Ir para o conteúdo UFSM Ir para o menu UFSM Ir para a busca no portal Ir para o rodapé UFSM
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

A tecnologia a serviço do esporte



 

No último dia 17, ocorreu no Palácio do Planalto, a solenidade de entrega do 26º Prêmio Jovem Cientista. Na ocasião, o aluno do curso de Tecnologia em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da UFSM, Henrique dos Santos Felipetto recebeu a premiação pelo segundo lugar conquistado na categoria Estudante do Ensino Superior com o projeto pesquisa Sistema de Auxílio à Navegação com Monitoramento e Orientação Remota, Adaptado para o Treinamento de Atletas Cegos em Pista de Atletismo.

Também participaram da solenidade o docente do Colégio Politécnico e dirigente da Coordenadoria de Ensino Médio e Tecnológico, Antonio Carlos Mortari; o orientador do projeto, professor Adão Robson Elias; e o coordenador do Curso de Tecnologia em Geoprocessamento, Luiz Patric Kayser. O tema deste ano, Inovação Tecnológica nos Esportes, foi focado nos grandes eventos esportivos a serem realizados no Brasil nos próximos anos: a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

O projeto

O atletismo para pessoas com deficiência visual funciona através da mesma lógica do esporte convencional, no entanto, suas regras são alteradas para possibilitar a participação das pessoas que não recebem ou recebem de maneira muito limitada as informações visuais. As provas são divididas por grau de deficiência visual e as regras são adaptadas para os atletas que fazem parte das duas categorias de maior grau de deficiência visual. Para esses, é permitido o uso de sinais sonoros e de um guia, que corre junto com o competidor para orientá-lo.

O projeto premiado, orientado pelo professor Adão Robson Elisas, busca auxiliar esses atletas a se orientarem em uma pista de atletismo sem a necessidade de um atleta-guia, através de um aparelho de posicionamento global (GPS) semelhante ao usado para a localização de veículos. O GPS fica no colete do atleta e através dele são obtidas as coordenadas geográficas do atleta na pista, que é previamente mapeada para ser visualizada em uma base fixa, composta por um computador e um rádio de comunicação.

A inspiração para a pesquisa, segundo Henrique, veio do projeto de pós-doutorado do professor Adão Robson Elias desenvolvido na UNICAMP. “Eles tiveram essa ideia, a qual foi acrescentada mais algumas coisas daqui e desenvolvemos ela em conjunto com a UNICAMP”. A pesquisa busca, acima de tudo, dar autonomia a esses atletas durante os treinamentos, possibilitando que os mesmos possam treinar sem o auxílio do atleta guia. Além disso, a integração dos vários sistemas que compõem a tecnologia proporciona o monitoramento e a orientação remota, até mesmo sem nenhum contato visual garantindo as condições de segurança no caso de perda de rota e possíveis incidentes.

Além da relevância social que traz, proporcionado melhor qualidade de vida e independência aos atletas, o projeto destaca-se por seu ineditismo. Existem apenas alguns outros trabalhos referentes à tecnologia assistiva para navegação autônoma de cegos, mas todos voltados para o deslocamento em áreas urbanas.

A realização do projeto

Participou do experimento o velocista com deficiência visual Thiago Lima de Souza, 23 anos. Apesar de atualmente não fazer parte da equipe nacional de atletismo em sua categoria, o atleta já teve experiências internacionais e possui uma base motora considerada “ótima” pelos especialistas em jogos paralímpicos, o que inclui uma boa percepção espacial, algo imprescindível para o teste.  O participante foi recrutado através da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, em caráter voluntário.

Henrique explica que, em um primeiro momento, foi mapeada a pista de corrida, com o treinador orientando o atleta via rádio observando as informações via monitor da base. Isso pôde mostrar como a orientação ao atleta pode vir de qualquer lugar, mesmo sem o técnico estar junto ao ele.

Durante todo o experimento, para garantir as condições de segurança, o atleta foi acompanhado de dois monitores-guia. Eles foram orientados a não fornecer nenhum tipo de informação, bem como não tocar no atleta, a não ser que acontecesse alguma anomalia. Na ocasião, não foi realizado nenhum tipo de simulação de prova, e sim de situações cotidianas de treino. Ao final da navegação, o participante respondeu verbalmente a um roteiro de entrevista, visando a investigar as informações mais relevantes e a impressão geral da atividade.

Segundo Henrique, a relação com o atleta foi emocionante, até pelo fato dos dois terem a mesma idade: “Ao final do experimento que a gente viu que tudo correu certo, o atleta se sentiu bastante emocionado. Ele disse que corre desde os oito anos e pela primeira vez fez isso sem um guia e que isso deu muita independência pra ele na pista, o fez se sentir livre”.

Próximos passos

O projeto, segundo o estudante premiado, é só um protótipo. Existem várias linhas que podem ser seguidas daqui para a frente, vários tipos de melhoria que podem ser realizadas. Algumas ideias de melhoramento foram dadas pelos alunos da Educação Física da UNICAMP como de, por exemplo, colocar mais informações nesse equipamento, como batimento cardíaco, temperatura corporal, pressão e arterial do atleta, para um monitoramento mais completo. Henrique diz que a ideia é continuar trabalhando no sentido de melhorar cada vez mais a tecnologia.

Henrique salienta que é a primeira vez que um aluno da UFSM chega a essa colocação em 31 anos de prêmio Jovem Cientista e que isso, mais que um orgulho e reconhecimento para ele, é um reconhecimento para a instituição. Orgulhoso da conquista, ele diz estar ainda mais orgulhoso de ter conseguido alcançar um objetivo, que para ele, deveria ser o de toda a ciência: colocar o conhecimento a serviço da melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Fotos: Arquivo Pessoal Henrique dos Santos Felipetto.

Repórter: Julia do Carmo – Acadêmica de Jornalismo.

Edição: Lucas Durr Missau.

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-1-8688

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes