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O crescimento da Leishmaniose Visceral e as medidas necessárias para o combate da doença



O aumento dos casos da doença em cães acende alerta para a doença em humanos.

Segundo dados do Informe Epidemiológico de Leishmanioses das Américas (Dez/2023), o Brasil teve 12.878 casos em 2022 e a tendência foi de crescimento de 2023 a 2024. Pesquisadores da Fiocruz alertam para o aumento no número de cães com a doença. O cenário, se não for controlado, pode indicar uma possível disseminação da doença em humanos. Diante dessa situação, o Plano de Ação para as Leishmanioses da Opas para o período 2023-2030 foi atualizado, discutido e acordado com países endêmicos, além de especialistas, pesquisadores e cientistas. O plano busca fortalecer as ações de vigilância e controle, incluindo a ampliação do acesso e implementação de metodologias de diagnóstico.

Para o Médico Veterinário Luís Antonio Sangioni, um dos motivos a serem considerados diante do avanço da doença são as alterações climáticas dos últimos anos, quando houve um aumento da população de mosquitos que transmitem o parasito. Além disso, para o professor, o fato do homem ocupar cada vez mais áreas silvestres, aumenta o risco de adquirir a infecção, tendo em vista a frequente presença desses vetores. Além disso, os mosquitos se adaptaram ao meio urbano e consequentemente houve a dispersão desses insetos nas cidades. Atualmente, o mosquito pode ser encontrado com frequência nas residências, pátios e quintais.

Em Santa Maria, cidade da região central do RS, foi identificado a presença do principal vetor (Lutzomya longipalpis) que é responsável por transmitir a leishmaniose visceral (Leishmania infantum). Com isso, o município foi classificado – pelos dirigentes sanitários – como “Área de Transmissão”. A cidade registrou, segundo o professor, duas mortes em humanos por leishmaniose visceral, nos dois últimos anos. Além disso, houve um aumento de diagnósticos da doença em cães no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e outros hospitais veterinários privados da cidade.

Mas, o que a Leishmaniose pode causar?

A leishmaniose é uma doença considerada uma zoonose, ou seja, transmitida por animais e ocasionada por um protozoário (organismo de única célula), sendo transmitida por um flebotomíneo (mosquito-palha). No homem, a enfermidade se apresenta de duas formas: cutânea e visceral. A forma cutânea é manifestada por feridas na pele, que aumentam com o tempo de evolução. As lesões podem ser únicas ou disseminadas pelo corpo. Na forma visceral – mais grave – a doença se manifesta em lesões no fígado, baço, palidez, aumento do volume abdominal, febre, apatia e falta de apetite, podendo conduzir à morte. Para o professor Sangioni, é importante ficar em alerta para a presença de feridas na pele que não cicatrizam, ou observar algum mal-estar, como febre, fadiga, pele amarelada ou desconforto abdominal.

Os cães apresentam lesões disseminadas pela pele, perda de pelo, magreza (caquexia), perda de pelos, escoriações, aumento exagerado das unhas, endurecimento do coxim plantar e morte.

Conforme orienta Sangioni, quando o indivíduo for realizar atividades no meio silvestre ou próximo a matas, como pescarias, caminhadas em ambientes silvestres, recomenda-se a aplicação de repelentes, bem como, a utilização de calças compridas e camisas ou blusas de mangas longas. As janelas das residências ou estabelecimentos devem ser teladas e preconiza-se a aplicação de inseticidas ou a colocação de pastilhas inseticidas repelentes em aparelhos elétricos específicos, nos ambientes internos, no entardecer, para impedir a infestação dos mosquitos.

Nos berços e camas das crianças menores, a recomendação do professor é cobrir com mosquiteiros. Os pátios e quintais devem ser limpos constantemente, pois os mosquitos têm preferência por áreas onde existem matérias orgânicas. É importante observar os animais constantemente e verificar a existência de lesões cutâneas e perdas de pelos, além de secreção ocular, emagrecimento progressivo, apatia, coceiras, aumento de volumes em área de pescoço ou abdômen e qualquer anormalidade deve ser encaminhado ao médico veterinário ou comunicado aos órgãos sanitários públicos. Os animais que forem diagnosticados com a doença devem receber coleiras inseticidas para não permitir que novos mosquitos se alimentem e transmitam a enfermidade aos humanos e outros animais. O tratamento deve ser realizado precocemente para haver diminuição da carga parasitária.

No contexto mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam cerca de 1 milhão de casos de leishmaniose por ano. Dentre eles, aproximadamente 20 mil resultam em óbito. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, entre os anos de 2011 e 2020 foram confirmados mais de 33 mil casos de leishmaniose, com uma média de 3,3 mil por ano.

Tayline Alves

Bolsista de comunicação da Ciência Rural

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