de que um alimento irradiado passa a ser radioativo. Mas, na verdade, o que ocorre é que a fonte de energia nuclear passa pelo alimento, esteriliza, e ele volta ao seu estado. Ele não passa a emitir radiação por isso. Existem dois tipos de fontes de energias. A constante, como o césio e o urânio, e os equipamentos que emitem radiação, por exemplo, o raio x. Enquanto o equipamento estiver ligado com energia, ele emite a radiação, quando é desligado, ele interrompe. Enquanto está atravessando o produto, ele o está ionizando, fazendo todas as reações enquanto atravessa. A exposição dura poucos minutos. Depois disso, o processo acaba, e o alimento volta ao seu estado fundamental.

Professora Cláudia Satter

 

A recusa da população aos alimentos irradiados é resultado da falta de informação. Como melhorar isso?

Devia ser feita uma campanha de divulgação, por exemplo. Existe, inclusive, um símbolo específico para alimento irradiado, comprovando que ele é seguro. Para todo alimento que passar pela irradiação, é obrigatório a apresentação deste símbolo no rótulo. O problema é que as pessoas desconhecem o símbolo e se assustam. A solução é a campanha de divulgação.

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Quais tipos de alimentos podem ser irradiados?

Tecnicamente, todos. Mas o custo, às vezes, é muito grande. Existem várias barreiras que podem ser aplicadas aos alimentos para que não precise a irradiação. Os alimentos mais comuns são produtos cárneos, condimentos, leite. Uma das coisas que deve se tomar cuidado é o fato de se ter a dose adequada. Doses elevadas, além de você estar desperdiçando uma energia, você pode oxidar certos componentes. Cada alimento possui sua dosagem correta.

É comum utilizar a tecnologia da ionização no Brasil?

Não. A não-ionizante, por ser difícil encontrar a dose correta, é praticamente utilizada só em pesquisa. Já a ionizante é regulamentada e aplicada, mas em poucos lugares. A culpa não é do valor, já que é uma tecnologia barata.

Tabela comparativa do tempo de duração dos alimentos com e sem ionização

Reportagem: Andressa Foggiato e Jocéli Lima
Infográfico: Nicolle Sartor

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