Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada na última semana de março traz dados sobre o uso pessoal das tecnologias de informação e comunicação (TIC). Em 2014, pela primeira vez, os smartphones se tornaram o equipamento mais utilizado pelo brasileiro para acessar a internet: 80,4% dos domicílios com conexão usam o celular para acessar redes sociais e sites. O computador, apesar de estar presente em 76,6% das residências, passou a ser menos utilizado.
Os indicadores do estudo foram obtidos a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita em convênio com o Ministério das Comunicações em 2014. A PNAD é uma pesquisa ampla, que traz informações sobre as condições socioeconômicas do país. O suplemento para mapear o uso das TICs pela população é recente – foi incorporado em 2013 e neste ano entrevistou 311.761 pessoas de 10 anos ou mais de idade. As estimativas englobam a utilização da internet, a posse de telefone móvel celular para uso pessoal e o acesso ao sinal digital de televisão aberta.
O celular tomou conta
O aumento do uso do telefone móvel para o acesso à internet é o dado que se destaca: de 2013 para 2014, o percentual dos domicílios que acessavam a internet por computador diminui 11,8%, enquanto a proporção dos que acessavam a internet por celular aumentou 26,8%. A PNAD TIC aponta que existem diferenças no uso do celular conforme a região do país: em 21 estados e no Distrito Federal a conexão de internet por telefone móvel prevalece; já no Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul o acesso por computador é maior.
Mas estar conectado via celular não tem a ver com idade – o aumento do uso do smartphone está presente em todas as faixas etárias. O mestre e pesquisador em Comunicação Romulo Tondo ressalta que “existe uma maior familiaridade do jovem com relação ao telefone celular, mas é possível perceber um amadurecimento na posse e apropriação na tecnologia por adultos e idosos”.
Segundo Tondo, um dos fatores que contribui para o aumento da conexão via celular é o custo de compra e manutenção do aparelho, que é menor em relação a um computador. O investimento não diminuiu, apenas migrou: em vez de comprar pacotes de SMS, o usuário opta por adquirir dados de internet. “Essa decorrência é devido ao usuário de internet móvel poder trocar infinitas mensagens a partir de comunicadores instantâneos (como o whatsapp) e ter acesso a aplicativos de rede social (Facebook, Twitter, entre outros)”.
Além dos dados
A pesquisa, por ser quantitativa, mostra as diferenças regionais em um país de dimensões continentais como o Brasil. Além disso, os dados quantitativos apontam o aumento ou diminuição no consumo de serviços, objetos ou equipamentos. Com essas informações, segundo Romulo, é possível “pensar em políticas públicas e parcerias entre governo e instituições privadas que venham a amenizar as diferenças”.
Apesar disso, não é possível dizer como o brasileiro utiliza esses equipamentos no seu cotidiano. A discussão vai além dos números: “surgiram novas tecnologias e novas apropriações. Essa incorporação faz parte da própria construção tecnológica e proveniente da necessidade de ter ou não acesso aos produtos daquela tecnologia”, conclui Tondo.
Reportagem e Infográficos: Camila Hartmann e Vitória Londero
Foto de capa: Rafael Happke