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​Novo estudo aponta que células-tronco podem evitar rejeição em transplantes



Um novo estudo realizado pelo Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) pode abrir caminhos para novas terapias regenerativas em transplantes de órgãos. A pesquisa intitulada “Alo-Transplante Parcial de Vesícula Urinária com células mesenquimais estromais multipotentes alogênicas derivadas do tecido adiposo em coelhos”, de autoria do doutorando Saulo Tadeu Lemos Pinto Filho e sob orientação do professor Ney LuisPippi, mostra que além da terapia celular em animais domésticos, a importância da utilização de células-tronco para reparação de tecidos em Medicina Veterinária deve-se também à geração de modelos experimentais aplicáveis a paciente humanos.

Atualmente, para evitar a rejeição de órgãos transplantados, pacientes portadores de doenças crônicas fazem uso de medicamentos imunossupressores. Esses remédios têm uma série de efeitos colaterais muito agressivos ao organismo, e podem, até mesmo, deixar o paciente mais suscetível a infecções e tumores malignos que podem se formar com o uso contínuo destes medicamentos. Nesse sentido, surge com a pesquisa a possibilidade de desenvolvimento de uma técnica futura com o uso de células-tronco, em que o organismo, naturalmente, se adapta ao novo órgão, sem rejeição. O estudo, que iniciou em 2012, já teve a primeira etapa concluída, em que utilizou-se a Ciclosporina (um agente classicamente imunossupressor muito utilizado pelos pacientes transplantados) em um grupo controle de coelhos. “Como esperávamos, não houve rejeição nenhuma por parte dos animais. Agora nós estamos aguardando as células-tronco serem cultivadas para iniciar o procedimento com elas. A grande expectativa que nós temos é em saber se as células irão evitar a rejeição ou não. Se elas evitarem que nem o medicamento evita, estaremos dando um grande passo para que não se precise mais usar tais remédios, que causam efeitos colaterais muito graves”, explica Saulo.

No momento os procedimentos estão sendo aplicados a animais de mesma espécie, mas a tendência é ir aperfeiçoando cada vez mais as técnicas e as pesquisas na área. “Se não houver rejeição com o grupo das células-tronco, o ideal é fazer cirurgias experimentais em animais de outras espécies. O coelho é um animal de laboratório, assim como o rato. Seria interessante fazer o transplantecom a bexiga ou com outros órgãos, em animais que tivessem a fisiologia mais próxima a do humano paradepois fazer a utilização do método nas pessoas”, esclarece o doutorando.

As células-tronco existem em todos os tecidos do corpo, tanto dos animais quanto dos humanos. Elas servem justamente para repor aquelas células que vão morrendo, em função do nosso envelhecimento, ou em função de alguma lesão, de algum trauma ou alguma agressão que o organismo sofreu. Para o experimento em questão sãoutilizadas as células-tronco mesenquimais derivadas do tecido adiposo, retiradas das escápulas do dorso do animal. “Até então esta é a escolha dos pesquisadores porque é um local de fácil acesso, que tem certa quantidade de gordura,e com grande concentração celular. A gordura da bolsa adiposa é um local clássico, mas já se tem estudos de outros lugares com maior concentração de células-tronco. Essa é menos traumática e menos invasiva”, explica.

O procedimento com as células-tronco nesse experimento se baseia na cirurgia e transplante de parte da bexiga do animal e na aplicação das células diretamente no local, ao redor do órgão transplantado. O processo todo é muito rápido; com duração de 10 a 15 minutos. E basta apenas 1ml de solução aplicada para que 2 milhões de células-tronco sejam implantadas no organismo.“Os animais são sempre operados aos pares. Depois de implantados avaliamos esses animais em 15 e em 30 dias para obter os resultados finais”, comenta Saulo.

O estudo com células-tronco para evitar a rejeição de órgãos é um dos pioneiros no Brasil. Mas apesar de promissora, a pesquisa ainda expira maioraprofundamento. “Temos alguns questionamentos que ficarão em aberto mesmo após esta pesquisa terminar.Depois de um tempo será preciso reaplicar as células-tronco? Em quanto tempo? Isso essa pesquisa não vai mostrar, pois os animais só serão avaliados por um período curto de no máximo 30 dias. É uma pesquisa inicial,mas que abre caminhos para o desenvolvimento de outras na mesma área”, explica.

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