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Pelo esporte e a comunicação



"Eu sempre tive um interesse pelo esporte. E sempre soube, desde pequeno, que teria que correr por mim mesmo".

Com essas palavras, o Professor Doutor Sérgio Carvalho, um dos precursores de estudos de Comunicação e Esporte no Brasil, começa a contar sua trajetória. Nascido em 1956, em Santa Maria, Carvalho conta que desde pequeno elogiavam seu timbre de voz, de tom grave, similar ao dos locutores de rádio. Assim, ganhou um gravador e, aos oito anos, já improvisava em festas de família. "Quando eu escutava o que estava gravado, também gostava da minha voz", relembra o professor.

Depois de algum tempo, porque queria se tornar independente financeiramente, Carvalho começou a vender frutas de porta em porta. Nessa atividade, ele precisava anunciar os produtos para atrair o interesse dos moradores por onde passava — e isso também lhe proporcionou alguma experiência com o uso da voz.

Porém, em determinado momento, decidiu que não queria mais fazer isso. Queria encontrar algo em que pudesse estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Então, quando tinha aproximadamente 16 anos, fez o seu primeiro teste em rádio. Foi o dono da rádio quem lhe entrevistou, mas disse que, porque Carvalho ainda era adolescente, seu tom de voz mudaria e o ideal seria esperar. Entretanto, naquele mesmo ano, surgiu a necessidade de alguém para ler os nomes dos aprovados no vestibular. Ele foi chamado. Após o trabalho, feito sem ensinamento algum, ganhou um emprego na secretaria da emissora. Entre as funções que desempenhava, havia a de "tapa-furo": quando outros não pudessem fazer as locuções, ele os substituiria, assim como na leitura de anúncios em um programa noturno.

Sua carreira foi se construindo. Entrou na UFSM como locutor na Rádio Universidade e, também nessa época, passou no vestibular para Educação Física. Estudava durante a tarde e trabalhava à noite. Logo começaram as transmissões de esportes e comentários. Porém, nessa época, Carvalho foi bastante criticado por alguns integrantes das áreas que ele queria unir em seus estudos. Pensavam que sua proposta era promover o professor de Educação Física a jornalista, e que deveria escolher entre as áreas, pois uni-las seria utópico.

“O grande trunfo é ter um foco. Desse foco, não é impossível se desviar e voltar. O que precisa é um referencial. Isso facilita o aprendizado e a transmissão de conhecimento”, afirma Carvalho. Com este pensamento, foi bem-sucedido na seleção de mestrado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Eram oito concorrentes e uma orientadora. Quando esta lhe perguntou o que gostaria de fazer, foi objetivo em sua resposta: rádio para ensinar Educação Física. Foi selecionado, pois sabia o que queria.

Carvalho conta que, quando trabalhava na rádio USP, escutava, em um programa à noite, a voz aveludada de uma locutora. Imaginava que ela era maravilhosa, uma menina dos sonhos. Quando teve a oportunidade de conhecê-la, descobriu que ela tinha 62 anos, era de baixa estatura, e completamente diferente da imagem em sua mente. "O rádio tem esse poder, essa magia", comenta.

Em 1987, começou seu doutorado. Motivado pelo trabalho de Oswaldo Diniz Magalhães, que ensinava Educação Física pelo rádio em 1927, Carvalho escreveu um livro. Então, em 1993, dentro do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento Humano (CEFD/UFSM), criou a subárea Comunicação, Movimento e Mídia na Educação Física em nível de especialização, mestrado e doutorado.

Carvalho batalhou bastante pela aceitação de seu trabalho em Santa Maria. Enquanto ensinava no curso de Comunicação Social, o “Grupo de Trabalho Mídia e Esporte” foi criado em 1996, no encontro anual da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), em Londrina, Paraná. Passando por outras denominações, hoje este é o "Grupo de Pesquisa em Comunicação e Esporte".

 

Entre todas as conquistas, conseguiu enfim ver sua área de estudo se consolidar. Homenageado em 2012 na Assembleia dos Associados da Intercom (Assemblecom) em Fortaleza, considera-se feliz pelo fato: "Foi constatado que o trabalho foi importante, e que as pessoas realmente me consideram o precursor nessa área no Brasil, pelo menos no lado científico”. Entre as conquistas de Sérgio Carvalho, agora aposentado, também estão seus três filhos. "Acho que a minha vida valeu. Tive filhos, plantei árvores, escrevi livros. Agora quero aproveitar."

Repórter: Myrella Allgayer – acadêmica de Jornalismo

Edição: Luciane Treulieb

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