
Nos dias 14 e 15 de outubro de 2025, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) realizará o I Seminário de Acompanhamento da Inserção da Extensão nos Currículos de Graduação. O evento acontece no Auditório Wilson Aita, no Centro de Tecnologia, e se propõe a ser um espaço de diálogo, reflexão e avaliação sobre os desafios e perspectivas da extensão universitária no ensino superior.
A programação reafirma o compromisso institucional com a formação integral dos estudantes e com a transformação social, articulando ensino, pesquisa e extensão como pilares indissociáveis da vida acadêmica. As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de outubro, de forma gratuita e aberta à comunidade.
Abertura com Hélder Silveira
A conferência de abertura está marcada para o dia 14 de outubro, às 19h, e será conduzida pelo professor Hélder Eterno da Silveira, professor titular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ex-presidente do Fórum dos Pró-reitores de Extensão (Forprex), doutor em Educação pela Unicamp e atual consultor especial do MEC na elaboração da Política Nacional da Educação Superior. Com vasta trajetória na área, Hélder traz o tema “Inserção curricular da extensão: para quê? Com quem e como?”. O professor destaca que a Resolução CNE/CES nº 7/2018 representou um marco na educação superior brasileira ao prever que 10% da carga horária da graduação deve ser dedicada a atividades extensionistas.
Ele também ressaltou a importância de sua presença em Santa Maria “A UFSM sempre teve uma presença muito forte no Fórum de Pró-Reitores(as) de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior, o Forproex. Isso ficou evidente no período em que estive na presidência, mas também em outros momentos da história do Fórum. A luta pela extensão é, acima de tudo, coletiva. Ela representa a luta pela democratização das nossas universidades.”
Extensão como paradigma democrático
Para Hélder, a inserção da extensão nos currículos não deve ser entendida como uma ação pontual, mas como uma mudança de paradigma. Ele defende que o movimento é parte de um processo de democratização do conhecimento e de transformação social, ao permitir que a universidade seja mais aberta e permeável aos diferentes setores da sociedade.
“No fundo, é disso que se trata: de justiça social e educacional. Queremos que a população de Santa Maria, do Rio Grande do Sul e do Brasil tenha acesso às universidades por meio da extensão. Ela é a porta de entrada para que pessoas de diferentes lugares, sejam do campo ou da cidade, alfabetizadas ou não, possam trocar saberes, ver suas práticas sociais e culturais reconhecidas e, ao mesmo tempo, participar da formação dos futuros profissionais que estão em processo de aprendizado acadêmico.”
Ao citar o conceito de “ecologia de saberes”, do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, Hélder reforçou a necessidade de diálogo horizontal entre ciência e saberes populares. Segundo ele, reconhecer os conhecimentos produzidos nas práticas sociais é parte essencial da construção de uma universidade mais justa e representativa.
Por fim, o Professor deixa como mensagem:
“Que toda a comunidade acadêmica da UFSM (estudantes, professores e técnicos e membros da comunidades extra-acadêmica) se reconheça como parte desse processo. Fortalecer a extensão é fortalecer a própria universidade, é ampliar sua relevância e o seu compromisso com a população, com a equidade e com a justiça social e educacional.“
Panorama institucional: a visão da Pró-Reitoria de Extensão
Na manhã do dia 15 de outubro, às 8h30, a equipe da Pró-Reitoria de Extensão (PRE/UFSM) apresentará a palestra “Panorama da Inserção da Extensão nos Currículos de Graduação da UFSM”, trazendo dados e reflexões sobre a implementação da política em diferentes cursos da instituição. O objetivo é contextualizar os avanços já alcançados e os desafios a serem enfrentados para consolidar a integração entre extensão e formação acadêmica.
Experiências práticas: coordenadores de curso relatam vivências
Ainda no dia 15, durante a manhã, coordenadores de cursos da UFSM participarão da roda de diálogo “Vivências de Extensão nos Cursos: alguns caminhos trilhados na UFSM”. O encontro busca compartilhar experiências, estratégias e dificuldades enfrentadas no processo de inserção da extensão nos currículos de graduação, destacando iniciativas que têm aproximado estudantes das comunidades e gerado impacto social direto.
Perspectivas institucionais: Flavi Ferreira Lisbôa Filho
À tarde, às 13h30, o seminário segue com a palestra “Extensão universitária: fundamentos, desafios e perspectivas na UFSM”, apresentada pelo professor Flavi Ferreira Lisbôa Filho, atual pró-reitor de Extensão da UFSM.
Doutor em Ciências da Comunicação, Flavi é professor dos programas de Pós-Graduação em Comunicação e Patrimônio Cultural, além de pesquisador líder do Grupo de Estudos Culturais e Audiovisualidades. Autor e organizador de diversas obras sobre comunicação, cultura, patrimônio e extensão, ele defende que a prática extensionista deve ser vista como eixo estruturante da formação acadêmica:
“Muito além de uma atividade complementar, a extensão conecta saberes, promove transformação social e ressignifica a própria universidade”, destaca Flavi.
Diálogos freireanos: Cristiane Muenchen
Na sequência, também às 13h30, ocorre a palestra “A educação freireana e a extensão universitária: quais diálogos possíveis?”, com a professora Cristiane Muenchen, da UFSM. Doutora em Educação Científica e Tecnológica pela UFSC, Cristiane é líder do GEPECiD, já coordenou programas de pós-graduação e tem longa trajetória em pesquisas sobre práticas freireanas no ensino de Ciências.
Sua proposta é revisitar os fundamentos da pedagogia de Paulo Freire e relacioná-los às práticas extensionistas contemporâneas:
“Vamos dialogar sobre caminhos possíveis para construirmos a extensão universitária, problematizando os estudos da realidade como caminhos para a formação e a transformação social”, explica a professora.
Um espaço de construção coletiva
Ao reunir pesquisadores, gestores, professores, estudantes e representantes da sociedade civil, o seminário busca consolidar a extensão como porta de entrada da universidade na comunidade e como prática que transforma tanto os estudantes quanto os territórios em que ela se insere.
Texto: Rafael Reis, bolsista da Subdivisão de Divulgação e Editoração (SDE).