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Santa Maria recebe Copa Gaúcha de Goalball pela primeira vez

Competição estadual reúne equipes masculinas e femininas, no Farrezão, em 27 de setembro, com entrada gratuita



Reportagem e redação: Maria Brignol De Llano Einhardt e Marina Ferreira dos Santos

Santa Maria será sede da Copa Gaúcha de Goalball pela primeira vez. A competição, que aconteceria em agosto e foi remarcada para o dia 27 de setembro em função da chuva, ocorre no Centro Desportivo Municipal (CDM), o Farrezão. Durante todo o sábado, a partir das 7h30 da manhã e com entrada gratuita, o evento é uma realização do Centro de Referência Paralímpico Brasileiro (CRPB UFSM) e do Núcleo de Apoio e Estudos da Educação Física Adaptada (NAEEFA). 

História do Goalball

De acordo com a Federação Internacional de Desportos para Cegos (IBSA – International Blind Sports Federation), o Goalball foi criado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorenzen e pelo alemão Sepp Reindle, com o objetivo de contribuir para a reabilitação de veteranos de guerra com deficiência visual. Nas décadas de 1950 e 1960, a modalidade passou por um processo de transformação, ganhando características mais competitivas. À medida que os atletas aprimoravam suas habilidades ofensivas e defensivas, o esporte evoluiu.

O goalball ganhou projeção internacional durante os Jogos Paralímpicos de Heidelberg 1972, quando foi apresentado como esporte de demonstração. Lá, provou ser uma contribuição relevante ao programa e estreou oficialmente na edição seguinte, nos Jogos Paralímpicos de Toronto, em 1976. ****Nesta primeira versão, contou apenas com equipes masculinas, e a Áustria foi a primeira seleção a deter o título paralímpico do goalball após uma vitória por 4 a 2 sobre a Alemanha Ocidental.

Em 1978, em homenagem ao ouro, os austríacos sediaram o primeiro Mundial da modalidade, na cidade de Voecklamarkt. E, apenas na edição seguinte, as mulheres foram inseridas, em Indianápolis, Estados Unidos – curiosamente, seguindo a tradição do primeiro Mundial, as donas da casa também foram as campeãs.

Atualmente, a Seleção Masculina de Goalball do Brasil é uma potência no cenário internacional: tricampeão mundial e conquistou ouro em Tóquio 2020, prata em Londres 2012 e medalhas de bronze no Rio 2016 e em Paris 2024. A Seleção Feminina ainda não conquistou medalhas paralímpicas, mas detém um bronze no mundial de Malmö e ficou com a prata na tradicional Malmö Cup, na Suécia, quando derrotou a bicampeã olímpica Turquia na semifinal. No último ranking da IBSA, de julho de 2025, o Brasil é o primeiro colocado no naipe masculino e o terceiro colocado no naipe feminino.

Regras e marcações do Goalball

O goalball é disputado em uma quadra com as mesmas dimensões e marcações do vôlei, mas adaptada para possibilitar a orientação dos atletas com deficiência visual. Para isso, as linhas recebem um barbante coberto por fita, permitindo que sejam identificadas pelo tato com as mãos ou com os pés. As goleiras possuem nove metros de largura e funcionam como ponto de referência para a localização em quadra.

Entre as marcações estão a linha do pivô, localizada no centro, e os espaços destinados aos alas, que também contam com sinalizações em formato de “T”. Durante a partida, os jogadores utilizam principalmente o contato com os pés para reconhecer as linhas e se posicionar corretamente.

O esporte exige ainda que a bola, equipada com guizos internos, toque obrigatoriamente no solo em determinadas linhas antes de alcançar o campo adversário. Essa regra garante que os atletas possam identificar a trajetória do arremesso pela audição. Caso a bola não cumpra esse percurso, a jogada é invalidada e pode ser caracterizada como falta, chamada de high ball ou long ball, dependendo da infração cometida.

Estrutura das equipes e treinos

Quatro cidades compõem hoje as principais equipes de goalball do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Farroupilha, Rio Grande e Santa Maria. Neste ano, Ijuí também se prepara para integrar a modalidade. A Federação Rio-Grandense de Entidades de e para Cegos (FREC), formada por atletas dessas equipes, coordena a Copa Gaúcha e define, em sistema de rodízio, as cidades que recebem as etapas anuais.

Nos treinos, o trabalho segue a lógica dos esportes coletivos, com foco em preparo físico, técnicas e táticas de jogo. A principal diferença está na forma de transmitir os exercícios: como os atletas têm cegueira ou baixa visão, os comandos são dados de forma descritiva, com uso frequente do tato. Professores utilizam do toque em braços e pernas ou à reprodução de movimentos para que os jogadores compreendam e executem as ações dentro de quadra.

Retomada e desafios da equipe feminina

A formação de equipes femininas de goalball ainda enfrenta grandes desafios no Rio Grande do Sul. Desde 2019, Santa Maria não conseguia reunir quórum feminino para competir. Uma das atletas locais, Ester Giuliani, participa das competições todos os anos, mas representa Porto Alegre devido à falta de elenco na cidade. Recentemente, o grupo conseguiu trazer de volta uma egressa da UFSM, Nayara Braga Canabarro, formada em Publicidade e Propaganda, além de contar com jogadoras de Rio Grande e de Ijuí, ainda em fase inicial de treinamento.

Mesmo Porto Alegre, única cidade que consegue manter uma equipe feminina em torneios regionais, precisa buscar atletas em outras cidades para completar o elenco. A dificuldade se relaciona não apenas ao número reduzido de interessadas, mas também às barreiras de locomoção enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual, como transporte público e falta de acessibilidade urbana.

O professor Felipe Gaspary, coordenador do projeto, destaca a dificuldade em manter a equipe feminina: “Hoje temos duas meninas apenas, o que ainda não nos permite formar uma equipe feminina própria. Por isso estamos sempre procurando, vasculhando e nos informando sobre pessoas com deficiência visual que queiram participar.”

Em consonância com o comentário de Felipe, Nayara reforça a importância de espaços adaptados: “Nos outros esportes eu sempre era a última a ser escolhida e me sentia mal. No goalball eu percebi que não era ruim, eu só estava em um esporte que não era adaptado para a minha deficiência. Aqui eu me sinto incluída e pertencente”.

Equipe masculina com destaque

Na equipe masculina, a história é praticamente contrária à do time feminino. Daniel Gelsdorf, por exemplo, há cerca de três meses saiu de Candelária para poder treinar de forma mais assídua com o grupo em Santa Maria. “Eu vim para treinar mesmo com a galera. Morava longe e junto com o trabalho eu não conseguia frequentar os treinos”, conta Daniel.

Ele pratica a modalidade desde 2023 e, no ano passado, quando o elenco masculino participou do Campeonato Regional Sul, se destacou e foi convocado a integrar o time da Região Sul nos Jogos Juvenis. A competição é disputada por equipes formadas por atletas selecionados pela Confederação Brasileira de Desportos para Cegos (CBDV) com, no máximo, 23 anos de idade, que representam as cinco regiões do país. As atividades são sediadas no Centro de Treinamento do Comitê Paralímpico Brasileiro, o CT Paralímpico, na cidade de São Paulo. “A estrutura que tem lá é gigante, sabe? E também o aprendizado que a gente traz pra equipe, querendo ou não, acaba contribuindo no dia a dia”, destaca o candelariense quanto à sua experiência no CT Paralímpico.

História do projeto e participação aberta

Criado entre 2010 e 2012 como projeto de extensão, o goalball da UFSM passou por um período de inatividade, sendo retomado em 2019. Desde então, a equipe participa de copas estaduais, torneios do Sul do Brasil e busca se consolidar em competições nacionais organizadas pela CBDV.

Os treinos das equipes acontecem às segundas e quartas-feiras, das 17h30 às 19h30, no Ginásio 3 do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da UFSM. O projeto é coordenado pela professora Luciana Palma, em parceria com Felipe, dentro do CRPB/UFSM e do NAEEFA. O trabalho prioriza fundamentos como arremesso, defesa e leitura do adversário, além de preparação física adaptada às necessidades de cada atleta.

Qualquer pessoa interessada que tenha cegueira ou baixa visão pode participar. Basta entrar em contato com o NAEEFA pelo Instagram *@crpbufsm.naeefa.*

Após a chegada, é criada uma ficha com os dados do participante e, em seguida, todos podem integrar os treinos.

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