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Geoparques gaúchos buscam o título de Patrimônios Mundiais

Projetos desenvolvidos na Quarta Colônia e em Caçapava do Sul estão entre as grandes apostas atuais da instituição



Você sabia que o território da Quarta Colônia, na região entral do Rio Grande do Sul, e a cidade de Caçapava do Sul, na região dos Pampas, em breve contarão com o título de Geoparques Mundiais da Unesco?

 

A Pró-Reitoria de Extensão (PRE) da UFSM trabalha nisso há bastante tempo. No entanto, foi em julho de 2020, por meio de uma carta de intenções e de um relatório com as atividades já desenvolvidas nos territórios, que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu a candidatura dos dois geoparques

Descrição da Imagem: Ilustração horizontal e colorida em formato de lego de uma paisagem natural. A ilustração é vista de cima, tem uma cachoeira no lado esquerdo, que desemboca em um rio no canto esquerdo inferior. No rio, homen dentro de um barquinho com remos e cara de pescar. Ao lado do rio, gramado com arbustos na cor verde escuro, árvores com copas frondosas e quadradas e flores na cor rosa, além de algumas pedras na cor cinza. Na metade direita, uma estrada marrom cortando gramado. Ela tem formas retas. Na estrada, uma mulher de pele negra está parada em frente a uma pedra grande e cinza, sobre a qual há um fóssil de crânio. Ao lado, arbustos, pedras e árvores.

Até aquele momento, as cidades da região encontravam-se como aspirantes – ou candidatas – a Geoparques Mundiais. Entretanto, foi em dezembro de 2021 que o Ministério das Relações Exteriores, com o apoio da UFSM e da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), enviou à entidade o pedido oficial para a certificação dos territórios.

 

Após o envio dos documentos, a Unesco designa uma equipe de técnicos para avaliar o território. A visita in loco, além de conferir os dados informados nos dossiês, também é uma forma de apresentar as singularidades dos municípios e os esforços empreendidos pelas comunidades locais. A visita nos territórios de Caçapava está prevista para o primeiro semestre de 2022.

 

As atividades que envolvem os municípios dos dois geoparques gaúchos acontecem há bastante tempo, porém foi a partir de 2018 que a UFSM adotou o projeto como estratégia institucional e de desenvolvimento regional. Atualmente, os geoparques estão entre as grandes apostas da Universidade e contam com inúmeros projetos, empresas juniores, docentes, discentes e técnico-administrativos em educação (TAEs).

 

“Toda a articulação com os poderes executivo, legislativo e Condesus [Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável] também é realizada para suporte interno e externo. Assim, conseguimos materiais para os municípios, projetos arquitetônicos, de sinalização”, relata a chefe da Subdivisão de Geoparques da PRE, Natália Huber.

 MAS AFINAL, O QUE É UM GEOPARQUE?

Os geoparques são reconhecidos pela Unesco como territórios em que a memória da Terra é preservada e utilizada de forma sustentável, através do artesanato, da gastronomia e do turismo. Esses patrimônios geológicos-morfológicos também se destacam pelas suas estruturas e belezas naturais encontradas em suas paisagens, em suas rochas, solos, fósseis, relevos, águas e minerais.

Atualmente, existem 147 Geoparques Mundiais da Unesco, em 41 países, sendo somente um deles localizado no Brasil: o Geoparque Araripe, no Ceará. Ter esse reconhecimento significa ganhar visibilidade e, futuramente, conseguir recursos para diferentes setores, como o da  Economia, da geodiversidade, da biodiversidade e da sustentabilidade.

VIVÊNCIAS

Ilustração horizontal e colorida de pessoas em uma paisagem. As pessoas estão Ilustradas no estilo lego. No centro da imagem, mulher de cabelos castanhos escuros e lisos presos em rabo de cavalo, veste roupa azul. Ao lado dela, um balão de fala com um ponto de exclamação em azul. Na frente dela, seis pessoas em três fileiras. São duas mulheres e quatro homens com roupas em tons pastel. Elas estão em pé, sobre um chão de terra, em uma estrada elevada. Nos lados da estrada, gramas, arbustos e pés de cactos em diferentes tons de verde. Aí fundo, paisagem de campo, com vários arbustos e algumas montanhas.

A geóloga Ana Paula Correa, idealizadora do Guaritas Turismo – empresa turística de Caçapava do Sul que realiza trilhas na região –, explica que a sua vivência no local, desde quando nasceu, fez com que estudasse Geologia na Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Agora, a aluna do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGGEO) na UFSM desenvolve pesquisas sobre geomorfologia, geoconservação e patrimônio.

Para ela, a identidade turística do geoparque contribui para o desenvolvimento da cidade e, por isso, a estratégia do Guaritas Turismo é unir  lazer, esporte e conhecimento sobre o território.

Ilustração horizontal e colorida de uma rua com uma loja de doces. A ilustração segue o formato de legos, e é vista de cima para baixo, na horizontal direita. No canto superior direito, a tenda de loja, em verde militar e com o nome em letra cursiva: "Nice Vales". Embaixo da tenda, uma bancada com bolos e, na frente, homem de cabelos curtos, castanhos e em corte moicano, veste camisa marrom e calça azul. Ao lado da loja, na calçada quadriculada, duas pessoas estão paradas uma ao lado da outra. Uma é uma mulher negra e outro um homem branco. A parte esquerda da Ilustração tem a continuação da calçada

A experiência de Ivanice Campos, proprietária de uma loja de doces e bolos artesanais, é semelhante. Desde muito nova, ela enxergava Caçapava do Sul como cidade turística e, aos 16 anos, saiu do município com o intuito de estudar turismo. No entanto, o seu sonho tomou um rumo diferente: ao voltar para Caçapava, aos 34, começou a se interessar por confeitaria. Hoje, a dona do Nice Cakes desenha a cidade nos produtos que confecciona. “Outra ideia que tenho é produzir geleias com produtos daqui (pitaya, laranja e butiá – frutas abundantes na região). Já fiz o curso de geleias patrocinado pelo projeto”.

Ilustração horizontal e colorida de uma banca de feira. A ilustração está na horizontal, de cima para baixo. A banca em destaque tem a tenda listrada em tons de creme e vermelho bordô. O nome, na tenda, é 'Teco Cracker'. Na tenda, biscoitos quadrados enfileirados. Os biscoitos são brancos com o desenho de um dinossauro amarelo no centro. A banca da esquerda tem tenda azul, e a banca da direita tem um detalhe pequeno da tenda marrom. É uma banca de pãezinhos enfileirados.

O morador de Dona Francisca Wanderley Brothaus, responsável por produtos coloniais produzidos na agroindústria de panificados Brothaus, conta que a família trabalha na lavoura e produz seus panifícios com fermento natural oriundos da batata. O produtor ainda relata que, através do projeto, a família produziu uma bolacha natural de mel, a Teco Cracker – homenagem ao dinossauro descoberto em Dona Francisca, o tecodonte – e a ideia é produzir um café colonial assim que o geoparque estiver funcionando.

A inspiração em dinossauros vem dos vestígios (ossos, pegadas, troncos) já encontrados pela região. Entre eles, estão alguns dos animais mais antigos, como os tecodontes, rincossauros, dicinodontes, procolofonídeos e esfenodontídeos.

Quando esses fósseis são encontrados, cabe ao Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA/ UFSM), localizado em São João do Polêsine, analisálos e protegê-los. Esse patrimônio paleontológico é um dos principais requisitos para a certificação do Geoparque Quarta Colônia como Geoparque Mundial da Unesco.

EMPREENDIMENTO LOCAL

Para um negócio se desenvolver, é preciso um bom senso de empreendedorismo. Despertar esse aspecto entre a comunidade é o papel da coordenadora do Departamento de Administração da PRE, Debora Bobsin, que, por meio do projeto Geoparques, busca promover tanto o avanço de novos negócios quanto o fortalecimento de comércios já existentes. Seja com capacitações, assessorias técnicas ou pequenas consultorias, ambas realidades são auxiliadas.

Segundo a administradora, com esses projetos as comunidades têm compreendido melhor o que são os geoparques e o potencial que possuem para o seu negócio e para os municípios. “No final das contas, a gente pode dizer que eles estão começando a se reconhecer como um geoparque. É um trabalho bem de formiguinha. Precisamos ir, ao longo do tempo, construindo essa cultura dentro da comunidade e fortalecendo o pertencimento deles naquele espaço geográfico”, destaca.

Expediente:

Reportagem: Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo;

Diagramação e ilustração: Filipe Duarte, acadêmico de Desenho Industrial.

Conteúdo produzido para a 12ª edição impressa da Revista Arco (Dezembro 2021)

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