Estou na Universidade Federal de Santa Maria, atuando como servidor técnico-administrativo, desde 1º de janeiro de 1981, sempre como locutor e produtor de programas da Rádio Universidade. Mas entrei antes, em outubro de 1979, como aluno bolsista. São 35 anos dedicados à UFSM.
Lembro-me de que entrei numa das vagas de bolsa acadêmica pra locutor da Rádio Universidade. Eu circulava pelo campus, quando fazia o curso de Geografia, primeira turma, ingresso em 1977, momento em que fui convidado para uma vaga na emissora, pois já atuava em rádio desde 1975, em Faxinal do Soturno. Foi também naqueles primeiros anos que fui convidado pela então diretora do Planetário, professora Raquel Mariano da Rocha Bandeira de Melo, a ser um dos locutores dos seus programas especiais.
A Rádio Universidade, naquele ano, funcionava nos altos do prédio da antiga Reitoria da UFSM, na rua Floriano Peixoto, 1184. No terraço do prédio existiam as estruturas de alvenaria onde operavam os estúdios da emissora, a redação e a sala de direção. Mais tarde, a Rádio Universidade foi transferida para o campus, onde estamos até hoje, no décimo andar do prédio da Reitoria.
Mas foi em junho de 1981 que criei um programa chamado Faces do Brasil, na forma de documentário narrado, com uso de trilha sonora. Esse programa apresentava tudo sobre nosso país. Mais tarde, ampliei o leque de assuntos, mudando o nome para Informe Cultural, o qual ainda permanece no ar. Agora, em 2015, completa 34 anos. Como é apresentado de segunda a sexta-feira, já foram ao ar em torno de 8.500 programas.
Tenho, em meus arquivos de áudio, centenas de documentos sonoros sobre a história da UFSM, desde o pronunciamento do reitor Mariano da Rocha, fundador da instituição, e o do presidente Juscelino Kubitschek, no ato da assinatura da Lei 3.834-C, de criação da instituição, no Palácio das Esmeraldas, em Goiás, em 14 de dezembro de 1960. Acredito que esta é uma das funções da Rádio Universidade: o registro sonoro da história da instituição.
Ao longo do meu tempo de UFSM, permaneci por 27 anos atuando em cargos de chefia, mas nunca deixando o microfone de lado. Juntamente com meus colegas, empreendemos coberturas jornalísticas das mais diversas. Uma delas se refere aos vestibulares. Desde que entrei na emissora, sempre participei das equipes de cobertura, divulgando o concurso seletivo, seus gabaritos e os famosos listões dos aprovados. Esse é um momento especial. A ansiedade dos candidatos e pais é algo impressionante. Ouvir a aprovação do seu nome pelo rádio é sempre uma tensão emocional muito grande, mas, depois, motivo de festa. Para aqueles que não foram aprovados, muita dor e angústia. Nós, locutores de listão, passamos também por esta angústia e por esta festa, pois é através de nossas vozes que tudo isso acontece.
*Roberto Montagner é Diretor de Programa da Rádio Universidade
**Texto publicado originalmente na quinta edição da revista Arco e republicado em razão dos 60 anos da UFSM