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CCNE na Praça: descobrindo a ciência em Santa Maria



 

No último sábado (23), a Praça Saldanha Marinho, localizada no Centro de Santa Maria, recebeu a primeira edição do “CCNE na Praça”. O objetivo deste evento inédito foi de mostrar à comunidade local amostras do que os graduandos das áreas de ciências naturais e exatas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aprendem durante os semestres, além de desmistificar estigmas relacionados aos cursos. Desde a manhã até o início da tarde, uma série de apresentações cativantes foram oferecidas, atraindo um público diversificado, composto por crianças, jovens, adultos e idosos garantindo grande  inclusão social nos temas apresentados.

O evento foi idealizado por três estudantes da disciplina de Assessoria de Relações Públicas da UFSM que atuam na Subdivisão de Comunicação do CCNE. A ideia inicial surgiu além da vontade destes três estudantes, igualmente, dos estudantes do CCNE, que em pesquisa realizada no início de 2023, responderam que gostariam de participar de eventos de divulgação e popularização científica fora da UFSM. Através do apoio da Subdivisão de Comunicação, da Direção do Centro, da Subdivisão de Patrimônio, Jardim Botânico da UFSM, Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica e dos cursos participantes, o 1º CCNE na Praça é considerado um evento que obteve sucesso, com a curiosidade e participação de centenas de pessoas que passaram pela Praça Saldanha Marinho neste sábado.

Exposição das Ciências Naturais do CCNE na praça

Representantes do curso de Biologia da UFSM no CCNE na praça

No estande da Biologia, os visitantes puderam ser transportados para além do visível a olho nu, a um universo microscópico. Através da visualização de processos e estruturas celulares, os visitantes que nunca tiveram contato com a microscopia ou até mesmo lentes comuns de aumento como a lupa, puderam visualizar a ciência do “não visível”, desconstruindo algumas de suas concepções inatas e ensinadas ao longo da vida. Entre lupas e modelos didáticos, animais taxidermizados e fixados criaram uma atmosfera interativa, enquanto plantas nativas exibiam a beleza da flora local. Os moldes para criação de réplicas de fósseis  e as culturas de bactérias e moscas-das-frutas despertaram a curiosidade dos presentes, explorando os segredos da vida em suas mais diversas formas.

Giulia Xavier, estudante do 6º semestre, comenta que a linguagem científica é complexa, então eles se esforçam para simplificar ao explicar para as crianças. Por exemplo, ao falar sobre moscas, eles dizem que as larvas são seus “filhotinhos”; ao abordar sobre o estágio pupal das moscas,dizem que esse é o momento em que as moscas imitam as borboletas e fazem um casulo. Mas ela reforça que a linguagem é variada: “Apareceram médicos aqui e eles já sabiam do que estávamos falando sem precisar adaptar nada”, diz Giulia.

Público observando os estandes de Ciências Biológicas

A principal expectativa dos organizadores do estande da Biologia em relação ao que o público levará na memória é baseada nos temas apresentados. Uma atenção especial foi dada aos animais peçonhentos, como serpentes e aranhas. A intenção foi demonstrar que uma serpente ou aranha, com determinado padrão de cores, não representa uma ameaça e não precisa ser morta. Além disso,  a estudante entrevistada destacou a importância de apresentar alternativas a desafios mundiais à saúde e ao meio ambiente, como as microalgas que auxiliam na produção de oxigênio e as larvas com propriedades curativas. Giulia acredita que essa abordagem pode ter um impacto ambiental positivo, ajudando a desfazer estereótipos e contribuindo para uma melhor compreensão de processos naturais e preservação da biodiversidade.

 Para finalizar, a estudante espera que o conhecimento adquirido no evento seja ótimo, fazendo com que a comunidade internalize a ideia de respeito aos animais e a natureza e que essa experiência em praça pública possa despertar o interesse das pessoas em conhecer os laboratórios da UFSM e seus projetos, principalmente entre as crianças que futuramente estarão em processo de escolha profissional.“Que elas possam se apaixonar por um curso, igual à gente”, finaliza Giulia, considerando o ato como um dos aspectos mais relevantes da divulgação científica. 

Representantes do curso de Geografia da UFSM

No estande de Geografia, jogos didáticos como o Twister Cartográfico, transformaram o aprendizado em uma experiência divertida. Os posters expostos da residência pedagógica em licenciatura convidaram os visitantes a se integrarem no universo educativo, revelando novas perspectivas sobre o ensino da disciplina.

Júlia Landó e Alisson Soares, graduandos de Licenciatura em Geografia que atuam em uma escola de ensino básico no bairro Santa Marta, abordaram a divulgação de trabalhos que são realizados na escola.  Elementos lúdicos adaptados, como o Twister  com coordenadas geográficas, foram levados à praça na tentativa de tornar o tema mais acessível  à comunidade em geral.

Crianças participando dos jogos trazidos pelos representantes de Geografia

A intenção foi promover conhecimento de geografia através do programa Residência Pedagógica Geográfica da UFSM, ressaltando a importância de tornar esses programas mais conhecidos. Alisson mencionou: “Queremos que as pessoas saibam mais sobre a geografia através da residência, já que muitos não têm essa informação”. Ele enfatizou que o evento foi uma oportunidade de apresentar programas universitários para aqueles menos familiarizados com o ambiente acadêmico, algo semelhante à sua experiência antes de ingressar na licenciatura.

Júlia Landó complementou a discussão, ressaltando a importância da divulgação científica em eventos como esse para diminuir a distância entre a UFSM e a comunidade. A estudante destacou que muitas pessoas, especialmente na Zona Oeste e Zona Norte de Santa Maria, não têm conhecimento do que é produzido na universidade. “Trazer a divulgação científica em eventos como esse é interessante para que a comunidade possa ter uma visão das possibilidades e ter conhecimento do que é produzido na cidade”, concluiu a graduanda.

Ciências Exatas do CCNE na praça

Representantes do curso de Estatística no CCNE na praça

No estande do curso de Estatística, a diversão encontrou os números em uma série de atividades interativas. O público foi desafiado a prever suas alturas através de um questionário, enquanto testes de conhecimentos gerais ofereciam prêmios para aqueles que atingiam taxas de acerto mais altas. E, para os amantes de jogos de estratégia, o curso ofertou  rodadas de Poker, revelando como a Estatística está em toda parte, inclusive nas cartas que viram.

Público interagindo no Jogo de Poker 

Beatriz Buffon, graduanda do 4º semestre de Estatística, compartilhou como planejaram a diversidade de atividades para atender às diferentes faixas etárias e níveis de conhecimento do público presente no evento. A estratégia incluiu a apresentação de testes de previsão de altura e conhecimentos gerais, utilizando modelos de probabilidade. Pôsteres com temas que estão em alta, como a inteligência artificial, foram usados para despertar o interesse pelo curso. Além disso, jogos de Poker também foram oferecidos, mostrando como a estatística está presente em situações cotidianas permitindo interações únicas que, segundo Beatriz, são menos comuns na rotina universitária. 

Quanto ao impacto da divulgação científica, a estudante acredita que é algo significativo, pois mesmo para aqueles que não fazem parte do meio acadêmico, o evento é capaz de atrair e demonstrar a importância da Universidade. Ela ressaltou como a educação é conduzida por meio de pesquisas e bolsas, evidenciando o trabalho dos cursos e incentivando a comunidade local a se engajar mais com a instituição.

 

Representantes do curso de Matemática

O estande de Matemática ofereceu uma jornada interativa no mundo dos números e desafios lógicos. Dos jogos didáticos à visualização de situações geométricas, cada atividade foi um convite à descoberta. Além disso, os representantes dos cursos de Matemática apresentaram seus projetos de pesquisa e extensão, destacando programas como o Programa de Educação Tutorial (PET) e o Programa de Iniciação à Docência (PIBID). Para finalizar, os profissionais também explicaram sobre as oportunidades existentes nos campos de Bacharelado, Licenciatura e Pós-graduação em Matemática 

 

 

Alguns materiais lúdicos trazidos pelos representantes de Matemática

Daniel Morin Ocampo, professor do Departamento de Matemática do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), destacou a escolha de materiais lúdicos para permitir a manipulação pelos participantes, observando que a exploração prática leva à compreensão dos conceitos matemáticos. O objetivo é evidenciar a presença da matemática no cotidiano e aproximar o que é feito na universidade do público. Ele ressaltou que a divulgação ajuda a combater o preconceito em relação à matemática, buscando reduzir o medo associado à área. O propósito é contribuir para que as gerações futuras não enfrentem esses estigmas e se interessem mais pela matemática.

 

 

No estande do curso de Física, a ciência se tornou cativante com a apresentação de experimentos práticos e interativos, fazendo com que o público conhecesse conceitos fundamentais da física. Além de apresentações, os graduandos trouxeram “Quiz” de perguntas e respostas com direito a brindes. Para finalizar, houve informações sobre o curso, a UFSM e as diferentes formas de ingresso, proporcionando um panorama abrangente para os interessados no campo da Física.

Representantes do curso de Física do CCNE na praça

André, estudante do 4º semestre de Bacharelado em Física,  enfatizou a importância dos experimentos práticos para mostrar como a física está presente no funcionamento de dispositivos, sem a necessidade imediata de compreender teorias, incentivando os interessados a buscar mais informações posteriormente, inclusive através dos panfletos distribuídos. 

Sobre os materiais escolhidos para apresentar ao público um dos exemplos foi o gerador de Van der Graaff, e conta que o equipamento utiliza eletricidade estática gerada por atrito. Reconhecendo a dificuldade de explicar o conceito para o público não familiarizado, eles optaram por simplificar, substituindo o termo “eletricidade” por ‘energia”. O graduando destacou que, embora o termo não seja utilizado em aulas, essa adaptação visa tornar a explicação mais didática e atrativa para a comunidade, desmistificando a percepção de que a física é uma disciplina difícil. 

Quanto ao papel da divulgação científica, o graduando enfatizou seu potencial em desmistificar a imagem dos cientistas como indivíduos inacessíveis e suas atividades como algo incompreensível para o público geral. Ele enfatizou a importância de mostrar à comunidade o trabalho desenvolvido em laboratórios, permitindo que as pessoas entendam melhor e se identifiquem com o processo científico, encorajando a compreensão e o envolvimento mais próximos com a ciência. Sobre as expectativas em relação ao impacto do evento, André expressou o desejo de que as pessoas possam lembrar da experiência ao considerar suas escolhas de carreira, especialmente aqueles interessados em seguir na área de física, esperando despertar maior interesse por essa disciplina.

Além dos cursos, também participaram os órgãos suplementares  do CCNE: o Jardim Botânico da UFSM e o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA)

Vinicius Dias representando o Jardim Botânico da UFSM

No estande do Jardim Botânico (JBSM), a natureza se revelou em exposições de banners explicativos sobre o espaço do JBSM, revelando curiosidades sobre plantas, animais e o telhado verde. Os graduandos fizeram uma exposição de espécies vegetais e animais taxidermizados (“empalhados”, no uso popular), proporcionando aos visitantes uma imersão na diversidade biológica regional. 

Vinícius Dias, bolsista do Jardim Botânico da UFSM (JBSM) e graduando em Gestão Ambiental na UFSM, explicou a variedade de atrações trazidas para o evento. O estudante enfatizou a importância de explicar, de forma simples, o processo de taxidermia dos animais e os benefícios de se ter um telhado verde,  com o intuito de familiarizar o público com esse local, por muitos, desconhecido. Ele destacou a divulgação das trilhas guiadas e novidades, como o jardim sensorial, visando dar visibilidade ao Jardim Botânico de Santa Maria, que não é amplamente reconhecido pela comunidade local.

O objetivo principal da exposição foi despertar a curiosidade dos visitantes. Vinícius notou que muitos compartilharam suas experiências pessoais, como terem se alimentado de animais semelhantes aos exibidos no estande, como por exemplo o Tatu-galinha. Ele também mencionou a interação com o público, explicando conceitos, como a associação entre fungos e algas, esclarecendo dúvidas sobre a identificação dessas para aqueles menos familiarizados com o tema.

Representantes do CAPPA que participaram do CCNE na praça

O estande do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA) foi uma viagem no tempo, com exposições de réplicas de animais como dinossauros, cinodontes e hominídeos que viveram no em períodos pré-históricos. Uma experiência única para todos os entusiastas da paleontologia e da história natural.

Os paleontólogos do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA), Flávio Pretto e Leonardo Kerber, discutiram a seleção criteriosa de materiais e réplicas durante o evento. Eles destacaram a importância de escolher itens visualmente atrativos e seguros para exibição, buscando explicar termos complexos em linguagem acessível ao público geral. Leonardo Kerber, destaca que um dos objetivos do CAPPA foi abordar a diversidade de classes e espécies presentes na paleontologia, visando mostrar à comunidade que essa disciplina vai além do estudo exclusivo de dinossauros. Apresentaram fósseis de cinodontes, hominídeos e outros animais, estabelecendo conexões com a evolução humana.

Crianças interagindo com os fósseis trazidos pelo CAPPA

“Estamos oferecendo uma introdução ao assunto e convidamos as pessoas a aprenderem mais sobre paleontologia, inclusive visitando o CAPPA em São João do Polêsine. Lá, terão uma experiência mais abrangente. No entanto, nossa missão aqui é destacar o patrimônio fossilífero regional, pertencente à comunidade local”, complementou Flávio Pretto.

Flávio e Leonardo afirmaram que ter conhecimento científico é exercer a cidadania, sendo uma forma de empoderamento. Reconhecer que a cidade possui patrimônios de renome mundial e está envolvida em pesquisas relevantes fortalece o senso de pertencimento da comunidade, não é algo só de países ricos, isso é coisa de brasileiro, e as pessoas têm o direito e a possibilidade de interagir”, e salientam que a mesma curiosidade que motiva um cientista paleontólogo é a que motiva qualquer pessoa. A dupla espera que após o evento a população consiga enxergar que a UFSM também realiza pesquisas de primeiro mundo.

 

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Representantes do Depto de Fitotecnia 

O CCNE na Praça também contou com a contribuição do Departamento de Fitotecnia da UFSM, que doou cerca de 100 mudas de plantas melíferas. A flor dessas plantas, como o manjericão verde e roxo, atraem as abelhas, que estão em processo de extinção a nível mundial, como as abelhas Jataí, que não possuem ferrão. A população teve grande aceitação, sendo doados todos os exemplares em apenas 1h30 de evento. Essas plantas, além de contribuírem para a diversidade de abelhas, são utilizadas para a culinária ou em infusões, como a hortelã e melissa.

 

 

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Para auxiliar na divulgação científica da UFSM, a Revista Arco também esteve presente, realizando a distribuição de cerca de 500 revistas à sociedade santa-mariense na Praça. A revista de jornalismo científico e cultural tem o intuito de popularizar o conhecimento gerado na UFSM em linguagem popular e acessível ao público em geral, ideia que muito se afiniza ao CCNE na Praça.

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O que o público falou do CCNE na Praça?

Maria Laura, professora de capoeira em Santa Fé, Argentina, e também professora de Comunicação Social na Argentina, participou visitando os estandes do evento. Quando questionada sobre qual exposição chamou a sua atenção, ela mencionou que não conseguia determinar exatamente qual havia sido o mais interessante, mas expressou seu gosto pelos fósseis apresentados pelos paleontólogos do CAPPA. 

Ao ser questionada sobre o motivo desse interesse, Maria Laura explicou que aprecia a sensação de se sentir insignificante diante de antiguidades tão imponentes. Ela enfatizou que ao contemplar esses vestígios de um passado distante, percebe que o mundo vai além das vidas individuais das pessoas, algo que a atrai profundamente.

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O CCNE na Praça não apenas proporcionou um dia repleto de interações científicas, mas também plantou sementes de conhecimento e conscientização na comunidade. A divulgação científica, através de atividades diversas e uma linguagem acessível, demonstrou seu potencial inspirando um olhar mais cuidadoso para o mundo ao nosso redor.

 

 

Texto: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.

Revisão e edição: Natália Huber da Silva, Chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE

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