Em outubro de 2018, produtores de mel da cidade de Mata, na região central do Rio Grande do Sul, encontraram milhares de abelhas mortas em cerca de 300 caixas. Algumas amostras dessas abelhas, coletadas pela Delegacia de Polícia de Mata, na época chefiada pelo Delegado Jun Sukekava, foram analisadas pelo Laboratório de Análise de Resíduos de Pesticidas (LARP), vinculado ao Departamento de Química/Centro de Ciências Naturais e Exatas.
E, na manhã da última segunda-feira, 25, os resultados dessas análises foram apresentados ao Delegado Jun Sukekava pelo professor Gustavo da Silva, coordenador do projeto Polifeira do Agricultor, que intermediou o diálogo entre os apicultores que encontraram os insetos, a Delegacia, a UFSM, o coordenador do LARP – Renato Zanella, e os professores do LARP – Osmar Prestes e Martha Adaime. Nas amostras analisadas, foi constatado um alto nível de agrotóxicos, que são comumente usados em lavouras. Estes resultados serão apresentados no Simpósio Internacional sobre Mortandade de Abelhas e Agrotóxicos, que ocorre nesta quinta-feira na cidade de Mata/RS.
De acordo com o Prof. Gustavo, o uso indiscriminado de agrotóxicos pode ser associado à falta de conhecimento sobre o real perigo deles para a saúde tanto humana quanto animal. Dentre os impactos para a sociedade, podemos destacar o prejuízo devido à contaminação da água, do solo, do ar, bem como de outros animais. Além disso, são diversos os casos de intoxicações e outros agravos à saúde humana.
No caso específico de Mata, em que a mortandade das abelhas foi muito alta, atingindo cerca de 300 caixas de abelhas, a diminuição desta população pode afetar outras culturas. “As abelhas polinizam uma série de culturas. Então, no momento em que a gente diminui essa população, estaremos diminuindo também a polinização, o que vai afetar parte da produção de alimentos”, explica o professor Osmar Prestes.
Papel do LARP
A UFSM, por meio da pesquisa e da extensão, atua muito próxima à comunidade e, assim, auxilia na resolução de problemas como o ocorrido em Mata, que são de cunho ambiental e de atendimento à sociedade. “O LARP é composto por professores e alunos da Instituição, que atuam diretamente com o Programa de Pós-Graduação em Química. Assim, a resolução deste caso veio ao encontro ao que alguns alunos trabalham, como a determinação de resíduos e contaminantes em mel ou em abelhas”, salienta Prestes. Vale lembrar que as análises foram realizadas entre os meses de outubro e início de 2019.
Para a professora Martha Adaime, o papel da UFSM, na figura do LARP, é bem importante a nível tanto regional quanto nacional. “É um trabalho extremamente necessário para questões de consumo interno de alimentos, saúde pública e também de alimentos para exportação. Por exemplo, nosso laboratório faz parte de uma rede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a qual tem, como preocupação, o monitoramento de alimentos. Somado a isto, o LARP possui sistema de gestão ISO 17025 implantado, o que garante a qualidade dos resultados”.
Além disso, o LARP auxilia na formação de pessoal. “Hoje formamos alunos de graduação e pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado), nessa área que está em crescimento. O aluno, durante sua formação, tem a vivência e a aplicação direta do trabalho que está sendo desenvolvido e isso é muito importante”, finaliza Omar Prestes.
Assim, o LARP contribui diretamente com causas que envolvem análise de resíduos e contaminantes em amostras de alimentos e de interesse ambiental. O Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas fica no 2º andar do prédio 17, na sala 1306, no Campus da UFSM. O telefone de contato é (55) 3220-8011 e o site é www.ufsm.br/larp.
Texto: Andréa Ortis – MTB 17.642/ Bolsista Núcleo de Divulgação Institucional PRE
Revisão Textual: Erica Medeiros/ Bolsista Núcleo de Divulgação Institucional PRE