Ir para o conteúdo Politécnico Ir para o menu Politécnico Ir para a busca no site Politécnico Ir para o rodapé Politécnico
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Integrantes da PoliFeira do Agricultor unem a preservação da natureza à agricultura com agroflorestas

Com experiências diversificadas e um despertar para o meio ambiente, agricultores cultivam de forma sustentável



Alguns dos produtos comercializados pela PoliFeira do Agricultor, além de serem oriundos da agricultura familiar, apresentam mais uma particularidade: a produção em um sistema de agrofloresta. Muitos agricultores aderiram a essa nova forma de cultivo que, por meio de diversas ações e técnicas, visa a harmonia entre a vida humana e o ciclo da natureza.

A agrofloresta é um sistema que busca combinar diversas espécies e produzir alimentos levando em consideração a redução de insumos externos, mas também uma melhor convivência entre grupos humanos e o meio ambiente. Nesse sentido, busca-se mecanismos naturais para que o próprio meio possa reagir e buscar o equilíbrio. Ela é composta por um sistema de plantio de alimentos sustentável, que faz a recuperação vegetal e do solo. É esse plantio que pode ser observado na Granja Abreu, em Itaara (RS) e no Sítio Jumane, localizado em Três Barras, Santa Maria (RS).

Granja Abreu: um recomeço em uma nova geração

O trabalho com a agricultura começou com Elezon Abreu, 45 anos, em 2002, quando adquiriu a propriedade que mantém com cultivo de verduras e legumes como alface, radicci, couve, milho, beterraba, tomate, rabanete e variedades de temperos. Em seguida, iniciou o plantio de árvores frutíferas como laranjeiras, pessegueiros e tangerineiras. Mas com a ajuda e pesquisa do filho Élison Oliveira Abreu, 25 anos, foi possível a implantação de uma agrofloresta, em 2007.

Desde então, as hortaliças são cultivadas em meio às árvores, atividade que auxilia na preservação do meio ambiente, por fazer com que a agricultura e a natureza coexistam e colaborem uma para o fortalecimento da outra. Élison conta que, no início, o ambiente era uma “capoeira” (mato que cresce após a derrubada da vegetação original) e foi limpo para fazer uma área para pastoreio de animais. Segundo ele, alcançou-se um estágio em que a propriedade não possuía nenhuma árvore. Foi então quando o jovem começou a assistir diversos vídeos sobre agroflorestas e se interessou pelo assunto, deixando as árvores nativas crescerem, preservando e reflorestando o ambiente. O produtor afirma que as árvores frutíferas e suas plantações se misturam com o bioma nativo, de forma que sua produção entre em harmonia com a natureza. Entre as demais espécies de frutíferas da propriedade estão cedro, angico, araçá, pé de canela, charlie-charlie, abacateira, bananeira, pessegueiro, tangerineira, laranjeira e aroeira.

Sítio Jumane: formação técnica em Fruticultura

André Raddatz, agricultor participante da PoliFeira, começou sua primeira agrofloresta em 2015, quando estava cursando Técnico em Fruticultura no Colégio Politécnico da UFSM. Ele iniciou pelo plantio de Pitaya. A segunda agrofloresta idealizada por Raddatz foi a de frutas nativas, que abriga os seguintes produtos: castanha do Pará, castanha do Maranhão, seriguela, batinga, sete capote, guabiju, jabuticaba amarela, cabeludinha, manga, abacate, gabiroba e cereja do Rio Grande do Sul. Seu terceiro projeto foi baseado nas frutas exóticas – pimenta da Jamaica, canela, mangostão, rambutan, pitomba, achachairú, araçá-boi, jabuticaba azul, jabuticaba híbrida, jaca, lichia, avocado, kay Appel, ameixa de natal, atemoia, limão caviar.

Seu André, atualmente, tem a intenção de fazer dois pomares: um de erva mate e um de palmeira jussara, também na forma de agrofloresta. O agricultor conta que também trabalha com consórcios de frutíferas, que consiste basicamente em unir duas plantações em prol do benefício dos frutos. André cita que a bergamota sem semente, se estiver exposta a sol pleno, apresenta deformações, por isso precisa das outras árvores que forneçam sombra; nesse caso, ele usa a bananeira para essa finalidade. Além da bergamota, a Pitaya também tem consórcio com a banana, segundo o produtor: sem as bananeiras o ramo da Pitaya fica amarelo e a fruta pode morrer com o sol. No meio da nogueira pecã de sua propriedade, o agricultor planta alface, cenoura, mandioca, beterraba, entre outros produtos.

Qualificação é a chave para dar força para essas iniciativas

Na última sexta-feira (19), participantes da Polifeira do Agricultor e do Técnico em Fruticultura tiveram uma tarde focada no tema da agrofloresta, com visitas em propriedades onde essa técnica de produção é utilizada. A primeira visita aconteceu no Sítio Caetés, de Ana Paula Rovedder e Ricardo Bergamo, professores do Centro de Ciências Rurais e participantes do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas (Neprade/UFSM). Na ocasião, conceitos relacionados à agrofloresta, restauração ecológica e produção de água foram discutidos. Foi possível ver a recuperação do ambiente que as agroflorestas promovem, entendendo os processos iniciais que lhe são inerentes. Simbolicamente, o Sítio Caetés fez questão que fosse plantado pelo grupo visitante uma paineira, que representa o quanto a restauração é marcada pela presença e história humana sobre os sistemas.

Registro da visita na propriedade dos professores.

Outra experiência com agrofloresta está no Sítio Jumane, de propriedade de André Geraldo Raddatz, já citado. Nesta ocasião, houve um reconhecimento das principais espécies frutícolas existentes no Sítio, onde o agricultor pôde demonstrar o que tem feito para conviver com o meio ambiente. O sítio tem buscado desenvolver espécies e cultivos que proporcionem uma distribuição de oferta de frutas ao longo do ano. Essa iniciativa tem a finalidade de distribuir o trabalho e a necessidade de mão de obra ao longo do ano, assim como a renda proporcionada pela agricultura.

Trabalhar com agroflorestas é um desafio para os agricultores, que tinham um modo de produção sustentado em tirar o máximo da produção que seus ecossistemas tinham capacidade de produzir. Recuperar o conhecimento de convivência com o meio ambiente, bem como criar novas formas de construção desse conhecimento é uma caminhada necessária para a agricultura familiar. Segundo o professor do Colégio Politécnico da UFSM, Gustavo Pinto da Silva, no caso da Polifeira do Agricultor, por ser um projeto que trata das questões alimentares, essas agendas precisam ser incorporadas e sustentadas ao longo do tempo.

Para mais informações sobre os agricultores da PoliFeira e suas propriedades, acompanhe a feira no Instagram: @PoliFeira.

(Texto: Júlia Petenon / Edição: Giuliana Seerig)

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-405-5899

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes