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Curso de Geografia realiza Trabalho de Campo Integrado no território da Quarta Colônia



Texto de: Prof. Cesar de David, Prof. Marcelo Chelotti, Prof. Cleder Fontana e Vanessa Oliveira, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia. 

No último dia 10 de novembro, foi realizado o Trabalho de Campo, organizado pelos professores Cesar De David, Cleder Fontana e Marcelo Cervo Chelotti, denominado “A diversidade do território e as ruralidades tradicionais e contemporâneas”. A atividade integrada contou com a participação dos alunos de graduação da Geografia bacharelado e licenciatura das disciplinas de Geografia Rural, Teorias e Políticas Públicas do Planejamento e Ordenamento Territorial, também dos alunos de pós-graduação, mestrado e doutorado, das disciplinas de Geografia dos Alimentos: questões teóricas e temas emergentes e Territórios rurais: Dinâmicas e conflitos.

Na geografia, o trabalho de campo é essencial para análise dos elementos presentes nas diferentes categorias do espaço. Destaca-se também o processo de observar e compreender os conceitos dos diferentes campos teóricos trabalhados em aula ou durante a atividade. Para Marafon (2011) essa atividade “refere-se ao recorte que o pesquisador faz em termos de espaço. Representa uma realidade empírica, a partir de uma concepção teórica que fundamenta a investigação.”

Para o professor César de David (2002, p. 23) “a atual dinâmica das transformações pelas quais o mundo passa, com novos recortes de espaço e tempo, com a predominância do instantâneo, com as complexas interações entre as esferas locais e globais, afetando profundamente o cotidiano das pessoas, exige que o geógrafo procure caminhos teóricos-metodológicos capazes de interpretar e explicar essa dinamicidade”.

A área de estudo do trabalho de campo abrangeu a Quarta Colônia, que foi a quarta área onde os imigrantes italianos receberam lotes de terras (denominadas colônias) quando chegaram ao Rio Grande do Sul, no final do século XIX (1877). As três “colônias” anteriores foram: Colônia Princesa Isabel (Bento Gonçalves), Colônia Conde D’ Eu (Garibaldi) e a Colônia Santa Teresa de Caxias (Caxias do Sul). Atualmente a região da Quarta Colônia abrange nove municípios: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Silveira Martins, São João do Polêsine e Restinga Seca, totalizando aproximadamente 2,5 mil quilômetros quadrados. Entre as atividades econômicas que têm se desenvolvido com mais intensidade é o turismo, com empreendimentos ligados à hotelaria e gastronomia, por exemplo. 

Confira abaixo como foi o trabalho de campo dos graduandos de Geografia da UFSM no Geoparque Quarta Colônia

O roteiro contou com saída do Campus da UFSM, pela estrada de Arroio Grande, onde foi possível observar as áreas de horticultura destinadas ao abastecimento da população urbana, as agroindústrias e a paisagem periurbana. Em seguida foi realizada uma visita a Cantina Visentini em Val Feltrina, Silveira Martins, para análise do modo de produção familiar de vinho colonial com parreirais e produção de uvas.

Cantina Visentini (produção de vinho artesanal). Foto: Vanessa Oliveira.
Vanessa Oliveira/Parreirais da propriedade Visentini. Foto: Vanessa Oliveira.

Em seguida realizou-se uma parada no Monumento ao Imigrante, onde foi contextualizada a formação territorial materializada nesse marco na paisagem. Também foi revisitada a história, observando a paisagem rural colonial, os neo-rurais e as novas funções. A paisagem resultante desses processos é um mosaico onde se combinam diferentes referências temporais e espaciais, constituindo uma combinação singular.

Monumento do Imigrante. Foto: Vanessa Oliveira.
Monumento do Imigrante. Foto: Vanessa Oliveira.
Aula ministrada pelo Prof. Dr. Cesar de David. Foto: Vanessa Oliveira.
Praça central de Silveira Martins. Foto: Vanessa Oliveira.

Em Silveira Martins, município considerado o “berço da Quarta Colônia”, de onde os imigrantes e seus descendentes partiram para colonizar a região, cultivar os campos e fundar as cidades, observou-se que o campo caracteriza-se pela agricultura familiar, com destaque para o cultivo da batata-inglesa e as intensas transformações recentes, com a expansão da monocultura sojeira. A cidade merece a contemplação do visitante, sobretudo a praça central e o campanário da Igreja Matriz que dão ao conjunto um aspecto bucólico.

Vale Vêneto (distrito de São João do Polêsine), conhecido como “a capital religiosa da Quarta Colônia”, abrigou em sua história seminários e conventos que proviam as comunidades da Quarta Colônia de religiosos e religiosas. A religiosidade foi característica marcante dos primeiros colonos e está “impressa” na paisagem, tanto do campo quanto no núcleo urbano. Merece destaque a Igreja Matriz de Corpus Christi e o Festival Internacional de Inverno da UFSM, dedicado à música erudita. Em Vale Vêneto visitamos duas propriedades, onde analisamos a diferença nos modos de produção artesanal e agroindustrial para o mesmo produto, proveniente da cana de açúcar.

Propriedade do Sr. Brondani (produção artesanal de cachaça). Foto: Vanessa Oliveira.
Produção agroindustrial (Cachaçaria Gentil). Foto: Vanessa Oliveira.

O trabalho de campo foi finalizado no Recanto Maestro, localizado entre os municípios de Restinga Seca e São João do Polêsine, que trata-se de um lugar peculiar, com destaque para a arquitetura, diferenciando-se em relação à paisagem colonial do entorno. No Recanto Maestro visitamos dois empreendimentos, onde foi possível observar que o espaço rural da região passa por  processos de transformação, com a substituição de culturas e práticas tradicionais por atividades que empregam tecnologias de ponta, como é o caso da produção de soja, arroz irrigado e mais recentemente, as oliveiras.

Prof. Dr. Marcelo Chelotti ministrando aula teorica na Vinícola Domus Mea. Foto: Vanessa Oliveira.
Visitação a empresa Azeite Recanto. Foto: Vanessa Oliveira.
Azeite produzido de forma industrial. Foto: Vanessa Oliveira.

Destaca-se, assim, a importância do trabalho de campo como um método tradicional da ciência geográfica, tanto no ensino, quanto na pesquisa, mas principalmente, o olhar do geógrafo nesse processo, com sua observação, e com o  início do processo investigativo. Salienta-se que o trabalho de campo deve ser realizado de forma crítica e teoricamente fundamentado, pois atualmente existe uma realidade bastante complexa e dinâmica, um mosaico que reflete a transformação da sociedade em sua dimensão espacial.

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Referências:

Marafon, Gláucio Jose. O TRABALHO DE CAMPO COMO UM INSTRUMENTO DE TRABALHO PARA O INVESTIGADOR EM GEOGRAFIA AGRÁRIA. Revista Geográfica de América Central, vol. 2, julio-diciembre, 2011, pp. 1-13.

DAVID, César de. Trabalho de campo: limites e contribuições para a pesquisa geográfica. Geo UERJ, RJ, n. 11, p.19-24. 1º semestre de 2002.

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