Na tarde de segunda-feira (15), foi realizado o principal evento comemorativo dos 50 anos da Pró-Reitoria de Extensão (PRE). Com início às 14h, a programação ocorreu no Salão Imembuí, no segundo andar da Reitoria. O encontro marcou o encerramento das comemorações, destacando a trajetória, as conquistas e a relevância da Pró-Reitoria ao longo de seus 50 anos de atuação.
A atividade foi organizada em três momentos: apresentação do livro dos 50 anos, exposição do Relatório de Gestão 2022–2025 e entrega de homenagem simbólica aos ex-pró-reitores de extensão, com destaque para a presença do primeiro Pró-Reitor de Extensão da UFSM, Valter Antoninho Bianchini, hoje com 81 anos.

O atual Pró-Reitor de Extensão, Flavi Ferreira Lisboa, realizou a abertura do evento ao lado da Pró-Reitora de Extensão Adjunta, Jacielle Carine Vidor Sell, e dos coordenadores da equipe. Na ocasião, o pró-reitor agradeceu à PRE pela parceria ao longo de sua gestão, iniciada em 2018. Emocionado, Flavi despediu-se do cargo, pois seguirá para uma nova trajetória na Universidade, deixando a Pró-Reitoria de Extensão.
Durante a cerimônia, Flavi convidou a futura equipe de gestão a se levantar, apresentando quem assumirá seu cargo e os novos coordenadores. Em seguida, destacou sua admiração por todos os ex-pró-reitores que já passaram pela PRE e agradeceu a oportunidade de recebê-los no evento.
“Todas as pessoas que nos antecederam contribuíram, cada uma à sua maneira, para que pudéssemos chegar onde a Universidade está hoje: reconhecida mundialmente. É nesse sentido que pensamos neste evento, para encerrar o nosso ciclo e celebrar essa trajetória de 50 anos”, comentou Flavi.
Relatório de Gestão 2022–2025 apresenta ações e investimentos em extensão
A programação teve início com a apresentação do Relatório de Gestão 2022–2025, com resultados de políticas e iniciativas desenvolvidas no período. Entre os destaques, a gestão apontou ações de fomento e editais, atividades de articulação com comunidades e o fortalecimento da institucionalização da extensão nos cursos.
No eixo de desenvolvimento regional, o coordenador Leandro Nunes Gabbi destacou o papel da UFSM em processos ligados aos territórios de Geoparques, mencionando a continuidade do trabalho de fomento e ações nos territórios e atividades como formação, oficinas e projetos vinculados à extensão.
Ele relata alguns feitos da coordenadoria: “O trabalho estruturado nos Geoparques intensificou-se a partir de 2019, após a certificação dos territórios em 2013. Entre as principais ações, destaca-se a Jornada de Formação de Professores, iniciada em 2020 na Quarta Colônia e expandida em 2025 para Caçapava, com recorde de participação, reunindo mais de 750 professores em 45 oficinas. A JAI Mirim também se consolidou, com 196 trabalhos apresentados, ampliando sua atuação da Quarta Colônia para o território Imembuí e fortalecendo a articulação regional entre cerca de 40 municípios”.
Além de mencionar, também, as iniciativas vinculadas ao território Imembuí, entendido como área de atuação na região central, com articulação municipal e ações extensionistas voltadas ao desenvolvimento territorial. “Temos o projeto Caminhadas na Natureza que é fomentado e ativado pelo Poder de Segurança Regional, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a valorização do território de forma acessível, por meio de caminhadas que envolvem produtores locais, comunidades e a sociedade em geral. As ações são construídas em diálogo com a comunidade, a partir da identificação das demandas que podem ser atendidas pelo Estado, consideradas prioritárias para o fortalecimento e o fomento do território Imembuí”, explica o coordenador.
No campo da articulação e fomento, a Pró-Reitora de Extensão Adjunta e coordenadora da Coordenadoria de Articulação e Fomento a Extensão (CAFE), Jacielle Carine Vidor Sell, destaca a importância de mecanismos de financiamento e organização de demandas comunitárias, com ênfase em editais, fóruns e ações que aproximam a Universidade de entidades externas.
A CAFE desempenhou, entre 2022 e 2025, papel estratégico na consolidação da política de extensão da UFSM, atuando como elo entre as demandas da sociedade e os mecanismos institucionais de fomento. Conforme apresentado no Relatório de Gestão, a CAFE é responsável por mapear demandas comunitárias, articular agentes extensionistas e viabilizar ações por meio de editais e fundos de incentivo.
Segundo Jacielle, uma das iniciativas de maior destaque no período foi o fortalecimento da extensão na pós-graduação, considerada uma ação inovadora no cenário nacional. Desenvolvida em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP) e a Pró-Reitoria de Inovação (PROINOVA), essa política ampliou o reconhecimento da extensão como dimensão formativa também na pós-graduação. Por meio de editais específicos, como o PROEXT-PG, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), foram fomentadas ações com foco no impacto social, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), consolidando a extensão como prática articuladora entre produção científica e transformação social.
Outro eixo central de atuação da CAFE foi a organização dos Fóruns Permanentes de Extensão, tanto na graduação quanto na pós-graduação. “Esses espaços de diálogo promoveram a escuta ativa das comunidades, entidades externas e parceiros institucionais, permitindo que as demandas sociais fossem sistematizadas e transformadas em chamadas públicas e ações extensionistas. Os fóruns reforçaram o caráter territorializado da extensão e qualificaram o planejamento institucional das ações desenvolvidas nos diferentes campi da UFSM” relata a coordenadora Jacielle.
Além disso, entre os principais instrumentos de fomento à extensão na UFSM está o Fundo de Incentivo à Extensão (FIEX), considerado o maior mecanismo de financiamento contínuo da área. Por meio do FIEX, a Universidade fomentou, anualmente, mais de 200 ações extensionistas. Em 2025, foram contempladas 187 ações, com investimento superior a um milhão de reais, com recursos descentralizados para as unidades acadêmicas. Tanto o relatório quanto a coordenadora da CAFE apontam que há previsão de ampliação desses valores nos próximos anos, em função do reajuste das bolsas de extensão.
A programação também evidenciou o papel da extensão no acesso à cultura e na preservação do patrimônio universitário. A coordenadora da Coordenadoria de Cultura e Arte (CCA), Vera Lúcia Portinho Vianna, apresentou ações vinculadas a museus, planetário e acervos, ressaltando o desafio contínuo de preservar e ampliar o acesso público a esses patrimônios.
No âmbito dos equipamentos culturais, a CCA passou a agregar formalmente diversos espaços estratégicos. Entre eles estão o Museu Gama d’Eça, o mais antigo da UFSM; o Planetário, integrado à política museal; o Laboratório de Arqueologia e Sociedades Culturais das Américas (LASCA); o Museu de Arte, Ciência e Tecnologia (MACT); além de outros acervos científicos e culturais distribuídos pela Universidade, como coleções de arqueologia, mineralogia, solos e áreas técnicas. A coordenadoria também passou a atuar de forma articulada com novos espaços museais e acervos em consolidação.
Outro eixo relevante da atuação da CCA foi a gestão cultural do Centro de Convenções da UFSM. “Após períodos de fechamento, o espaço retomou, em 2024 e 2025, com uma programação intensa e diversificada, recebendo espetáculos nacionais e grandes eventos artísticos, culturais e acadêmicos, consolidando-se como referência regional e motivo de orgulho institucional” , comenta Vera.
Segundo dados do relatório, a coordenadoria manteve e ampliou projetos culturais voltados à ocupação dos espaços universitários pela comunidade, com apresentações artísticas, musicais e atividades culturais abertas ao público. Concertos da Orquestra Sinfônica, da Banda Sinfônica e de grupos ligados às tradições gaúchas reforçaram a UFSM como espaço cultural acessível, com destaque para o aumento significativo de público após a utilização do Centro de Convenções.
A coordenadora explica que, no campo do reconhecimento cultural, foi consolidado o “Destaque Cultural UFSM”, uma premiação anual voltada a pessoas e coletivos que se destacaram nas atividades culturais da Universidade. Ao longo da gestão, foram homenageadas personalidades com trajetória significativa na cultura institucional, valorizando o trabalho artístico e cultural desenvolvido no âmbito universitário e fortalecendo a identidade cultural da UFSM.

Livro registra cinco décadas de extensão universitária na UFSM
Em sequência, ocorreu o lançamento do livro “50 anos da Pró-Reitoria de Extensão UFSM: conexões que transformam”, obra que resgata a história da extensão universitária na instituição desde a criação da PRE, em 1975. A publicação reúne entrevistas com ex-pró-reitores de extensão e apresenta um panorama das coordenadorias que compõem a Pró-Reitoria: Coordenadoria Cultura e Arte (CCA); Coordenadoria Articulação e Fomento à Extensão (CAFE); Coordenadoria de Cidadania (COCID); e Coordenadoria de Desenvolvimento Regional (CODER), evidenciando a diversidade de ações e projetos desenvolvidos ao longo de cinco décadas.

A produção da obra contou com a atuação de Micael dos Santos Olegário, mestrando pelo programa de pós-graduação em comunicação da UFSM. Desde o período das enchentes do ano passado até a metade deste ano, Micael atuou como jornalista na Subdivisão de Divulgação e Editoração (SDE) da CAFE, sendo responsável pela realização das entrevistas que compõem a publicação comemorativa.
Segundo o jornalista, o livro foi construído, em grande medida, a partir de um processo de escuta atenta e sensível, eixo central do trabalho desenvolvido pela CAFE e pela SDE. A proposta foi ouvir aqueles que fizeram parte da caminhada da extensão universitária e que contribuíram diretamente para a construção dessa trajetória ao longo de cinco décadas.
“O diálogo com quem construiu essa história foi fundamental. A obra busca compartilhar um pouco desse processo de escuta e da construção coletiva da extensão”, destaca Micael. Para ele, o conteúdo apresentado no relatório de gestão e nas entrevistas evidencia a potência transformadora da extensão, não apenas para as comunidades com as quais a Universidade se relaciona, mas também para a própria UFSM.

Homenagem aos ex-pró-reitores marca continuidade histórica da extensão
O encerramento do evento foi marcado por um momento de homenagem e reconhecimento. Durante a cerimônia, uma placa simbólica foi entregue aos ex-pró-reitores de extensão, valorizando as gestões que, ao longo de cinco décadas, estruturaram e fortaleceram a extensão universitária na instituição. Foram homenageados os ex-pró-reitores presentes no evento, como Valter Antoninho Bianchini, João Luiz de Oliveira Roth — cuja esposa recebeu a placa em seu lugar —, Ailo Valmir Saccol e Teresinha Heck Weiller.

A homenagem destacou o papel histórico e transformador desses gestores na construção de uma extensão sólida, capaz de integrar a Universidade à sociedade e gerar impactos significativos nas comunidades. O momento simbolizou não apenas gratidão, mas também a continuidade do compromisso da UFSM com a extensão como ferramenta de conhecimento e transformação social.




Após o recebimento de sua placa simbólica, o primeiro Pró-Reitor de Extensão, Valter Antoninho Bianchini, emocionou os presentes ao refletir sobre a trajetória da Universidade e da extensão. Bianchini, que tem uma longa história ligada à instituição, destacou a relevância do trabalho desenvolvido ao longo das décadas e o impacto transformador da extensão universitária na sociedade.
“Estudem o máximo que puderem, mas nunca deixem de viver, de construir uma vida feliz e de amar esta grande Universidade”, afirmou. Ele contou ainda que foi convocado pelo então reitor Hélios Homero Bernardi para criar a Pró-Reitoria de Extensão, exigência do Ministério da Educação e Cultura (MEC) à época. “Naquele momento, fui ao Maranhão para entender do que se tratava. Ainda não compreendia totalmente a proposta, mas foi o início de uma trajetória que me trouxe muita satisfação”, lembrou.
Bianchini reforçou que a extensão universitária é fundamental para o amadurecimento da universidade e para a integração com a sociedade. “A extensão realimenta a universidade, conecta a instituição com o futuro e nos transforma continuamente. Quando conseguirmos integrar a extensão aos mesmos moldes do ensino e da pesquisa, estaremos ainda mais preparados para transformar a sociedade em uma comunidade mais justa, humana e feliz”, declarou.

Em fala voltada à importância histórica do momento, a vice-reitora e futura reitora da UFSM, Martha Adaime, saudou os ex-dirigentes e reforçou a continuidade do trabalho como missão institucional, destacando que os resultados apresentados são fruto de uma construção coletiva.
Martha também sintetizou um dos sentidos centrais do evento ao afirmar que “a extensão é o nosso contrato com a comunidade”, chamando atenção para a necessidade de a sociedade reconhecer o alcance das ações e investimentos feitos pela Universidade.

Texto: Maria Lúcia Homrich Gotuzzo e Laura Waechter Severo, bolsistas de jornalismo da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).
Revisão: Catharina Viegas de Carvalho, revisora de textos da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).