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Bruxismo na infância

Pesquisadores relacionam a doença ao estresse e comportamento ansioso das crianças



O bruxismo noturno é o movimento de ranger os dentes que algumas pessoas acabam fazendo involuntariamente, em geral enquanto estão dormindo. O movimento repetitivo dos músculos da mastigação é uma condição involuntária, principalmente à noite. Os sintomas da doença devem servir de alerta especialmente para os pais.

O bruxismo infantil afeta seriamente a saúde da criança, já que desgasta os dentes, modifica a estrutura óssea da face e ainda pode causar o aumento da pressão craniana, o que pode desencadear uma série de problemas futuros. As pesquisas apontam o desenvolvimento da doença entre 6,5 e 40% das crianças, variando conforme o aumento da idade, tanto em meninos como em meninas.

Uma equipe de pesquisadores demonstrou, em estudo, uma associação entre o bruxismo diurno e a ocorrência de pesadelos e do hábito da criança falar enquanto dorme, além da associação entre bruxismo noturno e o perfil de comportamento ansioso ou agitado da criança. A pesquisa contou com a participação de 32 pais ou responsáveis por crianças atendidas na  Clínica de Odontologia Infantil do Curso de Odontologia do Centro Universitário Leão Sampaio, em Juazeiro do Norte, Ceará, e observou o perfil e o comportamento de crianças com idade entre 5 e 11 anos, na região.

O objetivo era detectar as características do sono associada à ocorrência de bruxismo. O bruxismo infantil noturno pode estar relacionado a uma série de fatores, entre eles: nutricionais, psicológicos, genéticos, neurológicos, ansiedade e alergias. Na pesquisa, foram observados aspectos de comportamentos de algumas crianças, como agressividade, hostilidade e perfeccionismo. Além destes, maus hábitos na primeira infância, como morder objetos e  período de aleitamento prolongado, podem contribuir com o desenvolvimento dessa doença.

No caso do bruxismo diurno, os pesquisadores foram capazes de reconhecer padrões de comportamento que ligam o desenvolvimento da doença a ocorrência de pesadelos e ao fato da criança falar enquanto dormia. Além disso, o bruxismo é até duas vezes mais comum em crianças que babam, o que pode ser explicado como sendo uma resposta provisória do organismo para lubrificar o esôfago e a cavidade oral durante a parafunção, fazendo com que a criança babe enquanto range os dentes, explica a pesquisa.

“No presente estudo, embora não tenha sido verificada uma associação estatisticamente significativa entre o ato de babar enquanto dorme e a presença de bruxismo, foi identificado que mais da metade dos participantes babavam enquanto dormiam, sendo essa condição a mais relatada dentre os indícios que podem associar-se ao bruxismo. Depois da sialorréia, a condição mais frequente foi o hábito de falar enquanto dorme, sendo habitual em metade das crianças estudadas, seguida pelos pesadelos que pôde ser observado em 11 participantes da pesquisa”, explicam os estudiosos.

Os pesquisadores também analisaram outros elementos, relacionados à qualidade do sono dos pequenos. Entre eles, destacam-se a posição de dormir, o uso de travesseiros, a ocorrência de pesadelos, babar enquanto dormem, dor de ouvido, dor de cabeça, falar enquanto dormem, exercícios físicos e acordar à noite, ansioso ou agitado.

Entre os pesquisados, a incidência de bruxismo foi superior aos dados nacionais, chegando a 52% dos casos. No total, 18,8% dos casos de bruxismo ocorriam durante o dia, e 34,4% foram observados durante o período noturno – levado em conta o tempo de sono de cada criança.

 

A condição do tempo de sono das crianças também foi fator para a análise. Quanto menor o tempo de sono de cada criança, maiores as chances de ela desenvolver o bruxismo. Distúrbios emocionais e tensão, também desencadeiam a patologia.

 

Como consequências, “[percebemos] a associação do bruxismo infantil com fatores como mudanças na dentição, alterações oclusais, distúrbios do sono, bem como com os níveis de estresse. Crianças com distúrbios psicológicos apresentam maior risco de desenvolver essa parafunção”, explicam os pesquisadores.

 

O bruxismo é uma condição comum na infância, geralmente acompanhado de algum indicador sistêmico. Mas o indicador mais importante para o diagnóstico ainda é o desgaste dos dentes. Além disso, dores de cabeça ou nos músculos da face, problemas na articulação mandibular, mordida cruzada e assimetria da face também podem estar as­sociados à doença.

 

Os pesquisadores destacam que o número reduzidos de estudos sobre o assunto é um complicador do diagnóstico. Para eles, os médicos e dentistas, especialmente os odontopediatras, devem estar preparados para saber identificar a doença, e tratá-la corretamente.

 

“O reconhecimento da presença de bruxismo na criança, bem como a identificação dos fatores determinantes de sua ocorrência é essencial para a elaboração de propostas de tratamento e políticas de prevenção em saúde pública voltadas para a população infantil”, afirmam.

Reportagem: Franciele Campestrini
Infográfico: Nicolle Sartor

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