Por Eric Messa (Coordenador das graduações em Publicidade e Relações Públicas da FAAP/SP)
O desfecho do caso GP da DM9 me deixa com a impressão de que a demissão de Icaro Doria foi uma estratégia de contenção de crise para proteger a reputação da agência. Antes, culpávamos o estagiário — hoje essa tática não funciona mais, então partimos para o extremo oposto.
Embora Doria possa ter responsabilidade como gestor, acredito que ele não foi o idealizador da manipulação das informações da CNN e TEDTalk presentes no videocase. O problema central está na profunda crise ética que atravessamos como sociedade, onde os limites entre verdade e conveniência se tornaram perigosamente borrados.
Isso se conecta com uma questão estrutural antiga: a juniorização das agências, que hoje desemboca em etarismo. Esse cenário impede que profissionais iniciantes tenham mentores experientes — não apenas no mercado, mas na vida.
Vivemos uma era onde a pressão por resultados imediatos se sobrepõe à responsabilidade ética, criando um ambiente onde jovens profissionais são deixados à própria sorte para navegar dilemas morais complexos. É aqui que reside o verdadeiro problema: não é apenas sobre competência técnica, mas sobre a ausência de orientação ética e daí destaco: o anúncio da criação de um “comitê de ética em IA” dentro da DM9 é fato que merece parabenização, na expectativa que seja permanente e replicado por todas as agências do nosso mercado.
Vivemos, atualmente, um cenário marcado por uma crise ética e pela disseminação da desinformação. A inteligência artificial, ao invés de simplificar a questão, torna-o ainda mais complexo. Por isso, considero fundamental que sejam implementadas políticas de contenção e, sobretudo, que se estimule o desenvolvimento do pensamento crítico nos profissionais dessa área, para evitar situações como essa.
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