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O gás carbônico (CO₂) é um gás que contribui para produzir o efeito estufa?

Aumento das emissões de CO₂ tem potencializado os efeitos do aquecimento global, exigindo ações urgentes para mitigar seus impactos climáticos



O efeito estufa é um fenômeno da natureza essencial para a vida na Terra. Ele mantém o planeta aquecido, com temperaturas adequadas para a sobrevivência de seres vivos. Metano (CH₄), óxido nitroso (N₂O), gases fluorados e dióxido de carbono – também chamado gás carbônico (CO₂) – são exemplos de gases presentes na atmosfera terrestre que contribuem para produzir o efeito estufa. Esses gases absorvem a radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre e reemitem essa energia de volta para a atmosfera, impedindo que o calor escape para o espaço. 

Apesar da relevância do efeito estufa para o equilíbrio climático, o entendimento da população sobre o fenômeno ainda apresenta lacunas significativas. Embora 54% dos entrevistados concordem totalmente com a afirmação de que “o gás carbônico (CO₂) é um gás que contribui para produzir o efeito estufa”, a pesquisa Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil de 2023 revela que 17% dos participantes não souberam responder à questão, e 5% discordaram totalmente da informação. Esses dados evidenciam a necessidade de esclarecer o papel do gás carbônico nesse processo e melhorar a compreensão pública sobre o efeito estufa.

Gás carbônico

O gás carbônico é uma molécula composta por um átomo de carbono (C) e dois átomos de oxigênio (O). A maior parte dos gases da atmosfera é composta por nitrogênio (78%) e oxigênio (21%). Apesar de sua concentração ser baixa na atmosfera (cerca de 0,04%, ou seja, 400 ppm ou partes por milhão), o CO₂ tem um grande impacto no efeito estufa.

Da revolução industrial aos dias de hoje

Se, de um lado, sem o efeito estufa o planeta Terra seria frio e inabitável; de outro, desde a Revolução Industrial, as emissões de gás carbônico têm aumentado muito, de forma exponencial, intensificando o fenômeno e causando desequilíbrios climáticos.

A industrialização trouxe avanços para as cidades e estimulou a urbanização. Com isso, as pessoas passaram a consumir mais alimentos e produtos processados, elevando a produção nas fábricas e, consequentemente, as emissões de gás carbônico. Além disso, o crescimento da população global e o aumento da expectativa de vida têm gerado maior demanda por alimentos, o que levou à ampliação de áreas de plantio e criação de animais. Esse processo inclui o desmatamento, que agrava o efeito estufa: as árvores, que absorvem gás carbônico e liberam oxigênio, deixam de cumprir esse papel ao serem cortadas ou queimadas, liberando mais CO₂ na atmosfera.

Segundo Simone Erotildes Ferraz, doutora em Meteorologia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o problema maior não está no pequeno agricultor ou em práticas isoladas, mas na escala das emissões globais, particularmente nas atividades das grandes indústrias e no desmatamento. “Não é o pequeno agricultor que planta arroz ali em Agudo (RS) que vai afetar a atmosfera, mas as grandes empresas”, afirma a especialista. A agropecuária também contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa, como o metano (CH₄), liberado pelo gado durante a ruminação.

Consequências do efeito estufa intensificado

As consequências do aumento das emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa já são visíveis. A temperatura média global está subindo, e os impactos se manifestam em diferentes formas:

  • Expansão térmica dos oceanos: o aquecimento da água faz com que seu volume aumente, resultando na elevação do nível do mar e na invasão de áreas costeiras.
  • Derretimento das geleiras: isso altera a salinidade dos oceanos, afetando a vida marinha.
  • Eventos climáticos extremos: secas severas, chuvas intensas e outros fenômenos climáticos rigorosos estão se tornando mais frequentes.

Simone Erotildes alerta que estamos próximos de um ponto crítico. “É muito complicado resolver isso. Estamos chegando a um ponto de não retorno, do qual não conseguiremos mais voltar para as condições de antes da industrialização”, explica.

Como mitigar os impactos?

A professora Débora Regina Roberti, do Departamento de Física da UFSM, destaca que ações globais são fundamentais. “Nas últimas COPs (Conferências das Nações Unidas sobre Mudança Climática) foram ou têm sido  desenvolvidas tentativas para diminuir a emissão de gases e evitar que a temperatura suba. Mas a gente já passou um grau e meio da média adequada”, afirma.

Entre as soluções globais discutidas, estão:

  • Adoção de energias renováveis e eficiência energética.
  • Redução do desmatamento e incentivo à preservação florestal.
  • Acordos internacionais para limitar as emissões dos principais países e empresas poluidoras.

Em escala individual, as ações também têm sua importância:

  • Reduzir o uso de automóveis, optando por transportes coletivos ou bicicletas.
  • Diminuir o consumo de carne, especialmente carne bovina.
  • Fazer o descarte correto de resíduos.

No entanto, Débora Roberti enfatiza: “Essas medidas individuais são insuficientes sem mudanças significativas nas políticas globais e nas práticas de grandes emissores de gás carbônico”.

Veredito: COMPROVADO! O gás carbônico (CO₂) é um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa.

Texto: Jéssica Mocellin
Ilustração: Evandro Bertol
Edição: Luciane Treulieb
Revisão: Fabiana Coradini

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