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Lançamento da 14ª coletânea do Ateliê de Textos celebra autoria estudantil e aproxima universidade e comunidade

Evento realizado em Campos Borges reuniu alunos-autores, famílias, professores e equipe do programa, marcando o encerramento de mais um ciclo de oficinas de leitura e escrita



A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a comunidade escolar de Campos Borges celebraram, na última sexta-feira (14), o lançamento da coletânea produzida pelos estudantes participantes da 14ª edição do Programa Ateliê de Textos. O evento ocorreu no Centro Cultural do município e contou com a presença dos alunos-autores e seus familiares, professores da E.E.E.B. João Ferrari, autoridades locais, integrantes da equipe do programa e acadêmicos do curso de Licenciatura em Letras que atuaram na prática extensionista.

A coletânea foi publicada em formatos e-book e impresso, marcando a culminância de um trabalho realizado ao longo de todo o ano letivo e reafirmando a potência da escrita como experiência formativa, social e afetiva. Está disponível para leitura gratuita clicando aqui!

Alunos-autores, equipe e homenageados Ateliê de Textos 2025


Um programa que transforma a relação com a leitura e a escrita

         Com quase 15 anos de atuação, o Ateliê de Textos é um programa de extensão vinculado ao Centro de Artes e Letras (CAL) da UFSM que vem transformando a forma como a leitura e a escrita são trabalhadas em escolas públicas da região. Criado em 2011 como projeto de extensão e institucionalizado como programa em 2021, o Ateliê reúne ensino, pesquisa e extensão em uma proposta colaborativa que envolve comunidade escolar, professores universitários e estudantes de graduação e pós-graduação.

        Coordenado pela professora Cristiane Fuzer, do Departamento de Letras Vernáculas, o programa desenvolve oficinas de leitura e produção textual junto a estudantes dos anos finais do ensino fundamental. As ações são realizadas por acadêmicos de Letras e professores das escolas parceiras, sob orientação da equipe da UFSM, em um processo pedagógico que valoriza autoria, reflexão crítica e participação ativa dos alunos.

       “O Ateliê de Textos tem como objetivo fazer um trabalho colaborativo entre escolas e universidade, voltado à formação inicial de professores de Língua Portuguesa e ao aprimoramento do letramento de estudantes da educação básica”, explica a coordenadora. “É um processo que envolve o ensino, a pesquisa e a extensão, beneficiando tanto quem ensina quanto quem aprende”.

Do planejamento à autoria: como funciona o Ateliê de Textos

A metodologia do programa organiza o ensino da escrita em etapas de pré-escrita, (re)escrita e pós-escrita, incluindo atividades de leitura, contação de histórias, produção textual e devolutivas individuais e coletivas.

 

As oficinas seguem os princípios da Pedagogia de Gêneros, que estrutura o aprendizado em quatro momentos:

  • desconstrução do gênero (leitura e análise detalhada);

  • construção conjunta;

  • produção independente;

  • socialização da versão final.

 

“Os alunos começam lendo e analisando um gênero textual, depois escrevem coletivamente, com apoio dos bolsistas e professores, até se sentirem seguros para produzir de forma independente”, comenta Cristiane. “Cada texto passa por um processo de revisão e reescrita até chegar à sua versão final”.

O ponto alto de cada edição é justamente a publicação do livro, etapa que se materializou na celebração desta 14ª edição. Para a coordenadora, “as crianças se tornam autoras e vivem a experiência de ver seu texto publicado e compartilhado com o mundo. Isso reforça a autoestima, o protagonismo e a compreensão de que a escrita tem valor social”.

O programa também produz cadernos didáticos e cartilhas, elaborados pela equipe e publicados pela Editora da UFSM e pela Editora da PRE. Cinco volumes já foram lançados, além das coletâneas dos alunos, todas disponíveis gratuitamente no repositório institucional da universidade.

 
Alunos autografando - Lançamento 2025

Fundamentos teóricos e produção de conhecimento

A base do programa está na Linguística Sistêmico-Funcional, teoria de Michael Halliday que compreende a linguagem como sistema sociossemiótico. Essa perspectiva sustenta a utilização da metodologia “Ler para Aprender”, adotada nas oficinas e nas ações de formação docente.

“Todo projeto precisa ter base científica. No nosso caso, trabalhamos com a linguística sistêmico-funcional, que embasa nossa prática e nossas pesquisas”, afirma a coordenadora. As oficinas e materiais produzidos servem também como corpus para iniciação científica, trabalhos de mestrado e doutorado, além de publicações e participação em eventos nacionais e internacionais.

 

O programa integra ainda uma rede de pesquisadores brasileiros e latino-americanos dedicados à Pedagogia de Gêneros e à metodologia “Ler para Aprender”, ampliando o alcance das ações para além dos espaços da UFSM.

Integração com o ensino e impacto social

Desde 2020, o Ateliê de Textos está inserido no currículo do curso de Letras – Licenciatura em Língua Portuguesa, por meio da disciplina “Leitura e Produção de Textos: Práticas de Avaliação e Mediação”. Essa integração permite que os acadêmicos vivenciem a realidade escolar desde a graduação e desenvolvam competências práticas para sua futura atuação docente.

Ao longo de quase 15 anos, o programa já atendeu cerca de 40 escolas públicas de Santa Maria, da Quarta Colônia e da região Central, incluindo Restinga Sêca, Faxinal do Soturno, Agudo e Campos Borges. Cada edição trabalha com um gênero textual diferente, como narrativa, fábula, biografia ou observação comentada, sempre em diálogo com as demandas das escolas parceiras.

“As relações humanas construídas nesse processo são tão importantes quanto o aprendizado técnico”, afirma Cristiane, ao destacar a dimensão afetiva e comunitária que atravessa o trabalho.

Alunos da escola E.M.E.I.E.F. Dezidério Fuzer (2024)

Reconhecimento institucional e desafios

         O trabalho desenvolvido pelo Ateliê de Textos já recebeu reconhecimento nacional em duas ocasiões que marcaram profundamente a trajetória do programa. Em 2013, o projeto foi contemplado com o Prêmio RBS de Educação, voltado ao impacto comunitário. Segundo a coordenadora, esse prêmio foi decisivo para ampliar a atuação da iniciativa: “Com o valor do prêmio, nós conseguimos, no ano seguinte (2014), atender duas escolas. Conseguimos pagar bolsas, comprar materiais para o projeto. Foi um momento muito importante para expandir as ações”.

        Já em 2017, o programa recebeu o Prêmio Rubens Murillo Marques, concedido pela Fundação Carlos Chagas, dessa vez reconhecendo o trabalho voltado à formação inicial de professores. “O prêmio RBS foi focado no trabalho com os alunos das escolas, e o prêmio da Fundação Carlos Chagas foi mais focado no trabalho que eu faço com os professores em formação aqui na universidade”, explica Cristiane.

      Juntos, os dois prêmios permitiram a ampliação do número de escolas atendidas e a consolidação da metodologia que hoje estrutura o programa. Cristiane recorda que, após os editais e reconhecimentos, o Ateliê viveu seu período “dourado”: “Conseguimos muitos recursos. Compramos computador, muita coisa para o projeto que estamos usando até hoje […], e conseguimos atender quatro escolas em um ano, cinco escolas em outro”.

      Os prêmios, portanto, não apenas legitimaram o impacto social e formativo do programa, mas também garantiram condições materiais e de equipe para que o Ateliê de Textos se tornasse uma referência em leitura, escrita e formação docente na UFSM e na região.

      Ao longo de sua trajetória, o Ateliê de Textos também contou com importantes fontes de financiamento que possibilitaram a continuidade e a ampliação de suas ações. Além dos prêmios já recebidos, o programa foi contemplado pelos editais PROEXT MEC-Sisu em 2015 e 2016, o que garantiu recursos para estruturação de materiais e atividades. Em 2020 e 2021, o Ateliê também recebeu apoio por meio do edital Geoparques da UFSM, fortalecendo o desenvolvimento das oficinas e das pesquisas associadas. Atualmente, o programa se mantém com recursos do FIEX, da Pró-Reitoria de Extensão (PRE), e com o apoio institucional do Centro de Artes e Letras (CAL), assegurando a continuidade das atividades de formação docente e letramento em escolas públicas.

 

A escrita como ferramenta de cidadania

Ao promover o encontro entre universidade e escola, o Ateliê de Textos reafirma a linguagem como prática social e instrumento de transformação. A cada nova edição, novos estudantes experimentam o prazer de escrever, revisar, compartilhar e publicar seus textos. Para a coordenadora, esse é o verdadeiro sentido do programa: “O Ateliê de Textos é um espaço onde todos aprendem, sejam os professores, os acadêmicos e os alunos das escolas. É a universidade cumprindo seu papel de estar próxima das escolas e das comunidades, ajudando a formar leitores, escritores e cidadãos mais conscientes do seu lugar no mundo”.

 

Para saber mais sobre o Programa Ateliê de Textos, acompanhar as atividades e acessar materiais produzidos ao longo das edições, visite o site oficial do projeto ou o perfil no Instagram: @atelie.de.textos.ufsm

 

 

Texto: Gabriele Mendes, bolsista de Jornalismo da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).

Revisão: Valéria Luzardo, bolsista de Revisão Textual da Subdivisão de Divulgação e Editoração (PRE/UFSM).

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