Já pensou em coletar energia do ar e transformá-la em energia elétrica? Pois foi com esse trabalho que a aluna de mestrado do programa de Pós-Graduação em Química, Kelly Schneider Moreira ganhou um concorrido prêmio no maior congresso de materiais do Brasil, organizado pela Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais, a SBPMat.
O trabalho, orientado pelo Prof. Thiago Burgo do departamento de física e orientador nos programas de pós-graduação em química e em física da UFSM, tem como objetivo coletar íons presentes na atmosfera de uma maneira inteligente. “Desenvolvemos um material muito especial a base de carbono nanoestruturado (com partículas muito pequenas) impregnado em papel que pode ser modificado para hora coletar íons positivos e hora coletar íons negativos do ar“, explica o professor. “Quando juntamos dois desses materiais, um com capacidade de coletar íons positivos e outro com capacidade de coletar íons negativos, o que temos é uma espécie de pilha, capaz de gerar uma corrente elétrica útil para muitos tipos de sistemas” continua o professor.
Coletar energia do ar é um sonho antigo, mas avanços recentes têm permitido explorar essa possibilidade. O grupo de pesquisa do qual Thiago fez parte durante sua pós-graduação, têm um pedido de patente nesta área, mas a energia coletada com este trabalho supera todas as pesquisas correntes na área, tanto em energia coletada quanto em preço. “Com 10 discos de papel, com menos de 2,5 cm de diâmetro, podemos gerar uma tensão de quase 5 V, suficiente para ascender 30 LEDs ou fazer funcionar um dispositivo pequeno, apenas com energia da atmosfera” conta Thiago.
Este trabalho de mestrado envolve a colaboração entre a UFSM e a Universidade de Campinas (Unicamp), que foi onde a aluna fez um breve estágio para entender os processos de obtenção desse carbono nanoestruturado que é feito a partir de grafite e é parte fundamental deste material. “Como é feito com grafite e papel, este material é não apenas sustentável como também facilmente escalonável, ou seja, pode ser produzido em grandes quantidades” explica Kelly.
Foi com este trabalho intitulado “Hygroelectric generator based on nanostructured carbon and cellulose for energy harvesting devices” apresentado em uma das mais concorridas sessões do congresso, a sessão “U – Carbon-based materials and devices” que a aluna Kelly ganhou o Prêmio Bernard Gross, concedido a um trabalho em cada uma das 23 sessões do congresso, que neste ano contou com aproximadamente 2500 trabalhos.
Essa não é a primeira vez que a aluna é premiada. Em 2017 também ganhou o Prêmio Bernard Gross na SBPMat, o prêmio de melhor pôster da Reunião de Química da região sul e foi finalista do Prêmio 3M para estudantes universitários com trabalho usando caixas de leite.