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É possível que animais resgatados recomecem após anos de cativeiro?

No São Braz, atualmente um zoológico diferente da maioria, animais resgatados ganham uma nova vida.



Reportagem e redação: Nadine Guarize

Fotos: Jessica Mocellin

Entre papagaios, araras, macacos, diversos pavões, e até um urso, o Zoológico São Braz desdobra-se para dar uma vida digna a bichos maltratados pela mão humana. No interior de Santa Maria, isolado dos barulhos da cidade, o local funciona sem a ajuda do Governo ou da Prefeitura, contando apenas com doações e com o apadrinhamento, iniciativa que funciona para ajudar ou custear totalmente a alimentação de algum animal ou setor.

Desde 1967, a Lei nº 5.197 proíbe o tráfico de animais selvagens no território nacional, frisando a condenação por caça, apanhamento e o comércio de espécimes da fauna silvestre. Apesar de quase 60 anos da formulação dessa lei, a realidade ainda está longe de livrar os animais desse tipo de maus-tratos. E como uma luz de esperança pela causa animal, o Zoológico São Braz existe há 20 anos para ajudar tanto na recuperação quanto como um santuário para animais resgatados.

Monumento da Liberdade, gaiolas em que os animais estavam quando foram resgatados.

 

A história se iniciou em 1995, com um desejo do dono, Santos Braz, de dar moradia temporária a animais vítimas do tráfico, circo, atropelamento, entre outros. “A ideia sempre foi o recebimento, a reabilitação e a soltura. Nunca que os animais ficariam de forma permanente em cativeiro”, conta Silvia Machado da Silva, gerente do zoológico. 

Entre dezenas de espécies, existem animais machucados demais ou que já estão há tanto tempo presos que se torna inviável sua reabilitação na natureza. É o caso do urso pardo Charles, que foi resgatado em 2009, quando a Lei Ordinária nº 12.994/2008 entrou em vigor proibindo a utilização de animais em circos. O circo em que ele estava lucrava com seus truques, mas a realidade era bem mais cruel do que parece. Charles era colocado em cima de uma chapa quente e sua agonia queimando era a famosa “dança” que atraía tantos espectadores.

Há um continente de distância do seu habitat natural, e há mais de 20 anos longe da natureza, Charles tem se habituado ao seu cantinho no São Braz, com direito a piscina e uma cama de feno. Ele nunca mais poderá ser solto, mas terá um final de vida digno e com o máximo de cuidado possível no zoológico.

Urso pardo Charles

Por que zoológico?

Quando imaginamos um zoológico, logo vem à mente animais exóticos sendo exibidos por puro entretenimento, crianças jogando amendoim para macacos, ou até puxando seus rabos. Infelizmente, lugares assim ainda existem, mas o São Braz não é um deles. 

Começando como criadouro conservacionista, tendo mais tarde se tornado mantenedouro, o termo zoológico só foi adotado pelo São Braz devido a sua grande variedade de espécies. “Como mantenedouro é mais limitado em um sentido geral, tanto de visitações, quanto administrativo,a gente virou zoológico justamente porque a gente ultrapassa a capacidade que é permitida em mantenedouros […]”.

Pensando principalmente na conscientização da causa animal, as visitações ao São Braz, feitas principalmente por escolas da região, contam com guias e plaquinhas explicando sobre cada espécie e o seu risco de extinção.

No dia da nossa visita, a chácara estava cheia de crianças entre 4 e 6 anos, observando os pavões, que exibem suas grandes caudas devido à época de reprodução.

“[...] mais de 5 mil animais que retornaram ao lugar que nunca deviam ter saído, que é a natureza”

“Ele é do mato que tem aqui perto, vem visitar só”, nos conta Silvia, quando perguntamos sobre um macaco que estava solto entre as árvores. Ela explica que por estarem tão perto de uma área de mata nativa e com muitos animais, eles vêm visitar durante o dia.

Os animais chegam ao zoológico por meio dos órgãos fiscalizadores do estado, seja por denúncias, resgate ou atropelamento, e lá passam por uma triagem. A maioria consegue passar por uma reabilitação e soltura.“O monumento das gaiolas representa os mais de 5 mil animais que retornaram ao lugar de que nunca deveriam ter saído, que é a natureza”, conta Silvia.

Apesar dos mais de 600 animais, apenas 12 pessoas trabalham atualmente no São Braz, entre elas médicos veterinários, zootecnistas, biólogos e outros. O que gera uma sobrecarga desses profissionais que se desdobram para conseguir garantir uma vida digna aos animais. 

Apesar de tanta dificuldade, sem qualquer auxílio governamental, o local se mantém há 20 anos com a ajuda da sociedade, as visitas escolares e principalmente pelo amor à causa animal e pela esperança de recomeços.

“O São Braz significa para nós amor, cuidado, compaixão! O São Braz é vida para esses animais que de alguma forma acabaram parando aqui sem ter uma oportunidade, e a gente tenta aqui dar pra eles um recomeço”, expressa a gerente Silvia.

Durante o período de reprodução, os pavões machos exibem suas exuberantes caudas para atrair as fêmeas.

Quer ajudar o São Braz?

Entre em contato com os números:

(55) 99967-7707 – Número oficial do local

(55) 99138-0000 – Número da gerente Silvia Machado da Silva

Algumas formas de ajudá-los é o apadrinhamento de animais ou setores, no qual se custeia uma parte ou totalmente a alimentação. Além de doações e a visita ao local.

Se visitá-los, não esqueça de fotografar e marcar o instagram @zoosaobraz, a divulgação desse lindo trabalho de cuidado é essencial!

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