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Cinema de um homem só

O cineasta brasileiro, Gustavo Spolidoro, vem à UFSM para contar sua experiência em audiovisual



 

O cineasta Gustavo Spolidoro é convidado do 4º Forum de Arte, Cinema e Audiovisual da UFSM

 

“Todo mundo tem uma câmera no bolso. Todo mundo pode ser um cineasta.”. É o que defende o cineasta porto-alegrense Gustavo Spolidoro, um dos convidados para a Mesa Produção Audiovisual do 4º Fórum de Arte, Cinema e Audiovisual, realizado pelo Centro de Artes e Letras (CAL) da UFSM.

 

Spolidoro faz parte da geração de cineastas que surgiu na metade dos anos 90 em Porto Alegre. Publicitário por formação, seu interesse pelo universo do cinema surgiu quando era jovem: “No meu caso, meu pai me fazia entender como as coisas funcionavam, e depois assisti a filmes que me interessaram. No segundo grau, vi o filme “Classe Operária vai ao paraíso” (dir. Elio Petri,1971), e me fez refletir sobre o futuro”, conta. Na década de 90, o cineasta fez um curso chamado “Cinema 93”, passou a escrever seus primeiros roteiros e começou a pensar nisso como profissão. Seu primeiro projeto foi Velinhas (1998) pelo qual foi premiado como Melhor Direção em Gramado e Melhor Direção e Melhor Filme em Brasília. “Eu vi que estava fazendo uma coisa bacana que chamou a atenção e a partir dali eu continuei fazendo filmes”, explica.

 

Após isso, Spolidoro começou a trabalhar no projeto Outros (2000), um curta-metragem gravado em plano sequência (registro de uma ação em sequência sem cortes). Retomou o mesmo método de gravação mais tarde, em 2007, para executar o ambicioso projeto de longa-metragem chamado Ainda Orangotangos, com duração de 82 minutos, sem cortes na filmagem. Para a produção do longa, o cineasta teve que envolver a polícia, o transporte de trensurb de Porto Alegre, agentes de trânsito, mercado público, entre outras locações pela capital. Ao todo foram 80 pessoas trabalhando, incluindo os atores e a equipe, que tiveram que gravar seis vezes, para somente a segunda gravação, que não continha erros, ser utilizada. Contudo, mesmo depois de 10 anos das filmagens ainda não há previsão para o lançamento em DVD.

 

Atualmente, Spolidoro leciona na instituição em que se formou, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), e também atua como coordenador de curadoria do CineEsquemaNovo, festival de cinema de Porto Alegre. Na área acadêmica, tratou em sua dissertação de mestrado “O Cineasta Errante: Caminhos e Encontros na Realização de um Filme de um Homem Só”, a filmagem de um documentário sobre o Carnaval de Porto Alegre de 2011, em que ele fez tudo sozinho. Para Spolidoro, muitas pessoas trabalham e trabalharam sozinhas apesar dos investimentos e todos possuem potencial para serem cineastas. Além disso, ninguém deve pensar que o cinema é sempre a mesma coisa, pois todos têm a liberdade para fazer o que desejarem, tendo a câmera nas mãos. “Alguns usam a câmera na vertical, como nas redes sociais, e outros pensam de forma diferente, é um uso diferenciado dessa câmera”, argumenta.

 

Para as gravações, Spolidoro prefere pequenos grupos para trabalhar na produção, entre 5 a 7 pessoas. “Em longas profissionais é preciso trabalhar com mais pessoas, mas mesmo assim meu mais, é bem menos do que a maioria dos filmes. Não gosto de trabalhar com pessoas que não tem envolvimento artístico na obra”, menciona. O cineasta conta com premiações, editais como do DOC TV e do Ministério da Cultura, para arrecadar dinheiro para a produção dos filmes. “Nos meus primeiros curtas eu fazia rifa, fazia festa, pedia dinheiro aqui, apoio ali, sempre conseguia”, recorda. Contudo, também ocorrem contratações, como no caso de “Gigante – Como o Inter conquistou o mundo” (2007), em que ele foi contratado pelo clube para produzir um material audiovisual.

O cineasta vê que a cidade de Santa Maria sempre teve uma produção audiovisual razoável, e seria mais interessante caso tivesse na Universidade formas de viabilizar isso. Para ele, hoje as pessoas de baixa renda têm mais acesso a estudar Cinema do que antes: “Os cursos de cinema, em geral, nas faculdades particulares começaram a abrir mais espaço com o surgimento do ProUni, a implementação do FIES, e isso democratizou mais”. A implementação do curso dentro da instituição pública poderia fazer com que os cineclubes e festivais de cinema, que se perderam ao longo do tempo, fossem retomados na cidade.

 

O 4º Fórum de Arte, Cinema e Audiovisual conta com a presença de Gustavo Spolidoro e Léo Roat que irão debater assuntos relacionados ao cenário atual do cinema. Desde a importância da formação acadêmica para produção audiovisual, até as questões sobre investimentos, produção independente e espaços de exibição de filmes. “Nossa expectativa com os palestrantes é de um diálogo muito importante para a produção audiovisual de Santa Maria. O Spolidoro produz há quase 20 anos, é um cineasta muito premiado, tanto com curtas-metragens, quanto com longas”, diz Marcos Borba, da TV Ovo, que media a Mesa Produção Audiovisual. O evento acontece na terça-feira, dia 19 de abril, às 14h, na sala 1203 do prédio 40 (CAL).

 

Repórter: Júlia Goulart

Fotografia: arquivos pessoais do entrevistado

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