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Programa Progredir encerra ciclo em Caçapava do Sul com impacto social e fortalecimento da cultura local

Projeto alia qualificação profissional, sustentabilidade e inclusão social nos territórios da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul



No dia 3 de outubro, ocorreu a cerimônia de formatura dos participantes do Programa Progredir Geoparque Caçapava 2025. Voltado prioritariamente a mulheres inscritas no Cadastro Único, o programa promove a integração de diferentes áreas do conhecimento, com foco na valorização da cultura e do turismo do território. Ao todo, 108 formandos receberam seus certificados em um evento marcado por discursos emocionantes, homenagens e pelo lançamento do livro “Olhares do Geoparque”, obra produzida coletivamente por uma das turmas.

Realizado entre 2024 e 2025, o programa ofertou oito cursos, distribuídos em nove turmas, com carga horária de 52 horas presenciais, contemplando atividades teóricas e práticas. A ação foi desenvolvida por meio de uma parceria entre a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul, a Secretaria de Desenvolvimento Social e do Trabalho e os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) Floresta e Bairro Sul, contando com financiamento do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome (MDS), além de contrapartidas da Prefeitura e da UFSM.

Formatura Progredir Geoparque Caçapava – Outubro 2025

Progredir Geoparque Caçapava – Outubro 2025

Com foco em garantir a participação e a permanência das(os) estudantes, foram disponibilizados serviços de cuidado infantil, lanches, kits didáticos, viagens técnicas e espaços adequados para as atividades durante todo projeto, com infraestrutura organizada pela Prefeitura Municipal e pela Secretaria de Desenvolvimento Social de Caçapava do Sul. A formatura foi um momento de emoção, pois o programa deixará saudades, envolvendo toda a comunidade de estudantes, instrutores/professores, tutores, cuidadoras, equipes e gestores da UFSM, da Prefeitura Municipal, da Secretaria de Desenvolvimento Social e do Trabalho, dos CRAS e o Secretário Adjunto de Desenvolvimento do Trabalho do Rio Grande do Sul.

A servidora da UFSM, Angelita Zimmermann que acompanhou a execução do programa, relata que foi uma formatura com muitas realizações: “Famílias e a comunidade participaram do evento orgulhosas pelas conquistas e pela certificação. Teve discursos, depoimentos, um evento singular e muito significativo para todos nós”. Ela também ressalta que a expectativa do Progredir sempre foi a melhor possível, pois o projeto tem como intenção fortalecer a comunidade, potencializando oportunidades de melhoria de qualidade de vida: “Sabemos que o território recebe um amplo leque de pessoas bem qualificadas e cheias de vontade de trabalhar, que se reconhecem como fundamentais no desenvolvimento individual e coletivo. Egressos que querem mostrar seus potenciais de modo responsável, com a preservação e o cuidado com os patrimônios naturais e culturais locais. Assim, amplia-se a capacidade de gerar a própria renda e melhorar a qualidade de vida”. 

A formatura não marcou apenas o encerramento das atividades do Progredir em Caçapava do Sul, mas também o fim do Programa Progredir como um todo. Segundo a Pró-Reitora Adjunta de Extensão e também coordenadora do projeto, Jaciele Carine Vidor Sell, o programa concluiu sua trajetória e não terá novas edições ou turmas, encerrando um ciclo de formações que vinha ocorrendo anualmente desde 2022. Consolidando-se como uma das ações mais significativas de extensão universitária desenvolvidas pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) nos últimos anos, o projeto entregou mais de 2 mil certificados e deixará boas lembranças. 

A trajetória do programa

Dividido em três etapas de qualificações, o programa foi Implantado inicialmente na Quarta Colônia, onde ocorreram as etapas I e II em 2022 e 2023, após a idealização do projeto em 2021 com reuniões nos municípios, definição das temáticas e demandas dos cursos junto aos CRAS, abertura de editais para seleção de tutores, credenciamento de cursos, seleção de cuidadoras, reuniões com gestores dos municípios e definição das metas. O projeto manteve atuação nos nove municípios que compõem o território: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Sêca, São João do Polêsine e Silveira Martins. Em sua primeira formatura, no ano de 2023, foram emitidos 1904 certificados. 

Segundo dados da coordenação do projeto, entre 2022 e 2023 o programa promoveu 98 turmas e 78 cursos em diferentes áreas do conhecimento, totalizando 3960 horas de formação. As ações contaram ainda com o apoio de 85 cuidadoras, que atenderam mais de 400 crianças, filhas e filhos de estudantes matriculadas, garantindo a participação das mães nas atividades. Com a impressão de material didático próprio e ampla adesão da comunidade, o programa superou as expectativas iniciais: estavam previstas 2460 inscrições, mas o número total chegou a 3503, sendo 3188 matrículas de alunos do Cadastro Único (CadÚnico) e 315 de outros interessados.

Formatura do Progredir Geoparque Quarta Colônia em 2023

O sucesso da experiência na Quarta Colônia despertou o interesse de outros municípios, que passaram a reconhecer a importância e a efetividade dessa formação. Como resultado, Caçapava do Sul iniciou, ainda em 2024, o processo de implementação do programa em seu território, dando início à Qualificação III, realizada entre 2024 e 2025. Ao todo, foram nove turmas, 416 horas de formação e a participação de nove cuidadoras, que atenderam 45 crianças, filhas e filhos das alunas. O projeto também contou com a impressão de materiais didáticos para os cursos.

Foram registradas 259 matrículas de estudantes inscritos no CadÚnico, além de 12 participantes externos, totalizando 271 inscrições – número bem acima das 160 vagas inicialmente previstas. Desses alunos, 191 receberam certificação, representando um índice de conclusão de 72% entre o público CadÚnico. A primeira formatura ocorreu em novembro de 2024, com a entrega de 83 certificados.

Primeira formatura do Progredir Geoparque Caçapava do Sul em 2024

A seleção dos participantes priorizou mulheres entre 18 e 29 anos inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), público-alvo principal do programa. No entanto, a proposta inclusiva da iniciativa atraiu interessadas de diferentes faixas etárias, entre 18 e 70 anos, incluindo também pessoas que não estavam cadastradas no sistema. Essa diversidade se refletiu no perfil das turmas formadas em Caçapava do Sul e na Quarta Colônia: 87% das participantes eram mulheres, em sua maioria moradoras da área urbana, que se dividiam entre atividades domésticas, cuidado com a família e trabalhos informais, além de aposentadas que buscaram nos cursos uma forma de retomar o aprendizado e fortalecer a autoestima.

Os resultados obtidos ao longo das formações demonstram o impacto direto do programa na geração de renda, valorização cultural e fortalecimento do turismo regional. Uma pesquisa realizada em 2024 com egressos da Quarta Colônia revelou que 36% passaram a desenvolver ações de empreendedorismo e inovação, enquanto 52% aplicam os conhecimentos adquiridos em suas atividades profissionais. Além disso, 46% das participantes afirmaram gerar renda a partir das qualificações obtidas, em iniciativas ligadas ao turismo, à gastronomia e à cultura local.

Mais do que o retorno financeiro, o processo formativo também resultou em transformações pessoais significativas: 73% das entrevistadas relataram aumento na autoestima, e cerca de 60% mencionaram melhorias na saúde, no bem-estar e no reconhecimento social. Entre os exemplos de ingresso ao mercado de trabalho estão mulheres que hoje trabalham em restaurantes, hotéis e cafés, além daquelas que abriram o próprio negócio ou passaram a atuar como condutoras de turismo local. Há ainda produtoras que comercializam geleias e doces artesanais em feiras da região, na Polifeira da UFSM e até mesmo em outros estados, como São Paulo – evidenciando o alcance e a sustentabilidade das ações desenvolvidas pelo programa.

Um encerramento que marca o início de novas histórias

Toda política pública depende de parcerias sólidas entre instituições comprometidas, trabalho conjunto e objetivos comuns. O Programa Progredir alcançou os resultados expressivos que apresenta justamente por reunir comunidades diversas, todas engajadas e conectadas com o público-alvo. A iniciativa integrou saberes, conhecimentos, técnicas e experiências, aproximando pessoas interessadas em se qualificar, além de gestores e equipes de trabalho comprometidas com a efetividade do programa.

Para a última turma de formandos do projeto, a cerimônia foi um momento de reconhecimento e valorização pessoal, reafirmando a autoconfiança e o potencial de mudança individual e coletiva proporcionados pela qualificação. Já para as equipes envolvidas, o momento refletiu o dever cumprido e a convicção de que a educação é um instrumento essencial de transformação, especialmente no âmbito da extensão universitária, onde se fortalecem as articulações entre universidade e comunidade.

Entre os resultados que integram essa trajetória está o livro Olhares do Geoparque: explorando a essência visual de Caçapava, produzido coletivamente pelos participantes do curso ministrado pelo professor Renan Binda. A obra, lançada durante a Feira do Livro de Santa Maria, reúne registros fotográficos e relatos de experiências vivenciadas ao longo dos oito projetos desenvolvidos na formação.

O programa também conta com o e-book Impacto do Progredir Geoparque Quarta Colônia, publicação técnica que apresenta os resultados e análises das etapas de Qualificação I e II no território da Quarta Colônia. 

Para a pró-reitora adjunta de Extensão da UFSM, Jaciele Sell, coordenadora e idealizadora do Progredir, o sucesso do programa evidencia a força e a qualidade da extensão universitária na implementação e disseminação de políticas públicas no país. Segundo ela, o foco nas populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica, em territórios previamente conhecidos e com cursos voltados às demandas locais, reforça os princípios da extensão, especialmente no que diz respeito à dialogicidade e à transformação social.

A pró-reitora destaca que a construção coletiva com os territórios representou um processo desafiador e, ao mesmo tempo, profundamente enriquecedor. A adaptação do conhecimento acadêmico a públicos com diferentes níveis de escolaridade exigiu criatividade e sensibilidade por parte das equipes. Traduzir teorias, normas e técnicas para uma linguagem acessível, explica Jaciele, foi um exercício de aproximação e empatia que fortaleceu o papel social da universidade.

Ela também ressalta o aprendizado institucional proporcionado pela convivência com as dinâmicas políticas e operacionais de cada município, assim como a superação diária dos próprios participantes diante dos desafios enfrentados, desde o deslocamento até os locais das aulas até a conciliação das atividades de estudo com a rotina familiar.

De acordo com Jaciele, mais do que promover qualificação profissional e ampliar o acesso ao mundo do trabalho, o Progredir impactou de forma profunda as trajetórias pessoais dos envolvidos, especialmente das mulheres. O sentimento de orgulho, pertencimento e autoconfiança evidenciado nas formaturas demonstra, segundo ela, que a universidade pública é uma potência transformadora de vidas e realidades.

Texto: Maria Lúcia Homrich Gotuzzo, bolsista da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).

 

Revisão: Valéria Luzardo, bolsista da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).

 

Confira algumas fotos da formatura: 

 

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