Reportagem e redação: Gabriele Mendes
Foto: Grupo Zelo
Fundado em 2021 pelas protetoras independentes Camila Willemberg, Natália Ilnicki e Bruna Monteiro, o Brechocão é um projeto sem fins lucrativos que une moda sustentável e causa animal. Atualmente, o grupo conta com 10 voluntárias atuantes e mantém um abrigo privado que acolhe cães e gatos resgatados de situações de rua e maus-tratos. Todas as despesas, como alimentação, medicação e aluguel do espaço, são sustentadas exclusivamente pelas vendas do brechó e pelas doações da comunidade.
As peças vendidas custam entre R$ 5,00 e R$ 30,00, e o valor arrecadado é revertido integralmente para a manutenção do projeto. Além dos resgates, o Brechocão também realiza ações solidárias em comunidades carentes, com castrações e doação de ração.
Camila Willemberg, uma das fundadoras do Brechocão, conta como o trabalho começou e de que forma a iniciativa tem transformado vidas humanas e animais. Confira a entrevista:
BERGAMOTA – O que é o Brechocão?
CAMILA – O Brechocão é um projeto sem fins lucrativos voltado ao resgate de animais em situação de maus-tratos e vulnerabilidade. Trabalhamos com moda sustentável, causa animal e meio ambiente. Mantemos um abrigo privado, sem subsídios, que se sustenta apenas com as vendas do brechó e com a ajuda da sociedade e de simpatizantes da causa.
BERGAMOTA – Como e quando surgiu o projeto?
CAMILA – O Brechocão nasceu em 2021, a partir da união de duas protetoras independentes, eu e a Natália Ilnicki. Foi uma aliança de resgate mútuo entre nós, que já atuávamos de forma individual na cidade.
BERGAMOTA – Qual foi a motivação inicial para criar o Brechocão?
CAMILA – A motivação veio da falta de espaço físico em nossas casas para abrigar os animais resgatados. A demanda só crescia, então decidimos alugar um espaço próprio e unir isso à ideia da moda sustentável, criando um local fixo. No início, o brechó era itinerante, às vezes, até dentro da minha casa, mas as doações aumentaram tanto que não tínhamos mais onde guardar.
BERGAMOTA – Como funciona o brechó na prática? De onde vêm as peças e para onde vai o dinheiro arrecadado?
CAMILA – O brechó é totalmente solidário. As peças vêm de doações de seguidores, voluntários e simpatizantes. Todo o valor arrecadado é usado para manter as despesas mensais do abrigo: aluguel, água, luz, câmeras de segurança, ração, medicação, atendimentos veterinários e todas as outras necessidades do projeto.
BERGAMOTA – Que tipos de produtos costumam ser vendidos?
CAMILA – De tudo um pouco! Vendemos móveis, roupas, sapatos, brinquedos, itens de bazar, tudo o que possa ser reaproveitado e gerar recursos para o projeto. As peças costumam ter valores acessíveis, entre R$ 5,00 e R$ 30,00, o que também atrai o público e incentiva o consumo consciente.
BERGAMOTA – As pessoas podem doar roupas e objetos? Como é feita essa triagem?
CAMILA – Sim, toda doação é bem-vinda. Os produtos são avaliados e separados entre o brechó presencial, o brechó online, as lives de vendas e a loja no Instagram. Aqueles itens que não estão em boas condições para venda são reaproveitados de outras formas: uma de nossas voluntárias monta kits com lingeries e meias e os distribui para recicladores, moradores de rua e crianças em situação de extrema pobreza. Nada é desperdiçado.
BERGAMOTA – De que forma o Brechocão ajuda os animais de Santa Maria?
CAMILA – Ajudamos resgatando animais de rua, oferecendo reabilitação, castração e promovendo adoções responsáveis. Também atuamos em comunidades carentes, levando ração, medicação e, quando possível, custeando castrações de animais de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. Além disso, o brechó contribui com o meio ambiente ao incentivar a moda circular e o consumo consciente, evitando que mais resíduos cheguem aos aterros sanitários.
BERGAMOTA – O projeto têm parceria com alguma ONG da cidade?
CAMILA – Não. O Brechocão é um projeto independente, mantido de forma autônoma. Nosso abrigo é privado e não recebe animais de fora. Não fazemos lar temporário nem hospedagem — todo o trabalho é voltado aos resgates do próprio projeto, sem fins lucrativos.
BERGAMOTA – Você tem uma ideia de quantos animais já foram beneficiados com o trabalho do projeto?
CAMILA – Acredito que, ao longo desses quatro anos, mais de 500 vidas já foram transformadas. Atualmente, cuidamos de 32 cães no abrigo do Brechocão, 11 na casa da Natália, 8 na casa da Bruna, 27 na minha casa e 14 gatos. Todos resgatados e mantidos com muito esforço e amor.
Para conhecer mais sobre as ações do projeto ou contribuir com doações, basta acessar o Instagram @brechocao.2022, onde também são divulgadas as campanhas de adoção, as lives de vendas e outras formas de ajudar.