132º SEMINÁRIO DE ESTUDOS AVANÇADOS

Título: Estudos Espaciais – O abandono dos campos.
Palestrante: Prof. Dr. Régis Augustus Bars Closel.

Mais informações: https://drive.google.com/file/d/1Df0JOugD2uTA9iFJ4e9FlB_ZV908ts4s/view?usp=sharing

Ementa: Qual seria o papel desempenhado pelo espaço onde ocorre uma trama de uma tragédia ou por onde se desenrola o enredo de uma comédia? Ele poderia ser trocado por outro nome qualquer com a mesma história se desenvolvendo? Aspectos geográficos em um texto são neutros? Esta oficina lança luz na dimensão espacial da literatura, enfatizando que o local, o cenário ou o ambiente onde uma ação se desenvolve nunca é neutro, pois cada nome traz em si uma variedade de informações compartilhadas por muitas pessoas. Em paralelo àquilo que é dividido, existem memórias e experiências únicas para cada pessoa que transita, habita ou trabalha em uma mesma localidade. Muitas vezes, as concepções ou percepções de cada um não se harmonizam e conflitos se instalam. Em outros casos, as dinâmicas sociais se alteram, redesenhando os arredores e seus costumes forçando adaptações, enquanto, em outras situações, se mudam as regras sem que o panorama visual se altere. Experiências e memórias mudam de acordo com o espaço e cada registro artístico traz consigo uma variedade delas. Em um romance ou em uma peça de trato, a variedade de personagens pode levar a uma multiplicidade potencialmente conflituosa e deste último emerge a faísca que conduzirá a ação. No início do século XVI, na Inglaterra e em grande parte da Europa, a relação com o ambiente natural começou a mudar, assim como tomavam novas formas as noções envolvendo o mundo cósmico, náutico, filosófico, agrário, científico entre tantos outros desenvolvimentos que marcam esse momento. Ao longo deste seminário serão tratadas obras que exemplificam a materialização da cultura no século XVI e XVII, isto é, como certas discussões encontram sua representação em uma história, em uma peça ou algum documento. A Utopia (1516) de Thomas More registra algumas delas, em especial, a mudança da economia moral para o início de uma economia competitiva, a partir do fechamento dos campos de uso comum. A peça anônima Arden of Faversham (1589) registra com contornos trágicos a maior transferência de terras que acontece na história inglesa e seus impactos, enquanto outras peças mais tardias se preocupam com a geografia dramática especificamente urbana, como New Way to Pay Old Debts (1633), de Philip Massinger, que satiriza os comportamentos que permitiram a transformação das propriedades em mercadorias e, em certa medida, também das pessoas e das relações sociais. Por fim, Jovial Crew (1641), de Richard Brome, retoma sonhos de um pobre mundo perfeito quando a Inglaterra estava para fechar as postas das artes e dos teatros meses antes do início da guerra civil.