No dia 6 de outubro, em celebração ao Dia Mundial da Geodiversidade, o Geoparque Caçapava promoveu um encontro especial que reuniu representantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Prefeitura Municipal de Caçapava do Sul e empreendedores locais ligados ao turismo, à cultura e à produção artesanal. O evento, realizado em formato de coffee break e roda de conversa, teve como principal objetivo fortalecer conexões e fomentar o desenvolvimento sustentável do território. Em um ambiente descontraído, voltado à troca de ideias e experiências, os participantes foram convidados a refletir sobre o futuro do projeto a partir da pergunta: “O que queremos para o Geoparque nos próximos quatro anos?”.
Um espaço de conexão e escuta
A servidora da UFSM, Bibiana Toniazzi, explicou que a proposta do Geotour surgiu da necessidade de aproximar os diversos setores que compõem o ecossistema do turismo local, como hospedagem, alimentação, receptivo e comércio. “O evento vem para conectar. A partir do Geotour, buscamos unir hotelaria, gastronomia, compras e lazer para que os empreendedores se conheçam, troquem informações e trabalhem de forma integrada, desenvolvendo o território de maneira sustentável”, destacou.
Inspirado em experiências anteriores, como a do Geoparque da Quarta Colônia, o evento contou com algumas dinâmicas e foi dividido em quatro eixos simbólicos: comer, dormir, passear e comprar, pilares que sustentam um turismo de qualidade. Os empreendedores de cada um desses eixos sentaram-se juntos e trocaram desafios, ideias e boas práticas, além de discutir soluções conjuntas para aprimorar a experiência dos visitantes de Caçapava.
Na mesa “Passear e Comprar”, estiveram presentes 11 empreendedores locais, que apresentaram seus produtos e serviços. Em meio a risadas e conversas descontraídas, o grupo compartilhou ideias sobre formas de fortalecer o turismo em Caçapava do Sul e aprimorar a experiência dos visitantes na cidade. O casal responsável pela HS Artesanato aproveitou o momento para falar sobre o trabalho que realiza: “Trabalhamos com artesanato pedagógico e costura criativa. Atuamos em casa, em parceria com fornecedores que disponibilizam o material necessário para produzirmos peças inspiradas nos pontos turísticos da cidade. Também fazemos a divulgação e podemos desenvolver produtos específicos conforme o interesse dos clientes”. Durante o diálogo, eles aproveitaram para direcionar perguntas ao Secretário de Inovação, Cultura e Turismo, Ignacio Lemos, manifestando interesse em compreender melhor o perfil dos visitantes que chegam a Caçapava — se são pessoas que apenas passam pela cidade ou que, de fato, consomem produtos e serviços locais.

O secretário comentou sobre o novo sistema que está sendo desenvolvido, o qual permitirá o mapeamento e a coleta de informações sobre visitantes nos hotéis e pontos turísticos da cidade. Ele ressaltou a importância de estruturar o turismo municipal com base em planejamento e inovação tecnológica. “Estamos criando uma ferramenta inédita para coletar dados diretamente na fonte. Isso vai nos permitir entender quem visita Caçapava, de onde vem, por que vem e como consome. Assim, poderemos formular políticas públicas mais precisas e eficientes”, explicou o secretário.
Para Ignacio, o Geoparque Caçapava funciona como uma vitrine para o município. “O reconhecimento mundial do Geoparque Caçapava pela Unesco potencializa as negociações com o governo do Estado, para que sejam feitos investimentos no município. Esses aportes abrem novas possibilidades para o setor privado, especialmente o do turismo, já que o aumento do fluxo de visitantes representa a chegada de recursos externos que fortalecem os negócios locais”, destacou.

A servidora Bibiana Toniazzo lembrou que Caçapava do Sul é reconhecida como a capital gaúcha da geodiversidade — título que reflete a singularidade do seu território, marcado por formações rochosas, cactáceas endêmicas e paisagens únicas. “Celebrar o Dia Mundial da Geodiversidade é reconhecer o valor dos nossos espaços, da geologia e da nossa história. É reafirmar o papel do Geoparque como um instrumento de desenvolvimento e pertencimento comunitário”, destacou.
Na mesa “Dormir e Comer”, estiveram presentes cinco empreendedores. A recepcionista do “Novo Hotel”, Alessandra Barbosa Pereira, apresentou o empreendimento em que atua e destacou que o foco principal é oferecer um atendimento personalizado aos hóspedes, com diferenciais que tornam a estadia mais acolhedora. Um dos principais atrativos, segundo Alessandra, é receber pets: “Recebemos pets no mesmo quarto que os donos e não cobramos nenhuma taxa adicional por isso”. Segundo ela, esse cuidado tem gerado retorno positivo entre os visitantes. “Uma cliente comentou que teve dificuldade em encontrar hotéis em Caçapava que aceitassem animais de estimação. Depois da boa experiência conosco, ela acabou indicando o Novo Hotel a amigos que vinham à cidade para conhecer a Pedra do Segredo”, afirmou.


Integrando o que Alessandra havia falado, Rogério Seixas, proprietário do “Novo Bistrô”, ressaltou a importância do atendimento e da qualidade como diferencial para fidelizar o cliente. “O cliente exige duas coisas primordiais: bom atendimento e bom produto. Se as duas caminham juntas, ele retorna e indica o local para outras pessoas. É assim que o turismo cresce: com amor e dedicação”, afirmou.

Caçapava e o futuro do Geoparque
O coordenador científico do Geoparque Caçapava, professor André Borba, compartilhou experiências de outros geoparques da América Latina, como o do Chile, destacando iniciativas de gamificação turística e passaportes culturais que poderiam ser adaptadas para Caçapava. “Lá, os visitantes ganham carimbos em cada ponto visitado e, ao final, recebem uma lembrança oficial. É uma forma divertida de incentivar o turismo e reconhecer o engajamento dos visitantes”, comentou.
A coordenadora do Geoparque Caçapava, Alizandra Danzmann, comentou sobre a importância do evento: “O que a gente traz a partir do Geotour é conectar a hotelaria, a gastronomia, as compras, quem são as artesãs que se envolvem no processo dos geoprodutos, compras, vendas, onde comer, onde dormir, onde ir. É para que eles saibam como eles trabalham, o que eles fazem, de que forma trabalham, os horários de atendimento, quais são os serviços que eles prestam, para que consigam se conectar entre si e trabalhar unidos, de uma forma de desenvolvimento sustentável”.
Segundo ela, o Geoparque também se conecta com a comunidade ao desenvolver o sentimento de pertencimento das pessoas que aqui vivem, por meio do conhecimento e valorização dos seus patrimônios — históricos, culturais e naturais. “Trabalhamos muito o patrimônio aliado à educação, que é a educação patrimonial. Atuamos nas escolas, da educação infantil ao ensino médio, abrangendo as redes particular, municipal e estadual. Além disso, promovemos eventos e capacitações que permitem levar esse entendimento a uma comunidade mais ampla”, destacou.

Texto: Maria Lúcia Homrich Gotuzzo, bolsista da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).
Revisão: Valéria Luzardo, bolsista da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).
Fotos: Milena Boeff, bolsista da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).