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Reconhecendo a vida invisível: o combate à Impercepção Botânica pelo programa “Que Mato É Esse?”



A impercepção (cegueira) botânica é um fenômeno que afeta diariamente a relação das pessoas com o ambiente natural ao seu redor. Caracterizada pela incapacidade de reconhecer e apreciar a diversidade  das plantas, ela é um obstáculo significativo para a conscientização ambiental e a compreensão da importância do reino vegetal em nossas vidas. 

Muitos de nós passamos por campos, florestas e jardins sem enxergar a riqueza e a complexidade das plantas que nos cercam. Este fenômeno possui consequências profundas que vão desde a degradação ambiental até a subvalorização da flora local.

Na reportagem a seguir, exploraremos a impercepção botânica, discutindo suas causas, consequências e, mais o mais importante, como o programa de extensão “Que Mato É Esse?” do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está combatendo esse fenômeno e promovendo a conscientização ambiental.

A impercepção botânica afeta a relação meio ambiente e sociedade

Segundo o Prof. Dr. Pedro Joel da Silva Filho, coordenador do Programa “Que Mato É Esse?” e servidor do Departamento de Biologia do CCNE, a cegueira botânica impede que as pessoas reconheçam a diversidade nos ambientes naturais e sua importância.

Vejo frequentemente pessoas passando por monoculturas dizendo: como são lindos estes campos, como a natureza é linda! E na realidade o que temos ali é um ambiente pobre e degradado, basicamente um deserto mascarado de verde.”

Além da falta de conhecimento e familiaridade com o reino vegetal, Pedro complementa que a sociedade tem dificuldades de compreender e se identificar com seres vivos além dos mamíferos, afinal é difícil criar conexão com algo diferente e que não possui interações e expressões semelhantes, como é o caso das plantas.

Uma das consequências deste fenômeno é a desvalorização de espécies vegetais que não possuem utilidade para os seres humanos, fazendo com que elas sejam rotuladas de maneira pejorativa como “mato”. Essa desvalorização faz com que o interesse por espécies nativas que não são ornamentais, medicinais e alimentícias diminua, resultando em ecossistemas e biodiversidade abandonados, bem como na formação de uma sociedade que não compreende a interdependência entre todas as formas de vida no planeta.

De acordo com o professor, o programa aborda a impercepção botânica de várias maneiras e, uma delas, é trabalhando a educação ambiental por meio de trilhas guiadas no Jardim Botânico da UFSM, onde os visitantes têm a oportunidade de aprender sobre as plantas, suas interações e a importância ecológica, além de outros conteúdos trazidos pelos bolsistas. O público alvo dessas visitas são principalmente escolas da educação básica de Santa Maria que costumam trazer excursões com fins educativos com turmas que podem algumas vezes ultrapassar, 80 estudantes.

Bolsistas do programa, levando os estudantes da escola Coração de Maria ao Jardim Botânico da UFSM, onde são feitas trilhas guiadas para abordar a importância das plantas.

“Que Mato é Esse?”

Na tentativa de auxiliar no combate à impercepção botânica e promover a conscientização ambiental, o projeto coordenado pelo Prof. Pedro Joel Filho, foi inspirado na ideia de trabalhar a botânica sob a perspectiva de extensão universitária. O objetivo do programa é promover a educação ambiental por meio das plantas, estabelecendo conexões entre o conhecimento popular e científico junto às comunidades. A ideia principal é direcionar a atenção da população para a flora1 local. 

O “Que Mato É Esse”, é um Programa “guarda-chuva”, que possui  outros projetos integrados relacionados a diferentes temas, para além da impercepção botânica. O coordenador afirma que, no momento, existem outros dois projetos ativos: um relacionado a Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCS) e outro relacionado à importância da polinização e espécies de abelhas nativas. “Partimos sempre do conhecimento trazido pelos nossos visitantes, tentando adequar o conteúdo abordado a cada realidade e, a partir disso, aprendemos, validamos e complementamos as informações apresentadas.”

A estudante de Ciências Biológicas, Gabriella Priscilla Niesciur Rex (loira de camiseta preta), é bolsista do programa e trabalha com o tema Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCS), um dos projetos do Programa “Que Mato É Esse?”

Para o professor, um dos maiores desafios é promover a conscientização sobre a importância das plantas, indo além de sua utilidade direta para o ser humano, e a importância ecológica na manutenção de um meio ambiente equilibrado. Além disso, o programa espera tornar os assuntos pertinentes e relacionados à botânica como temas frequentes no cotidiano da sociedade em geral. A longo prazo, espera-se que as pessoas reconheçam e saibam diferenciar mais as espécies e compreendam suas interações, desenvolvendo uma consciência de que a conservação de uma pluralidade  vegetal é essencial para a saúde do meio ambiente.

A impercepção botânica é um desafio que afeta nossa compreensão e apreciação do mundo natural e programas como o “Que Mato É Esse” da UFSM desempenham um papel fundamental neste processo, em uma tentativa de tornar a botânica mais acessível e relevante para toda a população. É fundamental reconhecer que as plantas desempenham um papel vital na manutenção de ecossistemas saudáveis e na nossa própria sobrevivência.

Para  interessados em participar do Programa “Que Mato é Esse?” e seus projetos,  basta entrar em contato com o coordenador por meio do e-mail: pedro.filho@ufsm.br.

 

Flora¹: conjunto de plantas; vida vegetal.

 

Texto: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.

Edição: Natália Huber, chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE.

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