Dos dias 27 de novembro a 4 de dezembro, o Brasil sediou virtualmente a XXVI Olimpíada Ibero-americana de Física (OIbF). O evento que, pela primeira vez, realizou edição virtual organizada por um só país, contou com a participação de delegações de 17 países. Nesta edição, todos os estudantes da delegação brasileira conquistaram medalhas de ouro. Pela ordem de classificação no evento: Lucas Oliveira (Instituto Federal do Maranhão, MA), Gabriel Barros (Máster Colégio, Ceará), Matheus Felipe Borges (Colégio Christus, Ceará) e João Victor de Mello (Colégio Ari de Sá, Ceará) conquistaram quatro das cinco medalhas de ouro disputadas na competição. A equipe brasileira foi liderada pelos professores Dr. Leandro de Oliveira (Universidade Estadual Paulista) e Dr. José Jamilton dos Santos (Universidade Estadual da Paraíba).
A coordenação geral do evento ficou a cargo do Prof. Dr. Ricardo Andreas Sauerwein, professor do Departamento de Física do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Este, teve como colegas o Dr. Mário César Soares Xavier (UEPB) como coordenador local e o Dr. Ivan Guilhon Mitoso Rocha (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), como coordenador acadêmico da competição.
A OIbF é uma Olimpíada Internacional de Física de alto nível destinada a estudantes do ensino médio. Ela é organizada por professores e pesquisadores de Física dos países Ibero-americanos (20 países latino-americanos mais Espanha e Portugal). A 26.ª edição foi sediada em João Pessoa, estado da Paraíba, e contou com eventos culturais e palestras. Uma destas, a palestra intitulada “História da Música no Brasil”, ministrada pelo Dr. Paulo Augusto Castagna, teve o objetivo de mostrar que a música brasileira é muito mais que samba. Também ocorreu a palestra “BINGO Telescope: the waves from Paraiba’s outback” (Radiotelescópio BINGO: ondas do sertão da Paraíba), ministrada pelo Prof. Dr. João Rafael Lucio dos Santos, em português (assista no Youtube), que demonstrou um pouco da democratização do acesso à astrofísica, através de projetos de pesquisa e extensão. BINGO é um anagrama para Baryon acoustic oscillations from Integrated Neutron Gas Observations. Este é um projeto pioneiro que visa construir um radiotelescópio no sertão da Paraíba como instrumento para levantamento de dados cosmológicos em larga escala, sobretudo para mapear a emissão de hidrogênio neutro desviada para o vermelho entre z = 0.13 e 0.45. O evento aconteceu ao longo de uma semana, e seus componentes principais foram duas provas, uma teórica e outra experimental, de até cinco horas de duração.
O Coordenador Geral, Prof. Dr. Ricardo Andreas Sauerwein (UFSM), conta que, com a pandemia, o comitê científico da OIbF optou por desenvolver um aplicativo web de simulação computacional especialmente para a prova: “Esse foi um dos desafios que conseguimos superar. Nós fizemos um app próprio que simulava o comportamento de materiais paramagnéticos e ferromagnéticos, e a prova foi feita em torno dele”, relata.
Participaram do evento, 57 estudantes e 33 delegados, 1 observador, 7 acompanhantes, 3 membros do secretariado permanente da OIbF e 8 membros do comitê organizador. Para o professor Ricardo, eventos no formato virtual têm muitas limitações quando comparados aos presenciais, no entanto, isso não tira a importância do evento online. “A OIbF online mantém a OIbF viva, ela é uma ponte até a volta da presencialidade. Assim como qualquer evento internacional, a OIbF também é um canal de comunicação e trocas com outros países, em geral, mostramos e temos uma visão de cada país muito mais consistente do que apresentamos e vemos em manchetes de jornal.”
Além disso, salienta que a premiação da delegação brasileira é um momento de vibração e alegria para todos, que passa a sensação de dever cumprido e de que estão caminhando na direção certa. De acordo com o professor, os estudantes que participam de eventos internacionais servem de exemplos para os demais estudantes de seus países e ao participar eles conhecem outras culturas, constroem relações de amizades que duram a vida toda e trazem tudo isso de volta para as próprias escolas.
O Centro de Ciências Naturais e Exatas da UFSM parabeniza a todos os participantes e organizadores do evento, que foi um sucesso em termos científicos e acadêmicos e um ganho para a área de física do nosso país.
Para mais informações sobre a Olimpíada Ibero-americana de Física acesse o site.
Texto: Jéssica Medeiros
Edição: Natália Huber da Silva