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Relatos – Educar e Cuidar



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10.07.2020

Por que tudo isso…? (Parte 4)

 

Graziela Franceschet Farias 
Professora do Departamento de Metodologia do Ensino/UFSM

 

Nessa semana gostaria de me manifestar sobre os sentidos de aniversariar em tempos de pandemia. Já parou para pensar nisso? Se fizeste aniversário nos meses de janeiro, fevereiro e março, as significações poderão ser distintas dos que completam anos de abril em diante, até porque não temos a dimensão de quanto tempo esse tempo ainda perdurará.

Festejar “mais uma primavera” é, para a sociedade humana, um ritual. Na pandemia, escorregamos pelas vias da adaptação e celebramos casamentos, aniversários, a saída do hospital após a recuperação, o almoço de domingo, o encontro com alguém distante, o número de recuperados, a solidariedade, a empatia. Seja pelo telefone, seja pela internet, pelas cartas, pelo bilhete, pela tele entrega, pelo carro de som, estaremos presentes porque precisamos, mais do que nunca, celebrar a vida e o que dela podemos ter de melhor. 

Quero apostar, para o futuro (agora, amanhã), na valorização dos encontros reduzidos, das lives musicais em almoços de confraternização com os mais chegados, de um aceno da janela ou do terreno do vizinho te desejando “saúde”, “vida longa” ou “tá de aniversário, #ficaemcasa”.

São outros tempos que demandam reinvenção de atitudes, valores e crenças, quem sabe…

Não deixe de estar com quem faz sentido a sua vida todos os dias e no dia a dia. Se não puder, invente!

 

Doença da Quarentena no ano de 2020: movimentos de uma professora durante a pandemia

Jéssica Rodrigues do NascimentoProfessora da Rede Municipal de Educação de Santa Maria e integrante GeoIntegra/UFSM

 

Aos 17 dias do mês de março do ano de 2020 uma orientação superior modifica o tempo e espaço escolar. Já se sabia de uma doença, de um problema mundial, porém não tínhamos a noção da magnitude do problema. Essa noção só foi tomada quando fomos notificados. A COVID-19 nos coloca em um lugar: ficar em casa é preciso; se proteger é necessário; aguardar é a tarefa. 

Alguns dias e o silêncio é interrompido. A secretaria Municipal de Educação,  em parceria com a Coordenação Pedagógica, começam a se movimentar em prol de acolher os professores e nos dar um norte, um rumo a seguir. A notícia logo se espalha e reelabora a possibilidade de ensinar. Entramos em um mundo de lives, reuniões, videoconferências, grupos de aplicativo e muitas outras coisas. Demos espaço do quadro, giz, folha e lápis para o teclado a tela do computador, de um celular.

Num instante estava professora do 2° ano e Ponto Focal do Projeto Educação Gaúcha Conectada (Santa Maria/RS- BNDES). Em outro, estava usando pijama como uniforme e vendo, intermitentemente, coisas pra fazer, pra ocupar as 40 horas de sala de aula. Antes de tudo, o ano estava se delineando, o calendário letivo e formativo já havia sido entregue, eu já tinha planos para um 2020.

Em um espaço de tempo e afastamento, tomamos como prioridade a vida, a saúde e o cuidado. Mudar a rotina, os espaços frequentados e as ações foram os primeiros passos. Neste tempo, tive tempo de visitar leituras deixadas pra trás, dar conta de mim como sujeito e, junto a isso, tudo pude pensar: como ser professora em meio a quarentena. A saudade de estar em sala de aula foi um dos sintomas da COVID-19. Assumi o vírus da quarentena… não o coronavírus, mas sim dos medos e incertezas.

Hoje, já em tratamento dos sintomas da quarentena, recebo doses diárias de acolhida por parte da escola que me recebe, gota a gota, no retorno às aulas remotas, que me ajudam a seguir em frente. Voltar a estudar e participar de um grupo de pesquisa é a Vitamina C pra ajudar no tratamento do resfriado. A terapêutica tem sido eficaz, os dias têm passado mais rápido, a educadora que mora em mim não mais usa o dia de planejamento, mas todos os dias e instantes para planejar. Permaneço me desafiando a construir saberes por vias digitais. 

Encerro meu texto dizendo que, por incrível que pareça, não me sinto menos professora por não estar em sala de aula, embora um dia já tivesse pensado que não seria professora por não estar frente as crianças, mas admito e ressalto, me sinto outra professora na quarentena. A dúvida que permanece é: que professora serei eu ao retornar ao antigo normal de sala de aula?

 

Reflexões sobre o atual momento

Mara Janete FoggiatoAcadêmica Curso de Pedagogia Diurno e integrante GeoIntegra/UFSM

 

Universidade Federal de Santa Maria, segunda-feira, 16 de março 2020, 7º semestre do curso de Pedagogia diurno e último ano para a conclusão da formação acadêmica inicial. Mais ou menos, 12h45min. Buuuummmmmmmmmm!

COVID-19: Ameaça iminente em nossa sociedade.

Quem? O que? Por quê? Onde? Quando? Os questionamentos se multiplicam, assim como os casos da doença.

O que faz uma mãe quando não sabe o que fazer para proteger seus filhos?

O que faz uma filha quando não sabe o que fazer para proteger seus pais?

O que faz uma mulher quando parece ter perdido o rumo de suas escolhas?

O medo que conduz à paralisa, cegando e não lhe dando opções de como agir. A dúvida nos arranca o rumo e torna o próximo passo “em falso”, parecendo ser a “incerteza” a única certeza que se faz presente.

Dizem que as mulheres são como leoas quando o assunto são a proteção e a defesa de seus filhotes. Esse é, indiscutivelmente, um instinto natural de amparar a qualquer custo, mesmo que isso lhe custe a própria vida. Mas, quando o inimigo é invisível, não há como saber como ele é, tampouco de onde vem o perigo. A paralisia se mostra rotineira e encarnada. Com o passar dos dias, turbilhão de informações chegam, porém, o pouco conhecimento científico sobre o tema faz com que você não saiba no que realmente acreditar. E agora? Como será o dia de amanhã?

“Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. Dito popular que faz todo sentido neste momento. Não sei o autor desta frase, mas ele com certeza estava entre a cruz e a espada ou em um caminho incerto de escolhas. O ser humano quando se sente ameaçado, tal qual um animal, encontra forças e foge. Porém, neste tempo de vida, não sabemos para onde ir e não temos a opção de fugir. Apenas, instintivamente, nos protegemos e nos isolamos, até mesmo das pessoas das quais jamais pensaríamos em nos afastar, na tentativa de não as machucar e/ou infectá-las.

Em entrevista ao programa “Mais Você” da Rede Globo, aos vinte dias do mês de fevereiro do ano de 2018, o filósofo Mário Sérgio Cortella, comentava sobre o dito popular “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, direcionando seu pensamento para o momento político da época. Ousou acrescentar palavras à esta mesma frase: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come e se juntar o bicho foge”. Porém, agora o momento é outro, mas a ideia de uma nova oração, ainda pode fazer sentido, apenas invertendo a ação verbal, podendo ficar assim: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come e se separar o bicho foge”.

Segundo Cortella (2016, p.74), “num mundo de velocidade e de transformação, nós temos um nível muito alto de incertezas em nossa vida. A incerteza está presente em nossa história pessoal, na nossa história coletiva, mas não pode nos vencer.” (…) “A incerteza é, muitas vezes transitória”. Portanto, é com um olhar de esperança e com pensamento de transição entre períodos da história da sociedade que devemos encarar esse período de pandemia.

Diante de dúvidas e incertezas, a única verdade que persiste, por mais que pareça difícil é que, todos os dias devemos ter força suficiente para (re)começar com a mesma intensidade e, ao final de cada jornada, ter um pouco mais de força e de esperança. Caso contrário, o amanhecer será barrado pelo desânimo, pela descrença e, a derrota, o fracasso, inevitáveis.

 

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