“Neste ano, a ANPUH Brasil realizou a décima edição do Prêmio de Teses Manoel Salgado Guimarães. A edição 2025 foi a mais concorrida de todas, com 24 teses inscritas por programas de pós-graduação de todas as regiões do país. Esse volume mobilizou cerca de 50 pareceristas, de diversas universidades e programas, que avaliaram os trabalhos inscritos observando critérios como problema apresentado; se a tese traz questões e problematizações originais para o tema e a área; se, do ponto de vista da escrita, está bem estruturada e em estilo adequado; se a relação entre teoria e empiria está equilibrada, de modo a dialogar com os principais referenciais teóricos da área e as discussões mais atualizadas, sem perder de vista as implicações metodológicas e o uso das fontes a partir do referencial teórico adotado. Com base nesses critérios, a atribuição de notas variou de 7,0 a 10,0, sendo que às teses que obtiveram notas entre 7,0 e 8,0 foi atribuído o conceito BOM; as teses com notas de 8,1 a 9,0 obtiveram o conceito MUITO BOM; e entre 9,1 e 10,0, o conceito EXCELENTE. Deste modo, a partir de avaliações realizadas por meio da modalidade “duplo cego”, a tese vencedora obteve a nota 9,75 recebendo o conceito EXCELENTE.

A ANPUH Brasil agradece imensamente a participação de todos(as) os(as) pareceristas e o seu compromisso durante todo o processo de avalição. Sem esses e essas colegas, o Prêmio Teses 2025 não seria possível.

Ante o exposto, a ANPUH Brasil tem a honra de comunicar a todas as pessoas associadas e à comunidade historiadora em geral, o resultado do 10º Prêmio de Teses Manoel Salgado Guimarães.

TESE VENCEDORA:

Título: Negros laços: trajetórias coletivas das famílias dos nascidos de ventre livre no pós-abolição (Santa Maria/RS, 1871-1941)

Autora: Franciele Rocha de Oliveira

Orientador: Luís Augusto Ebling Farinatti

Programa e Universidade: Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.

Resumo: Este trabalho constitui-se enquanto um estudo das famílias negras no pós-Abolição no Sul do Brasil e abarca a análise das experiências de Nascidos de Ventre Livre na cidade de Santa Maria da Boca do Monte, localizada na região central do Rio Grande do Sul. Trata das experiências de crianças filhas de mães escravizadas, nascidas entre os anos 1871 e 1888 na referida cidade e batizadas pela Igreja Católica, cujas vivências foram impactadas pela Lei nº 2.040, de 28 de setembro de 1871. Apresenta uma análise das condições de vida destas crianças e das famílias que elas passaram a constituir no pós-Abolição, entre os anos 1890 e 1941, por meio de casamentos civis e religiosos e da constituição de enlaces familiares diversos, por esta pesquisa analisados. O trabalho utiliza como aporte teórico-metodológico a micro-história e o método onomástico, ou a pesquisa centrada nos nomes, localizados em diferentes fontes e contextos para o traçado de trajetórias coletivas, relações sociais e genealogias, combinando o uso da história serial, que permitiram observar padrões, incongruências e singularidades de experiências coletivas e geracionais entre a escravidão e a liberdade. Foram localizadas 532 crianças Nascidas de Ventre Livre, das quais 89, ou 17% das crianças, batizadas e sobreviventes à vida adulta foram encontradas, quando passaram a constituir famílias próprias, através da análise dos registros civis-cartoriais e paroquiais diversos. Fontes orais também foram utilizadas, através da História Oral como método para reconstituição das famílias negras, de suas relações e de suas memórias da escravidão e da liberdade. Assim, foram entrevistados netos e netas dos nascidos de Ventre Livre cujos batismos e casamentos foram localizados. Os resultados desta pesquisa apontam conclusões originais acerca do estudo das famílias negras no pós-Abolição, apresentando reflexões sobre suas plurais organizações familiares e de seus parentescos encontrados, suas formas de nomear, herdar e legar, morar e habitar e, principalmente, casar-se.

Palavras-chave: Pós-Abolição. Ventre Livre. Famílias Negras. Santa Maria. Rio Grande do Sul.

Parabéns à Franciele, ao seu orientador e ao PPGH da UFSM!”