Desde 2001, existe um grupo de pesquisa no curso de Engenharia Elétrica da UFSM, chamado Grupo de Microeletrônica (Gmicro). Hoje, o Gmicro é responsável por linhas de pesquisa em Microeletrônica e Processamento de Sinais nos Programas de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e Informática da UFSM. Porém, o objetivo inicial deste grupo, era criar uma linha de pesquisa e um laboratório para projetos de circuitos integrados (chips).
A partir dessa premissa, surgiu a Santa Maria Design House (SMDH), com a coordenação do professor João Baptista Martins. Segundo o professor, o propósito era criar circuitos integrados voltados para o desenvolvimento de empresas já que o Brasil é um país que gasta milhões de dólares com a importação de chips. Desde 2009, quando iniciou formalmente as atividades, a SMDH nasceu como um projeto do Fundo de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), formada por uma equipe de profissionais das áreas de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação. Entretanto, desde abril de 2008, já vinha realizando tarefas de codificação, verificação e fluxo digital, em parceria com um consórcio de empresas para projeto da TV Digital.
O trabalho da SMDH é conceber circuitos integrados desde a especificação e prototipagem, até a fabricação terceirizada, que é feita em países como Alemanha, Malásia, Estados Unidos e Suíça. Segundo o gerente da SMDH, Carlos Alberto Zaffari, a rotina da equipe é voltada ao desenvolvimento de chips: “Por exemplo, quando escrevemos um texto, sempre erramos. Que seja uma palavra. Imagine um texto de 20 mil páginas, com um errinho e por causa dele, você tem que descartar todo o texto. É o nosso caso, não podemos ter um errinho. Temos que projetar e codificar e depois verificar o que fizemos, para garantir que não há erro. Além disso, temos uma área que faz a conversão da codificação, para portas lógicas e estruturas físicas. Depois é feito um re-teste e, então, tudo é enviado para fora, para a produção do chip”.
No momento, a SMDH possui duas linhas mestres de produção. O carro chefe é o ZR 16, um micro processador que é feito, basicamente, para controlar. Poderá ser usado principalmente em sensores de presença, controle de luminárias de poste, de geladeiras ou fogões. Ou seja, equipamentos que exigem alguma inteligência, mas com um valor mais baixo. Nesse aspecto, é um circuito genérico, que dependerá do programa aplicado no chip. O ZR 16 está na fase final de produção, e em seguida será colocado no mercado.
A outra linha é destinada ao principal cliente da SMDH no momento, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Trata-se de um chip resistente a radiação, que está pronto para ser enviado ao espaço para ser testado. Dessa maneira, pode haver a verificação do que foi projetado. “Na verdade, é um protótipo em si, mas está pronto para ser testado. Será mandado ao espaço por micro satélites, satélites que levam pequenas cargas, e que diminuem o custo do lançamento. O chip vai ser mandado para o espaço, assim que houver um foguete disponível, para ser testado nas condições reais”, como explica Zaffari.
Os projetos da SMDH são financiados por investimentos públicos e privados. O prof. Baptista destaca entre as expectativas para o futuro, uma nova versão, ainda mais barata, do ZR 16. Com possível melhora na venda dos chips, pode haver uma consolidação da SMDH em nível nacional.
Foto de capa: Ítalo Padilha.
Repórter: Myrella Allgayer – Acadêmica de Jornalismo.
Edição: Lucas Durr Missau.