Por Laura Glüer (Jornalista, doutora em Comunicação, criadora da Academia do Discurso)
“(…) Uma comunicação desarmada e desarmante permite-nos partilhar uma visão diferente do mundo e agir de modo coerente com a nossa dignidade humana.” (Papa Leão XIV)
Após o Conclave que elegeu o novo Papa, o Vaticano realiza uma série de reuniões de apresentação do Sumo Pontífice e das diretrizes de seu pontificado. E, como em toda grande instituição, o diálogo com a imprensa, como um de seus principais stakeholders, é fundamental.
O recém-empossado Papa Leão XIV teve seu primeiro encontro com jornalistas nesta segunda, 12 de maio de 2025. Na ocasião, fez um discurso histórico de aproximação com os profissionais da imprensa e de exaltação do poder da comunicação.
Reforçou a importância de “como nos comunicamos” e criticou a guerra de palavras e imagens dos dias hodiernos. Defendeu a liberdade de expressão e de imprensa e condenou a perseguição e violência contra jornalistas.
Para ele, precisamos vencer a “torre de babel” em que vivemos. Essa visão alinha-se a do teórico Dominique Wolton, que há anos defende que precisamos salvar a comunicação, promovendo a intercompreensão.
Em todas suas falas públicas até o momento, o Papa Leão XIV também tem mencionado os riscos da Inteligência Artificial, juntamente com seu imenso potencial, quando usada com responsabilidade.
A verdade surge como elemento essencial neste primeiro encontro com a imprensa, ao mencionar a confusão provocada por linguagens sem amor, tendenciosas ou muitas vezes ideológicas.
É papel do Jornalismo, no seu constante exercício de duvidar e buscar a verdade, zelar para que a realidade não seja distorcida ou falseada. Relatos falsos, rumores, distorções, omissão de fatos relevantes ou sua hiperbolização precisam ser denunciados.
Leão XIV disse, ainda, que a paz deve ter os jornalistas na linha de frente, narrando conflitos e esperanças de paz, situações de injustiça e pobreza. No jogo de pesos e contrapesos do Jornalismo, exaltou a capacidade humana de uma escuta ativa, principalmente daqueles que não têm voz na sociedade.
Seguir os conselhos do Papa é um grande desafio para os comunicadores, em todas as suas instâncias de atuação – mídias e organizações. Desarmar a comunicação de todo preconceito, rancor, fanatismo e ódio são palavras inspiradoras, que relembram e revigoram o compromisso social com o que narramos, mas, ao mesmo tempo, nos impõem uma nova percepção da realidade.
Mais uma vez lembremos Wolton: salvar a comunicação é compreender que ela está entre os grandes desafios da paz no nosso século.
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