Quem foi Maria Erenita?
Responder a esta pergunta, hoje, um dia após o seu abrupto falecimento, no calor da consternação e da saudade, não é possível.
Mas talvez seja possível fazermos alguns apontamentos sobre “Quem é Maria Erenita”, pois sim, ela é presente, exemplo e referência para todos aqueles aos quais as contingências da vida ofereceram a honra e o prazer da convivência.
Primeira mulher negra a concluir, em 2012, o Curso Técnico em Eletromecânica Integrado ao Ensino Médio – PROEJA, do CTISM, Maria constituiu-se em um exemplo de tenacidade, de garra, de comprometimento e de responsabilidade para todos nós, estudantes e professores. Primeira a chegar para as aulas após um dia cansativo de trabalho intenso na empresa terceirizada em que prestava serviços de manutenção e limpeza à UFSM, e última a deixar a sala, no final do turno. Líder da turma, mostrava-se uma leoa diante de uma injustiça e, também, uma “Grande Mãe” sempre pronta para acarinhar quem dela necessitasse.
Suas experiências laborais talvez a tenham forjado guerreira no compasso contemporâneo de Dandara. Ainda criança, assumiu os cuidados de uma casa que não era a sua; alfabetizou-se quando já era adolescente, pouco frequentou a escola. Concluiu o Ensino Fundamental na EJA, mas a universidade ainda lhe parecia um espaço restrito a “outros”. Somente em 2010 o seu lugar de trabalho tornou-se, também, o seu lugar de estudos; ela ultrapassou o arco, dobrou à direita e, com a cabeça em riste, típica do melhor exemplo de uma cidadã brasileira, iniciou sua trajetória como estudante da UFSM. Há dois anos, Maria realizou outro de seus sonhos, graduou-se em Serviço Social. Por todas essas evidências, Maria é, e continuará sendo, a “nossa Maria”,
Depoimento do Professor Olinto Araújo
Autora do texto: Professora Roselene Moreira Gomes Pommer