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Oscar 2023 terá comitê de crise inédito em 96 anos



Depois de um tapa na cara, Academia de Artes e Ciências Cinematográficas coloca gerenciamento de crise em cena na festa de entrega da famosa estatueta.

Ele não é o tipo de CEO que anda em chão de fábrica ou circula entre consumidores em lojas da periferia para avaliar produtos no ponto de venda. Seus sapatos costumam pisar ambientes glamorosos em Hollywood, como o tapete vermelho das celebridades na premiação do Oscar

CEO da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, onde iniciou carreira em 2012 e assumiu o comando há nove meses, Bill Kramer chegará para a cerimônia de premiação dia 12 de março com um roteiro de gerenciamento de crise no bolso do traje black tie. Pela primeira vez desde 1929, a festa de entrega da estatueta terá um comitê de crise nos bastidores, pronto para agir se houver alguma situação como no ano passado quando Will Smith, vencedor na categoria de melhor ator, irritado com uma piada do apresentador Chris Rock, revidou dando-lhe um tapa na cara, e levando o noticiário do Oscar para as páginas policiais.

O roteiro do primeiro gerenciamento de crise da consagrada Academia de Hollywood não tem nada de original. Vai seguir o padrão de procedimentos habituais: análise de cenários de riscos, definições de fluxo de informações e respostas, processo de decisão, comunicados pré-aprovados, porta-vozes treinados, estruturas de comunicação, articulação com formadores de opinião e partes interessadas, estratégias preventivas para minimizar surpresas, e planos de contingência para lidar com situações imprevistas.

Como parte da estratégia preventiva, o show será comandado por Jimmy Kimmel, artista considerado cordial e respeitoso com seus colegas. O objetivo é reduzir o fator de risco representado por comentários ou piadas como a de Chris Rock, que ironizou o fato de a esposa de Will Smith estar careca, ignorando que ela sofre de alopecia, doença que causa perda dos cabelos. Com Kimmel, espera-se ter alguém no palco acostumado a transmissões ao vivo e hábil para contornar satisfatoriamente os momentos em que nem tudo sai como foi planejado.

Os planos de contingência certamente levam em conta o potencial de vários riscos como, por exemplo, possíveis manifestações decorrentes da exclusão de duas mulheres negras que concorreram indicações na categoria de melhor atriz. O fato de Viola Davis (A Mulher Rei) e Danielle Deadwyler (Till) terem sido preteridas contribui para trazer à tona à tona questões de preconceitos, igualdade, equidade, diversidade e gênero durante a cerimônia.

Numa entrevista para a revista américa Time, Bill Kramer disse que “nunca em um bilhão de anos” teria imaginado uma cena como a que foi protagonizada por Will Smith e Chris Rock ao vivo diante de milhões de espectadores. Ao anunciar a criação do seu comitê de crise confessou que depois do episódio do ano passado “abrimos nossas mentes” para muitas coisas que podem ocorrer no Oscar.

Por falta de gerenciamento de crise a Academia não sabia o que fazer quando foi pega de surpresa no ano passado. A reação tardia e considerada inadequada teve impacto negativo na sua reputação. Depois do inesperado tapa de Will Smith na cara de Chris Rock, a Academia investiu em toda uma estrutura de comitê de crise, que nunca teve antes, e agora o CEO acredita estar preparado para qualquer coisa não prevista que possa acontecer.

Embora haja lideranças empresariais com mente aberta, que investem em estruturas para evitar crises e responder rapidamente com efetividade em situações inesperadas, muitas (talvez a maioria) está esperando o tapa na cara, como aconteceu com a Academia, para entender que crises existem e que a falta de preparo para lidar com elas pode ter consequências desastrosas.

O problema para os que permanecem na fila de espera é que crises causam perdas, custos financeiros além dos danos de reputação. A marca fica exposta negativamente na mídia e redes sociais. Além disso, afeta relações com governos, autoridades, clientes, fornecedores e consumidores; coloca em risco a continuidade dos negócios; onera com processos judiciais e custos de remediação, prejudica pessoas, compromete marcas e outros ativos.

Gerenciamento de crise coloca a empresa na dianteira porque permite antecipar-se, evitando ocorrências, mitigando riscos, ou estando preparada para responder com rapidez diante de situações que possam surgir inesperadamente, de modo a defender e preservar a reputação.

Sua empresa tem mente aberta para gerenciamento de crise ou está esperando o tapa na cara?

 

Por Valdeci Verdelho (Jornalista, fundador da Verdelho Comunicação, especialista em gestão de crise)

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