O mapeamento das atividades extensionistas realizadas fora do campus é conduzido por um projeto também vinculado à extensão. O “Censo da Extensão” tem como objetivo levantar dados que ampliem o conhecimento da Pró-Reitoria de Extensão (PRE) sobre o trabalho desenvolvido por cada ação extensionista da universidade. O estudo também inclui a análise de bases de dados institucionais, como os registros no Portal de Projetos, relatórios finalizados, plataformas institucionais e dados administrativos da UFSM.

Nos últimos anos, a PRE tem se dedicado à elaboração de relatórios finais mais padronizados, completos e rigorosos sobre as ações de extensão. No entanto, atualmente, esse controle se aplica apenas aos projetos que recebem fomento direto da própria pró-reitoria. Diversas ações de extensão da universidade não estão vinculadas a esse financiamento, o que resulta na ausência de um acompanhamento sistemático dessas iniciativas.

 

Entenda como funciona o mapeamento

Desde junho, as coletas de dados para o censo interno começaram a ser aplicadas. O objetivo da iniciativa é aprimorar o controle e o conhecimento sobre todos os projetos de extensão ofertados pela UFSM. A pesquisa propõe o levantamento e a análise de dados quantitativos e qualitativos sobre a extensão universitária, mapeando sua atuação e identificando seus impactos fora do campus. O estudo também busca compreender lacunas e oportunidades de melhoria nos projetos.

A metodologia foi organizada em etapas. A primeira delas é a fase-piloto, na qual foi feito um levantamento das ações financiadas pela PRE em 2024. Essa etapa serve como base para as demais fases do estudo. A pesquisa envolve coordenadores das ações, estudantes extensionistas e representantes das instituições que receberam as atividades. Os instrumentos utilizados foram elaborados com base nos indicadores nacionais de extensão definidos pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (Forproex).

Coordenadores de projetos e representantes externos vinculados às ações extensionistas de 2024 receberam um convite para participar da pesquisa. A análise dos dados é feita por meio de estatísticas descritivas e interpretativas, com o uso de gráficos, tabelas e quadros comparativos. As respostas abertas são organizadas por categorias temáticas, o que permite uma interpretação mais profunda dos contextos e experiências relatadas pelos participantes.

Uma das ferramentas utilizadas na pesquisa é o diagrama de Sankey, que possibilita a visualização dos fluxos e relações entre diferentes variáveis. 

A partir do censo, é possível compreender aspectos como:

• • Distribuição territorial das ações (município, distrito, bairro, zona urbana/rural);

• • Fontes de fomento (editais da PRE, emendas parlamentares, prestação de serviços, editais públicos ou privados);

• • Curricularização da extensão (vínculo com componentes curriculares, semestre de execução, desafios enfrentados);

• • Número de beneficiários e público atendido;

• • Percepções de impacto social e transformação gerada (para comunidade, estudantes e coordenadores);

• • Recomendações e fragilidades percebidas na execução das ações;

• • Composição das equipes extensionistas, considerando a quantidade de participantes por ação, presença de estudantes da pós-graduação, técnicos administrativos e a proporção entre servidores e bolsistas.

 

Como funciona a pesquisa na prática

O trabalho de campo consiste na aplicação presencial de um formulário pelos bolsistas responsáveis pelo censo. Esse formulário foi desenvolvido na plataforma Google Forms e pode ser respondido por meio de um celular. Ainda assim, o principal objetivo é que os estudantes conversem diretamente com o público atendido durante o projeto. Para isso, eles se deslocam até as instituições onde o projeto foi realizado, utilizando ônibus ou o aplicativo 99.

Segundo Elenara de Cristo, bolsista de pós-graduação e doutoranda em Administração, de 26 anos, o questionário utilizado tem um formato semelhante ao de uma entrevista, com perguntas abertas e outras de resposta mais simples, como escalas de avaliação (de “ruim” a “bom”), que não exigem desenvolvimento aprofundado por parte dos respondentes.

Elenara também aponta que algumas atividades registradas oficialmente nos projetos acabam sendo negligenciadas na prática. “Na papelada está tudo certo, mas, na hora da implementação, nem sempre ocorre como deveria”, afirma. Para ela, o maior problema é a falta de comunicação entre a UFSM e a instituição que recebe a ação. Há contato entre professor, bolsista e a instituição parceira, mas, muitas vezes, não existe um vínculo direto da universidade com o público impactado. Por isso, a realização de uma pesquisa de campo como o censo é essencial para entender se, de fato, as ações extensionistas geram transformação nas comunidades.

Os resultados dessa pesquisa vão subsidiar a construção do Atlas da Extensão da UFSM, um documento interativo e acessível que reunirá todos os dados coletados. O material será fundamental para a gestão institucional, a prestação de contas à sociedade e o aprimoramento das políticas extensionistas. Além disso, contribuirá para fortalecer a comunicação entre universidade e comunidade, divulgando as ações desenvolvidas e facilitando o acesso aos feedbacks deixados pelo público atendido.

Texto: Maria Lúcia Homrich Gotuzzo, bolsista da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).

Revisão: Valéria Luzardo, bolsista da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).