Há 49 anos chegava aos lares da população central do Rio Grande do Sul um novo veículo de informação: a Rádio Universidade de Santa Maria. Emissora pública da UFSM, atualmente opera na frequência dos 800 AM e leva a seus ouvintes mais de 60 programas de caráter jornalístico, cultural, institucional, esportivo, acadêmico e também produções externas. Além dos 170 municípios que suas transmissões abrangem, também é possível acompanhar a programação pelo site da emissora.
Imediatismo, vasta abrangência e baixo custo. Essas são algumas das características que fazem com que, pelo rádio, a informação possa ser levada a populações de diferentes regiões. Guiada por esses fatores, a Rádio Universidade AM conta, atualmente, com sete projetos, que buscam dar visibilidade a assuntos que não têm muito destaque na mídia hegemônica. Os programas abordam questões sociais e divulgam ações de grupos desfavorecidos. Assim buscam debater e analisar esses temas por outro viés, que não o tradicional.
Afroriente
Pertencente ao projeto de extensão Repensando a África e o Oriente Médio, idealizado pelo Grupo de Estudos em Capacidade Estatal, Segurança e Defesa (Gecap) e coordenado pelo professor Igor Castellano da Silva, Afroriente traz para a rádio discussões sobre África e Oriente Médio. Produzido atualmente por sete acadêmicos do curso de Relações Internacionais, o programa busca divulgar músicas e biografias de artistas desses locais, trazer entrevistados que residem em Santa Maria para falarem sobre seus países, além de divulgar filmes e acontecimentos da cidade que tenham ligação com as regiões.
Bruna Troitinho, uma das criadoras do programa, explica que a ideia inicial era trazer para o público aquilo que era estudado no Gecap. Afroriente estreou em agosto de 2016, e busca mostrar a história e os costumes destes locais que anseiam por representação. O grupo procura também trazer o tema para a realidade local, uma vez que Santa Maria é uma cidade que recebe muitos imigrantes. “Tentamos dar voz a essas comunidades que estão vivendo aqui na cidade, mas que não são tão representadas”, afirma Bruna. Quando não conseguem falar o idioma, os apresentadores colocam músicas de artistas locais, como forma de manter o diálogo.
O programa vai ao ar às terças-feiras, das 15h05 às 16h.
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Conexão Alternativa
O Pré-Universitário Popular Alternativa é um projeto de extensão que atua na preparação de alunos que almejam ingressar no ensino superior. As aulas são ministradas por acadêmicos de diferentes cursos da UFSM e voltadas a alunos com baixas condições socioeconômicas. Vinculado a esse projeto está o programa Conexão Alternativa, que debate assuntos voltados à educação e cultura.
O programa é produzido por dois acadêmicos de Jornalismo e dividido em quadros. Há espaço dedicado a notícias sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um quadro de atualidades e assuntos voltados à educação, músicas que tenham relevância na cultura brasileira e uma entrevista com um convidado para debater questões relacionadas ao ensino. “O programa também é uma das ferramentas do cursinho. Buscamos auxiliar quem está se preparando para entrar na universidade”, ressalta o apresentador João Inácio Vargas, acadêmico de Jornalismo. Nas semanas que antecedem o Enem, o programa se volta para dicas sobre diversos aspectos para a prova.
O Conexão está na grade de programação desde março de 2015 e vai ao ar todas as quartas-feiras, das 15h05 às 16h.
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De Perto Ninguém é Normal
No ar desde o ano de 1999, o programa De Perto Ninguém é Normal foi criado pelo Serviço de Atenção Integral à Saúde Mental (SAISM), do curso de Psicologia da UFSM. Surgido no Setor Psiquiátrico do Hospital Universitário, o projeto conta com a participação de pessoas em recuperação terapêutica e desempenha papel importante no tratamento e na comunicação dos pacientes com a sociedade.
Atualmente o projeto é uma parceria da Universidade com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Prado Veppo, da Prefeitura Municipal de Santa Maria. Os CAPS são instituições brasileiras que buscam substituir os hospitais psiquiátricos e os métodos de tratamento terapêuticos.
O nome do programa foi inspirado pela frase do dramaturgo Nelson Rodrigues: “se olhar, de perto ninguém é normal”.
O programa vai ao ar às segundas-feiras, das 17h05 às 18h.
Gritos do Silêncio
O desejo de se aproximar das pessoas e conhecer diferentes histórias motivou as acadêmicas de Jornalismo Caline Gambin e Mayara Souto a criarem um programa de extensão voltado aos movimentos sociais. O Gritos do Silêncio é uma oposição à mídia hegemônica e busca dar voz às diferentes minorias existentes em nossa sociedade. No ar desde novembro de 2015, hoje o programa é feito por 14 acadêmicos de Comunicação Social.
“Acredito que a rádio em si aproxima as pessoas, porque ela fala diretamente com o ouvinte e fala sobre o ouvinte”, destaca Caline. Para ela, é muito importante mostrar estas realidades para a sociedade, pois nem sempre estes grupos têm visibilidade na mídia. O programa contém reportagens, enquete, entrevista com especialistas e pessoas afetadas pelo tema e músicas que tratam do assunto abordado. Alguns dos temas debatidos são: saneamento básico, transporte público, machismo, depressão, comunidade LGBT e racismo.
O projeto agora também está em expansão para outras mídias, por meio de vídeos no Youtube, posts no Facebook e reportagens no Medium. O Gritos do Silêncio é apresentado às quartas-feiras, das 13h10 às 14h.
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Magazine
Quando a Rádio Universidade AM ingressou no Radiotube, uma rede de cidadania e divulgação de conteúdos de rádio online, Milton Oliveira, programador de rádio e TV, viu uma oportunidade de debater os temas que o Radiotube trabalha. Em outubro de 2014, criou o Magazine, programa voltado à cidadania, que aborda sustentabilidade, direitos humanos, inclusão e ciência. Atualmente há diversos colaboradores e parceiros, além de divulgar entidades e projetos sociais.
O Magazine contém um quadro chamado Editoria S, que diariamente traz conteúdos referentes à sustentabilidade, como dicas sobre lixo, consumo e tratamento de água e recomendações de livros. Esse quadro também vai ao ar no programa Editoria 292, da Rádio Universidade. Além disso, há um quadro de ciência, produzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e outro referente aos direitos humanos. Quadros musicais também integram o Magazine, entretanto, “a escolha musical é sempre voltada para ‘a comunicação do bem’, que também é o slogan do programa”. Para Milton, é mais relevante divulgar cantores que estão em início de carreira e precisam de apoio.
Alguns quadros do Magazine originaram outros programas, como o Talento em Destaque e The Sounds Of Good. Além disso, o quadro A Canção do Dia atualmente é veiculado por uma emissora do sul de Santa Catarina.
O Magazine vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 20h às 21h.
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Protagonismo Negro
Numa Universidade majoritariamente branca, o Protagonismo Negro se insere como um espaço de resistência e valorização. Formado por quatro estudantes, o programa debate somente temáticas voltadas à população negra, com convidados e músicas de artistas negros. Além de discutir questões sociais, o veículo também é usado para divulgar pesquisas e projetos referentes ao tema.
Criado em outubro de 2015, o programa valoriza a negritude e problematiza questões como racismo, além de trazer a vivência de pessoas negras dentro da Universidade. “Como na UFSM os trabalhos e temáticas são predominantemente voltados para a branquitude, ter um espaço totalmente preto, com mulheres negras apresentando, com entrevistados negros, para falar de temáticas que sejam pertinentes a nossa população é muito importante”, afirma a apresentadora Leandra Cunha.
O Protagonismo Negro vai ao ar as terças-feiras, das 13h10 às 14h.
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Social em Questão
Idealizado pela coordenadora do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Serviço Social, Mídia, Cultura e Questão Social, professora Eliana Cogoy e pela acadêmica Jéssica Degrandi, do curso de Serviço Social, o projeto começou em maio de 2015. Visando divulgar as ações dos núcleos de Serviço Social, atualmente têm sido um programa de ampla participação social, que traz diferentes frentes de defesa dos direitos humanos. Social em Questão é um espaço de luta, resistência e divulgação de grupos sociais e projetos.
Para a apresentadora Zaida Castro, um dos maiores compromissos do programa é dar uma informação clara e correta: “Temos que sair dessa bolha de produzir apenas para os nossos semelhantes. Ultrapassar este arco, sair da nossa Universidade e fazer este papel social da Universidade, que é levar as informações para a comunidade”. Para ela, a rádio é pública e feita para isso.
Hoje a equipe do programa é composta por sete integrantes. Social em Questão vai ao ar às segundas-feiras, no horário das 13h10 às 14h.
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Reportagem: Melissa Konzen, acadêmica de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Maurício Dias
Foto: Protagonismo Negro/Divulgação