“A de América, B de Brasil, C de Canadá…”. Antes mesmo de começar a ser divulgado o gabarito oficial do terceiro e último dia de prova do Vestibular 2012, já se podia ver os candidatos afoitos pelo campus. Canetas à mão, fones nos ouvidos, todos esperavam a sequência de letras e países que podem mudar, ou não, seus status de candidatos para alunos da UFSM.
Em meio a toda a ansiedade dos vestibulandos conferindo o gabarito nos gramados da Universidade, do outro lado da rua, nos duros bancos de concreto em frente ao Hospital Universitário, a ansiedade era outra. Eles também esperam resultados, mas que nada têm a ver com o Vestibular. São acompanhantes, parentes e amigos de pessoas que fazem tratamento no HUSM.
Abraçada no neto Kauan de seis anos, Fátima Biazus aguarda outra neta sair do Hospital. Depois de doze horas de trabalho de parto, Isabelli nasceu no HUSM ontem à tarde, pouco depois do início do segundo dia de Vestibular. Não fosse Isabelli nascer uma semana antes do previsto, sua mãe, Nathália, de 17 anos, prestaria vestibular pra enfermagem esse final de semana.
“Mas ela faz ano que vem. A nenê já vai estar grande, a gente põe na escolinha”, considera Fátima sobre a possibilidade de Nathália fazer o vestibular em 2013. Já de olho nas mães que estão saindo com seus filhos no colo, Fátima aguarda ansiosa pela filha. Se tudo der certo, avó, filha e neta deixam o Hospital antes mesmo de os candidatos do Vestibular saírem da redação.
A poucos bancos dali, está Aracy, um tanto menos empolgada que Fátima. Ela trouxe os filhos para visitar a avó, internada no HUSM há dez dias. Depois de uma série de complicações de saúde enfrentadas pela mãe, Aracy hoje traz o semblante fechado. Preocupações sem fim na cabeça, tanto Aracy, quanto os vestibulandos aguardam notícias positivas nas horas que virão.
Desde sexta-feira o campus se encheu de futuros alunos. Um concurso que movimenta milhares de pessoas, entre candidatos, organizadores, fiscais e imprensa. Em meio a tudo isso, há um hospital. Domingo às 18h, com o término da redação, acaba o concurso de 2012. O Hospital fica. Com seus enfermos, novas vidas, e seus profissionais. Passam vestibulandos, as propagandas dos cursinhos pelo chão também se vão. Mas nos bancos cinza sempre haverá alguém à espera de boas novas.
Fotos: Tainan Pauli – Acadêmico de Ciências Sociais.
Repórter: Natascha Carvalho – Acadêmica de Jornalismo.
Edição: Lucas Durr Missau.