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Por uma enfermagem mais humana

Pesquisa evidencia a importância da relação horizontal entre enfermeiro e pacientes



O hospital é um local de extremos. A felicidade da chegada de uma nova vida se mistura com a dor pela perda de alguém querido, que se mescla com a insegurança dos pacientes com as doenças. O tempo de internação obriga as pessoas a conviver em um ambiente atípico, onde o fluxo de pacientes, enfermeiros e médicos é intensamente renovado. O compartilhamento da rotina com pessoas desconhecidas leva à necessidade de pensar com frequência em formas de melhorar o relacionamento entre a equipe hospitalar e os pacientes. Uma pesquisa sobre a satisfação dos pacientes com os cuidados de enfermagem, realizada por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará, propõe uma avaliação dos serviços de enfermagem prestados em hospitais públicos de Fortaleza.

A pesquisa contou com a participação de 156 pacientes, todos maiores de 18 anos, internados por ao menos uma semana em unidades cardiológicas e pneumológicas da cidade. Os pacientes responderam questionários de satisfação do atendimento, elaborados especificamente para a pesquisa. A proposta dos pesquisadores era compreender quais são os elementos mais relevantes do atendimento hospitalar do ponto de vista dos pacientes. Os entrevistados podiam escolher livremente, dentre as opções disponíveis, aquelas que consideravam importantes.

Uma das dimensões do atendimento analisadas foi chamada pelos pesquisadores de “confiança”, e buscava compreender a importância do relacionamento interpessoal entre enfermeiros e pacientes. Essa foi, também, a dimensão mais destacada pelos entrevistados: 52,5% dos pacientes que integraram a pesquisa indicaram algum dos aspectos de “confiança” como relevantes no atendimento hospitalar. Dentre eles, empatia (36,5%), relacionamento interpessoal (22,6%) e humanização (23,1%) são considerados fundamentais na relação com os profissionais de saúde.

A dimensão “profissional”, que apontava aspectos das técnicas de trabalho, também foi considerada relevante para 26,2% dos pacientes que responderam os questionários. Nesse caso, a resolutividade (82,9%) e a agilidade (26,8%) foram indicadas como características importantes no relacionamento entre a equipe do hospital e os pacientes.

 

Porcentagem de cada dimensão da pesquisa

Segundo os pesquisadores, o resultado reforça a importância do papel do enfermeiro no processo de cuidar o paciente. Também evidencia a necessidade de investimento na equipe de enfermagem, para que o profissional esteja mais próximo do paciente e estabeleça vínculo com ele. É importante que o enfermeiro hospitalar tenha domínio das técnicas de enfermagem, levando em conta os cuidados físicos e mentais do enfermo.

A preocupação com a relação enfermeiro-paciente alcançou também as graduações. Já há um movimento formado para alteração das diretrizes curriculares do curso de Enfermagem, que são de 2001. O objetivo principal é inserir as discussões sobre humanização, diversidade, inclusão social e educação popular da saúde no currículo dos alunos. Também, é preciso que o aluno esteja em contato com a comunidade desde o início do curso. A avaliadora de cursos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) e diretora de educação em Enfermagem da Associação Brasileira de Enfermagem, Elizabeth Teixeira, afirma que quanto mais tempo o aluno fica em contato com os bonecos de treinamento na faculdade, menos ele exercita estar com o outro, o contato com pessoas reais, com dilemas reais.


Para Elizabeth, o enfermeiro assume cada vez mais o papel de cuidador e de educador, oferecendo meios para que o paciente alcance a autonomia necessária para seu cuidado próprio. A relação entre o profissional e o paciente deve ser horizontal, onde há troca de saberes e experiências.

Reportagem: Andressa Foggiato e Jocéli Lima
Infográfico: Bruna Dotto

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