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Veículos de comunicação atualizam políticas para cobertura midiática de ataques a escolas



Em se tratando de comunicação de crise, o papel da imprensa também se revela fundamental no processo de mitigação de danos e preservação de vidas em contextos críticos. Isso porque, segundo especialistas, a repercussão midiática de casos específicos pode causar o “efeito contágio”, inspirando novas ações de pessoas que buscam notoriedade por meio de práticas criminosas a exemplo de massacres.

O posicionamento de diversos veículos de comunicação neste mês, após o massacre na Creche Cantinho Bom Pastor (Blumenau/SC) que resultou em 4 crianças mortas, mostra a importância do Jornalismo e sua função essencial para a sociedade, além de marcar a evolução na forma como se realiza a cobertura midiática de uma situação de crise deste tipo.

A escalada de mudanças veio após recomendações do Ministério Público de Santa Catarina e da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, que dias atrás lidou com um ataque semelhante na Vila Sônia (SP) e se deparou com dezenas de registros 48h após o ocorrido, corroborando a tese de que a divulgação pela imprensa possa ter incentivado outras pessoas a planejar novos ataques. Nos últimos 22 anos, o Brasil teve 24 ataques a creches e escolas. Só entre 2022 e 2023, foram 5.

Dentre os grupos de comunicação e mídia no Brasil que atualizaram seus posicionamentos em coberturas de massacres/ataques a escolas estão Estadão, Band, Globo e CNN. Por meio de notas ou postagens em redes sociais digitais, os veículos se pronunciaram a fim de esclarecer a revisão de suas políticas. Abaixo, transcrevemos alguns deles:

“O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.”

“A CNN Brasil decidiu não exibir qualquer imagem, nome ou demais informações sobre o autor do ataque em Blumenau (SC). A posição editorial atende a pedido do Ministério Público de Santa Catarina e segue recomendação de especialistas, sob risco de a exposição desencadear efeito contágio e estimular futuros atos de violência”.

“Os veículos do Grupo Globo tinham há anos como política publicar apenas uma única vez o nome e a foto de autores de massacres como o ocorrido em Blumenau. O objetivo sempre foi o de evitar dar fama aos assassinos para não inspirar autores de novos massacres. Essa política muda hoje e será ainda mais restritiva: o nome e a imagem de autores de ataques jamais serão publicados, assim como vídeos das ações…”

Segundo Marta Avancini (Jornalista e editora da Associação de Jornalistas de Educação – Jeduca), “Em grande parte isso acontece por conta da visibilidade que esses casos acabam tendo. Existe um fenômeno chamado efeito contágio. A partir do momento que você divulga, que você traz muita visibilidade para essa situação, de uma determinada forma, você acaba estimulando casos semelhantes. Assim que a notícia começou a circular, a gente começou a ver, em vários veículos, vídeos do momento da agressão. Esse tipo de exibição é extremamente prejudicial” (informações da Agência Brasil).

Para Moez Chakchouk (Diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da UNESCO), “O terrorismo e o extremismo violento são, provavelmente, problemas que estarão conosco ainda por algum tempo. Todavia, se formos capazes de trabalhar juntos para reduzir a retórica explosiva, a cobertura exagerada e a estigmatização de grupos minoritários, talvez desapareçam alguns dos incentivos para a prática de atos violentos contra civis.”

Com o intuito de contribuirmos para a disseminação de boas práticas, compartilhamos o manual para cobertura midiática de atos terroristas: “Terrorismo e a mídia: um manual para jornalistas“, desenvolvido pela Unesco.

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