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Quem faz o CTISM: Professora possui uma relação profunda com o Colégio



Suziane Bopp Antonello nunca teve uma profissão dos sonhos. Atualmente, ela é professora titular de Matemática do Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, mesmo lugar onde cresceu vendo sua mãe, Nara Suzana Bopp, lecionar aulas de português para alunos da instituição durante a década de 1980. Mesmo tendo passado boa parte do início da adolescência explorando os corredores do CTISM, Suziane não tinha o objetivo de se tornar professora. No entanto, conforme os anos foram passando, Suzi– como prefere ser chamada– escolheu a matemática para ser a sua área profissional e, a partir daí, decretou que o CTISM seria o lugar que ela iria chegar.

30 anos de trajetória profissional

Em 1995, Suzi começou a trabalhar como professora de Matemática para o ensino básico infantil. Em 2009, conquistou uma vaga no Instituto Federal Farroupilha no Campus de Júlio de Castilhos, onde comunicou ao diretor do IFF o seu desejo de ser professora no Colégio Técnico: “Eu disse para o diretor que eu estava servindo a instituição, como eu sempre servi onde eu estive trabalhando, mas que o meu objetivo seria chegar ao CTISM”. 

A redistribuição ocorreu em 2012, quando Suziane iniciou como professora de graduação do curso de Tecnologia em Redes de Computadores. Em 2013 passou a lecionar para os cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio, onde permanece até hoje, com 5 turmas.

“Dar aula para adolescentes me deixa jovem. Eu preciso estar no pique deles, eu tenho que acompanhar eles nas ideias, nas gírias. Eu sou muito realizada com o que eu faço.”

Além de ofertar plantões tira-dúvidas para os alunos, Suzi é coordenadora de dois projetos: o Anuário Integrado e o Notas de Matemática.

Uma conexão que ultrapassa gerações

Para além do amor pelos alunos e pela docência, Suziane possui uma conexão de longa data com o CTISM. Durante a adolescência, enquanto a mãe ministrava aulas, Suzi e a irmã passavam horas desbravando as salas e laboratórios do Colégio, que, na época, tinha uma estrutura muito menor do que a atual.

“Às vezes, o diretor não estava e nós íamos para a sala dele brincar de datilografar. Presenciei as trocas de máquinas de datilografia quando foram substituídas pelas elétricas no Colégio. Aqui era o pátio de casa”, recorda.

Suziane lembra com muito carinho da mãe, Nara, que faleceu quando ela tinha 19 anos. A professora explica que Nara teve uma vida muito difícil e que a relação com o marido era abusiva.

“O meu pai era muito machista. Ele não queria que ela trabalhasse, batia nela e, mesmo sendo professora da universidade e ganhando mais do que ele, ela permaneceu casada durante 19 anos.”

Hoje em dia, quando uma mulher decide passar pelo processo de divórcio, ela ainda é muito criticada pela sociedade. Durante a década de 80, esse julgamento era ainda maior, por isso, mesmo que os colegas de trabalho e familiares de Nara soubessem que o casamento era problemático, foi muito difícil para ela conseguir se divorciar.

“Eu tinha ali meus 14 anos, década de 80 e era feio a mulher sair com o cabelo molhado na rua. Então era muito feio para minha mãe que nasceu na década de 50, para ela, uma mulher separada, estava à mercê da sociedade, as filhas jovenzinhas, o que que iam dizer, né? Com isso ela foi protelando um casamento infeliz, onde havia situações do meu pai jogar todas as roupas dela para fora, dele mandar ela embora de casa e lá ela ia, recolhia todas as roupas e botava para dentro e seguia o casamento dela”, relembra Suziane.

Três anos após conseguir se separar do marido, Nara recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Ela faleceu aos 39 anos de idade. Como homenagem póstuma, o Colégio em que ela trabalhou por 10 anos, hoje tem uma biblioteca em seu nome.

Ao ser questionada sobre como crescer em um lar disfuncional teve impacto em sua vida, emocionada, Suzi explica: “Eu cresci num ambiente de puro amor, onde a minha mãe, ela supria todas as necessidades que a gente tinha, no amor, no cuidado, na amizade, no companheirismo. Ela foi a mãe mais maravilhosa que eu pude ter no pouco tempo que eu tive”.

Algum tempo após o falecimento da mãe, Suzi cortou relações com o pai. “Eu tive um pai que não era presente, um pai que batia na na mãe. Hoje eu entendo que nem todas as relações foram feitas para dar certo. Inclusive de pai e de filha. Então eu acho que tudo é fruto das escolhas que a gente faz”.

Desde muito cedo, Suziane aprendeu a lutar contra o machismo. Na infância viu a mãe lutar por independência, já na vida profissional enfrentou situações em que precisou de muita coragem para se impor.

“Já houve situações em que eu fui taxada de louca e precisei me posicionar firmemente, enfrentar o sistema que é autoritário. Apesar de haver um preço nas minhas relações sociais, não me arrependo e faria tudo de novo, por mim e por outras mulheres.”

Os desafios de conciliar a maternidade com o trabalho

Suzi tem dois filhos, que hoje em dia já são adultos. Mas, quando eles eram pequenos, não foi fácil equilibrar a vida profissional e pessoal, algo que para ela só foi possível graças ao apoio do marido. “É essencial ter um companheiro que te apoie em todos os momentos”.

Além disso, para Suzi um dos momentos mais desafiadores que já viveu dentro do CTISM foi a pandemia. “Eu saí daqui no dia 23 de março de 2020. Eu cheguei em casa, tinha turma que eu nem conhecia ainda.Eu cheguei em casa e organizei todos os meus grupos, mandei o meu polígrafo para todos os grupos e a partir dali eu não deixei um dia de dar aula.”

Hoje em dia, Suzi se considera extremamente realizada sendo professora, “eu nasci para ser professora. O CTISM é um propósito de vida para mim”.


Texto: Myreya Antunes, bolsista de Jornalismo do Núcleo de Comunicação Institucional do CTISM.

Fotos: Gabriel Montelli

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