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Educação sem barreiras



Um pouco mais de 30 pessoas – em sua maioria, mulheres – ocupavam as primeiras cadeiras do auditório principal do prédio 16, o Audimax. Era manhã da sexta-feira, 28 de outubro de 2011, dia do funcionário público. Em razão de não ser dia letivo na UFSM, essas pessoas eram algumas das poucas que circulavam pelo campus naquela manhã. O motivo que as reunia no local era nobre: apresentar alguns dos resultados de suas pesquisas na área da Educação e, mais do que isso, discutir a formação dos professores da educação básica, principalmente na zona rural.

Em sua quarta edição, o Seminário Nacional de Formação de Professores deste ano, que ocorreu entre os dias 25 e 28 de outubro, teve como tema de discussão “Pesquisa Autobiográfica, Histórias de Vida e Perspectivas da Docência no Meio Rural”. Realizado a cada dois anos e organizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Formação Inicial, Continuada e Alfabetização (GEPFICA), o seminário buscou dar visibilidade às discussões e pesquisas realizadas nas escolas rurais do Brasil, com foco na utilização da memória docente como uma forma de aproximação e entendimento do processo de ensinar e aprender, levando em conta as diversidades culturais do país. O tema desta edição do seminário foi baseado no projeto “Memórias e relatos autobiográficos de alfabetizadoras: um estudo sobre as cartilhas de alfabetização nas escolas municipais rurais do Rio Grande do Sul”, realizado pelo GEPFICA.

O GEPFICA é um grupo vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da UFSM e integrante do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Atualmente, é formado por aproximadamente 40 pessoas, entre elas professores, acadêmicos, mestrandos e doutorandos do Centro de Educação da UFSM, professores da rede pública municipal e ainda conta com a colaboração das professoras Aparecida Paiva, da Universidade Federal de Minas Gerais; Karina Klinke, da Universidade Federal de Uberlândia; e Cleoni Barboza Fernandes, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Criado no ano de 2002, o grupo tem por objetivo incentivar o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre os processos formativos de professores, assim como pretende ser um local aberto para discussões que envolvam a área de alfabetização e letramento, com foco na formação inicial e continuada de professores e na educação em escolas rurais.

 

 

O grupo está sob a coordenação da profa. dra. Helenise Sangoi Antunes, diretora do Centro de Educação da UFSM, professora do Departamento de Metodologia de Ensino e professora do PPGE. Foi através dos estudos de Helenise que o grupo começou a ganhar forma. O trabalho da professora Helenise nesta área iniciou ainda quando ela ocupava os bancos escolares da universidade: seu trabalho de conclusão de curso foi sobre as “nonas” e os “nonos” da cidade de Silveira Martins e a utilização das cartilhas escolares na alfabetização das crianças da região. A pesquisa culminou, anos mais tarde, no projeto sobre as memórias e os relatos das professoras do meio rural. Foi apenas o início de um trabalho que serviria de base para outros tantos que estavam por vir.

A memória não apenas como relicário

O projeto “Memórias e relatos autobiográficos de alfabetizadoras”, maior expoente dos trabalhos produzidos pelo GEPFICA e origem do tema para o IV Seminário Nacional de Formação de Professores, teve início no ano de 2008. Após aprovado o financiamento do CNPq, a equipe saiu a campo. O estudo foi realizado em 29 escolas municipais de ensino fundamental, distribuídas em 12 cidades, estas escolhidas de modo que abrangessem o máximo de regiões do Rio Grande do Sul. São elas: Cachoeira do Sul, Dilermando de Aguiar, Erechim, Lavras do Sul, Palmeira das Missões, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santa Rosa, São Borja, São Gabriel, São Sepé e Uruguaiana.

O relato autobiográfico, ou seja, a narração das memórias do educador, foi a forma de pesquisa encontrada para entender como ocorreu a formação escolar desses professores e qual a influência que isso teve na sua maneira de lecionar. Para isso, foi necessário utilizar objetos que pudessem servir como portadores de lembranças e recordações antigas, no caso, as cartilhas de alfabetização. A partir do momento em que rememoravam os fatos de sua infância, os educadores passavam a refletir sobre sua maneira de ensinar, percebendo falhas na sua prática docente, muitas vezes influenciada pela educação que tiveram no passado. A memória acaba sendo não apenas um relicário para depositar lembranças, mas sim uma possibilidade de mudança no jeito de ser professor.

A partir desses relatos, o grupo chegou à conclusão de que um dos problemas que afeta o trabalho dos professores no campo relaciona-se com o fato de que a maioria dos educadores não teve uma formação focada na zona rural. “Esses professores não sabem como agir frente ao aluno que possui uma realidade e uma experiência de vida completamente diferente daquela para o qual foram formados durante o curso de graduação ou magistério”, afirma a professora Helenise Antunes. Aplicar a lógica urbana de educação nas escolas rurais não é a melhor solução.

“Professor não foi feito para fechar escola”        

O isolamento das escolas rurais e o distanciamento dos centros de educação são alguns dos principais obstáculos para a manutenção desses espaços. A consequência disso é o aumento do índice de escolas rurais que fecham, devido ao baixo número de alunos. Dessa forma, os alunos acabam sendo remanejados para outras escolas do interior com maior número de alunos ou para alguma escola urbana. Segundo Helenise, o fechamento de escolas e o remanejamento dos alunos é uma grande violência física e simbólica. As escolas rurais são ponto de troca, de encontro, e servem como ponto de referência e de cultura da comunidade interiorana. “Educação nunca é gasto, educação sempre é investimento. Professor não foi feito para fechar escola”, finaliza Helenise.

Em meio a vários problemas que dificultam a educação no campo, os professores seguem na luta pela manutenção das escolas rurais. “Os professores possuem uma paixão muito grande e assumem com dinamismo a tarefa. Eles buscam, vão atrás, criam estratégias para burlar os obstáculos”, declara a doutoranda Graziela Farias. As pesquisas realizadas pelo GEPFICA vêm auxiliar os educadores na busca por essas estratégias, em prol de uma educação que conviva com as diferenças, que ignore as barreiras geográficas e culturais.

 

 

Abaixo, assista o depoimento da doutoranda Graziela Farias e da mestranda Cinthia Ávila, integrantes do GEPFICA, sobre o trabalho de alfabetização rural.

 

Repórter:

Marlon Dias – Acadêmico de Jornalismo.

Edição:

Gisele Dotto Reginato – Professora da disciplina de Teoria e Técnica de Jornalismo Digital II.

Matéria produzida na disciplina de Teoria e Técnica de Jornalismo Digital II, do curso de Jornalismo da UFSM.

 

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