Fui motorista, estudante, engenheiro, professor e pesquisador da UFSM, nos trinta anos que lá permaneci.
No dia 13 de janeiro de 1966, ingressei como motorista e fui alocado no Setor de Obras. Foi o trabalho naquele setor que me despertou para escolher uma nova profissão: engenheiro civil.
Participei dos primórdios das construções da Cidade Universitária, numa época que havia poucos recursos e quase todo o serviço era braçal ou manual. Como motorista, e junto a outros trabalhadores, formávamos um grupo de mais de 1500 valorosos operários.
Participei dos bastidores e estive ligado às obras até o final de 1981. Pude acompanhar o início da maioria das construções, sua metodologia, seus personagens e, em razão de meus cargos, pude conhecer a maioria dos dirigentes e operários que, como eu, colocaram a mão na massa, para construir a primeira etapa da Cidade Universitária, quase toda por métodos artesanais.
Com minha formatura, em 1975, além de engenheiro, me tornei professor e consegui ter um bom desempenho nas funções que assumi, comprovadas pelas homenagens feitas por alunos ao longo dos 20 anos de docência na UFSM e, após, em outras instituições de ensino onde colaborei até 2006.
Quando uma pessoa se afasta do trabalho por idade ou por saúde, abre espaço para outra mais jovem, que aguarda oportunidade. Deixei a instituição em 1996 com a consciência tranquila e a sensação de dever cumprido. Assim, renovam-se os atores e segue-se no caminho do progresso científico e tecnológico.
No momento em que entendi o significado da criação da Universidade para a população do interior do estado e principalmente para Santa Maria, fiquei deslumbrado e sempre me senti honrado de poder participar daquela obra.
Em 2013, tomei coragem e decidi escrever o livro UFSM, uma luz em nossas vidas, lançado em 2017. Além de esvaziar a cabeça, precisava realizar minha homenagem a um grande número de pessoas, entre eles os apoiadores, os administradores, os engenheiros, os arquitetos, os mestres de obras e todos os operários que foram decisivos para ajudar a solidificar o sonho do grande santa-mariense – para mim o maior – professor José Mariano da Rocha Filho, reitor, idealizador e fundador da UFSM.
Diagramação e Ilustração: Deirdre Holanda
*Helio João Bellinaso é engenheiro civil e professor aposentado da UFSM.
**Texto publicado originalmente na edição 9 da Revista Arco e repostado em razão dos 60 anos da Universidade.