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Professor do Departamento de Química do CCNE é o primeiro latino-americano a receber a medalha Iohannes Marcus Marci



Érico Marlon de Moraes Flores, professor do Departamento de Química do CCNE, é o primeiro pesquisador da América Latina a receber a medalha Ioannes Marcus Marci, um dos mais importantes prêmios da área da química mundial. Em seus 45 anos de história, a medalha condecora pesquisadores, que ao longo de suas carreiras, dedicam-se para contribuir nas áreas de espectroscopia e espectrometria atômica. 

 

A medalha, conferida pela Sociedade de Espectroscopia da Eslováquia, coroou, não apenas um estudo, mas a trajetória de contribuições para a área, dada ao longo da carreira de Érico. A cerimônia de entrega ocorreu no último dia 6 de setembro, durante o Simpósio Europeu de Espectrometria Analítica (ESAS), na cidade de Brno, República Tcheca.

 

Érico, que divide o título com renomados estudiosos da química, incluindo seis vencedores de Prêmios Nobel, possui uma trajetória de 30 anos na pesquisa. Atualmente coordena dois laboratórios – o Laboratório de Análises Químicas, Industriais e Ambientais (LAQIA), e o Centro de Estudos em Petróleo (CEPETRO). Segundo Érico, em entrevista à TV Campus, esses dois laboratórios exercem suas funções de maneira conjugada e harmônica e todos os membros da equipe trabalham em ambos e, muitas vezes, integram conhecimentos. Esta organização não é comum de ser encontrada em outros grupos de pesquisa da área, pois conseguiu-se, através de muito trabalho, montar uma infraestrutura que dá muita tranquilidade para que os alunos e pesquisadores que fazem parte do laboratório possam fazer suas pesquisas de maneira segura. 

 

Érico é responsável por um dos maiores grupos de espectrometria atômica do país, ao todo são cerca de 90 pessoas. Nele desenvolvem trabalhos variados sempre voltados a para o desenvolvimento de métodos em química analítica, que têm sido aplicados como referência, por exemplo, na farmacopéia brasileira para controle de qualidade de fármacos, para controle de qualidade industrial de nanomateriais, materiais de engenharia e também com um apelo muito forte do ponto de vista ambiental. 

 

A espectrometria atômica

 

A espectrometria atômica é um ramo da química analítica extremamente importante para o desenvolvimento ecológico e industrial e para o controle de qualidade de vários ambientes, por exemplo, ambiente hospitalar, meio ambiente, efluentes, produtos industriais,etc. São métodos analíticos que envolvem transições eletrônicas em nível atômico, por isso é chamado de espectrometria atômica. Essas transições eletrônicas são responsáveis ou são relacionadas com a absorção, a emissão de luz ou de outra propriedade eletromagnética, mas de qualquer forma, são relacionadas com a concentração de elementos presentes nas mais variadas amostras.

 

Os princípios da espectrometria atômica são muito antigos e remetem aos primeiros estudos da teoria atômica. Apesar de ser uma técnica que possui muitas décadas de existência, novas abordagens e os avanços recentes da microeletrônica e de novos materiais, têm trazido importantes modificações que fazem com que essa área seja cada vez mais importante para o controle de qualidade de diversas matrizes, para o controle ambiental, assim como para diagnósticos importantes para a saúde. Há vários princípios envolvidos, dependendo de cada técnica. Por exemplo, a espectrometria de absorção atômica, emprega temperaturas da ordem de 2.000 a 3.000 °C para atomizar vários elementos, ou seja convertê-los para a forma de átomos livres em fase gasosa. Nessa forma, os átomos podem absorver a radiação do espectro do visível ou do ultravioleta e a quantidade de luz absorvida é proporcional à concentração de átomos em uma determinada amostra. Assim, é possível saber de maneira seletiva a concentração de cada elemento em uma dada matriz. 

 

Outras técnicas mais modernas, como a espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) operam com um princípio um pouco diferente. Nesta técnica, são utilizadas altas temperaturas (em geral de 8.000 a 10.000 °C) para converter os átomos e formas moleculares em íons carregados. Esses íons são direcionados para um separador de massas que utiliza a razão entre a massa e a carga de cada íon, sendo que o número de contagens de cada íon é proporcional à concentração do elemento respectivo na amostra. Isso permite que se consiga a determinação de elementos em concentração tão baixa quanto uma parte em um trilhão de partes. Essa é uma quantidade tão pequena que é difícil até de imaginar, mas muitas decisões de interesse ambiental, industrial ou de saúde são tomadas considerando esse tipo de análise.

 

Os impactos da conquista

 

De acordo com Érico, a medalha não é conquistada apenas por ele, é fruto de um trabalho conjunto entre alunos e pesquisadores que integram o grupo, mas também de parcerias nacionais e internacionais, sem as quais, segundo ele, não é possível se fazer pesquisas de qualidade. “Quando eu recebi esse prêmio, eu fiz um discurso agradecendo a sociedade eslovaca de espectroscopia, porém eu ressaltei a importância desse prêmio, porque não é essa distinção minha. Eu recebi, mas é uma distinção de uma equipe toda, dos meus colegas professores, dos servidores, mas também dos alunos, que é quem faz o trabalho do dia a dia do laboratório, sem os quais ninguém recebe nenhuma distinção.” declarou ele. 

 

A distinção recebida pelo docente, também traz destaque para a ciência brasileira. Mesmo em um cenário difícil, o prêmio abre portas para futuras parcerias e chama atenção da ciência mundial para o Brasil. “Ao longo de 3 décadas a gente entende que foi o que levou os avaliadores dessa medalha a indicar e confirmar meu nome como recebedor dessa condecoração, que obviamente nos deixou muito contentes, porque essa título inédito traz muitos benefícios para o Brasil, abre muitas portas e dá grande visibilidade pros grupos de pesquisa que fazem trabalhos de qualidade aqui na UFSM.” disse Érico.



A importância do CCNE 

 

Segundo Érico, o CCNE foi de fundamental importância para o recebimento da medalha, pois tem proporcionado um ambiente importante e fecundo para o desenvolvimento científico. “A prova disso é que dos 7 programas de pós graduação da UFSM classificados como de excelência (notas 6 e 7 da CAPES), dois deles estão lotados no CCNE, sendo que o Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) foi o primeiro programa de pós-graduação da UFSM a atingir o nível de excelência em 1996 e também a nota máxima de classificação da CAPES (7) em 2006, que se mantém até hoje.”, destaca ele.

 

Ele também ressalta que o CCNE possui em seus quadros a maior proporção de professores com alto impacto de suas pesquisas em alguns rankings internacionais. Como exemplo, “há poucas semanas foi divulgado o novo ranking da Elsevier sobre o impacto das pesquisas. Em cerca de  200.000 cientistas de todas as áreas, há 844 pesquisadores brasileiros sendo apenas 8 da UFSM. Desses, 5 são do CCNE (https://elsevier.digitalcommonsdata.com/datasets/btchxktzyw). Ou seja, o CCNE é um centro que congrega uma boa parte dos pesquisadores de mais impacto de seus trabalhos em nível internacional.”, relata Érico.

 

A direção e a comunidade do CCNE da UFSM parabeniza o professor Érico e seus colaboradores servidores, estudantes e membros da comunidade externa da UFSM pela sua dedicação à ciência e à instituição.



O texto possui referências de informações divulgadas pela TV Campus e pela Revista Arco.




Texto: Júlia Weber, acadêmica de jornalismo e bolsista da Subdivisão de Comunicação do CCNE.

Edição: Natália Huber, chefe da Subdivisão de Comunicação do CCNE.

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