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Multidisciplinaridade da sustentabilidade



Lançado em meio a Feira do Livro de Santa
Maria ocorrida nesse ano, o livro “Desenvolvimento
e Sustentabilidade: abordagens econômicas, sociais e práticas
” traz artigos
de pesquisas desenvolvidas na Unidade Descentralizada de Silveira Martins
(Udessm). Organizado pelos professores Gilvan Dockhorn, Dalva Dotto e Silvia Iop,
a obra contempla o tema “Sustentabilidade” pelo viés de diferentes áreas do
conhecimento.

Em entrevista, Dalva Dotto e Silvia Iop esclarecem
sobre o desenvolvimento do projeto, além de questões envolvendo esse tema tão
iminente na atualidade.

Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) – Como
surgiu o projeto para o livro?

Dalva – O projeto tentou contemplar um tema
que abrangesse todo o corpo docente da Udessm, que é multidisciplinar. Nós tentamos encontrar um tema que todos nós trabalhássemos em nossas
pesquisas e que desse conta do nosso conhecimento em relação ao que está
acontecendo hoje na sociedade. Então nós escolhemos desenvolvimento e
sustentabilidade.

CCS – Por que a perspectiva multidisciplinar
da sustentabilidade abordada no livro?

Silvia – O desenvolvimento em si, o
desenvolvimento dos países, é medido atualmente mais pela inovação; pelo desenvolvimento com relação à tecnologia. Então, países
desenvolvidos são aqueles que têm uma tecnologia mais avançada. Mas só a
inovação tecnológica e só a tecnologia não dão conta da garantia do futuro; da
continuidade das ações e da continuidade do desenvolvimento em si. Porque nós
temos o esgotamento de matéria-prima, do próprio meio
ambiente. O desenvolvimento feito de maneira sustentável está em
foco por ser uma necessidade. E, desde quando a unidade foi formada, o
desenvolvimento sustentável é um assunto que permeia todos os cursos e suas
ações. O desenvolvimento sustentável em si está dentro da proposta dos cursos
da unidade. Então, por isso até foi mais fácil ele ser um título que englobasse
a maioria das pesquisas. E o interesse na pesquisa sustentável é justamente
garantir que as pesquisas e os trabalhos tenham continuidade; e isso em todas
as áreas.

CCS – Por que esse enfoque na sustentabilidade
da Unidade Descentralizada de Silveira Martins?

Dalva – A Unidade de Silveira Martins, no
documento de formalização dela, já consta que o foco dos cursos e das pesquisas
tenha esta questão do desenvolvimento sustentável como uma das metas. Não
somente esse, mas uma das metas seria essa. Tanto é que os nossos cursos, que
hoje nós temos tecnólogo em Gestão Ambiental, Agronegócio, Turismo e
Administração, todos em seu Projeto Pedagógico de Curso (PPC), constam como importante que o foco seja em
desenvolvimento sustentável.

Silvia – Inclusive tem o bacharelado
interdisciplinar, que é uma proposta da reitoria e que eu atualmente coordeno. É uma proposta inicial da reitoria como uma ação social entre outros
objetivos, e que também tem o desenvolvimento sustentável dentro do PPC.
Justamente porque é uma necessidade social a preocupação com a gestão
sustentável em geral. Não só para preservar o meio ambiente, mas pra garantir
justamente que você tenha o recurso ao longo do tempo. Na unidade, todas as
ações que os professores fazem relacionadas à extensão e até atividades de aula,
o intuito é a sustentabilidade.

CCS – Conforme o titulo do livro, vocês
trazem também um viés prático da sustentabilidade. Seria uma forma de aproximar
mais essas ações dos leitores?

Dalva – Na verdade, tem alguns artigos que
estão presentes no livro que são pesquisas de projetos com práticas já
consolidadas. É o relato dos autores de suas práticas com
sustentabilidade. O livro se chama “Abordagens Econômicas, Sociais e
Práticas”, porque os artigos contemplam essas três abordagens. Tem artigos que
trabalham só com a abordagem econômica e artigos que são mais a questão social.
E o da questão prática são relatos de atividades práticas.

CCS – A publicação se destinaria a algum
público específico?

Dalva – O foco do livro são os alunos da
unidade, os alunos que tenham interesse nesse tema. Mas o livro é amplo. Qualquer pessoa que tenha interesse nesse tema pode usar o livro para conhecer
como nós estamos fazendo. E acho que o mais importante do livro é
justamente a diversidade. Nós trabalhamos desenvolvimento e sustentabilidade
com uma diversidade bem ampla de focos, em função da nossa própria formação.

Silvia – Inclusive a unidade é composta de um
departamento, que é o multidisciplinar. Porque, justamente, nós
temos profissionais das áreas de humanas, exatas e aplicadas. É uma boa
diversidade de pensamentos sobre o mesmo tema. Então, esse livro é uma
compilação de pensamentos sobre o mesmo tema. E ele pode chegar a diferentes
públicos justamente pelas abordagens econômica, social, prática e de diversos
temas.

CCS – Como a perspectiva multidisciplinar do
livro contribui para a noção de sustentabilidade?

Dalva – Acho que o mais interessante do livro
é abordar o tema sustentabilidade de uma forma que é diferente da
mais usual. Pensa muito em sustentabilidade na questão ambiental, mas a
sustentabilidade é mais ampla que isso. E o livro traz várias abordagens de um
tema, que hoje na concepção mais comum é de que seja só lincada ao meio
ambiente. Mas a sustentabilidade é bem ampla, e essa amplitude da
sustentabilidade é focada por vários autores de diferentes formações que compõem
o livro.

Silvia – Por exemplo, na abordagem econômica
há “Arranjo Produtivo e Local como Instrumento de Desenvolvimento Sustentável”
e “Associativismo Empresarial”. São exemplos de formas econômicas que, quando
aliadas ao ponto de vista da sustentabilidade, podem contribuir para o
desenvolvimento. Então, são tratados exemplos que já se tem, mas com o olhar
diferenciado. Com o olhar diferenciado para a sustentabilidade àquelas determinadas
ações que já são cotidianas.

CCS – Como o tema ”Sustentabilidade” vem
sendo tratado na atualidade?

Dalva – Acho que é um assunto iminente. Se
fossemos fazer uma pesquisa dos assuntos que estão na mídia frequentemente,
sustentabilidade e desenvolvimento estão muito presentes e acredito que cada
vez mais vão estar presentes. Até por que é uma necessidade. Hoje se necessita
falar, se necessita pesquisar sobre isso; porque a sociedade necessita que esse
assunto esteja em pauta pra que tenha práticas adequadas.

CCS – Não vem ocorrendo também uma
apropriação da “sustentabilidade” pelas organizações a fim de passar a imagem
do “politicamente corretas”?

Dalva – Com certeza. Existem empresas e
empresários que utilizam de forma errada ou de forma a ter benefícios próprios.
Mas existe uma gama de empresas e de empresários que são realmente preocupados
com a sustentabilidade. Até porque a sustentabilidade garante a continuidade
das empresas. Se um empresário for pensar a longo prazo, ele vai trabalhar com
sustentabilidade e pensar no desenvolvimento; por que isso vai garantir a
manutenção e o lucro da empresa dele. Mas, para alguns, é realmente para tentar
se valer de um assunto que está em pauta pra trazer benefício pra empresa. Mas
eu acredito que a maioria tem boa vontade e que realmente está praticando. E
hoje o consumidor está muito mais consciente. Então aquela preocupação da
empresa em ser sustentável, se preocupar com o desenvolvimento, hoje tem
reflexo com o mercado consumidor. Não é mais a empresa dizer que faz e na
verdade não fazer, hoje o consumidor tem essa consciência e tem fiscalizado
mais isso. Então, esse é um motivo pra que esse engajamento seja maior tanto
pela empresa quanto da sociedade.

Silvia – Nessa linha, como é um assunto ainda
emergente pra gente, e como todo assunto novo, fica difícil você incutir esse
sentimento nas pessoas do entorno. Fica difícil você aglomerar as pessoas pra
tratar disso. Mas ao poucos, a gente pode observar que existem ações que já
estão sendo feitas que já contribuem com a sustentabilidade mesmo não sendo
pensadas dessa forma. Então o que acontece é que, pra quem está trabalhando com
a sustentabilidade como um título, muitas vezes pode ficar mais fácil você
simplificar ações que já são feitas, que contribuem pra sustentabilidade e que
já são aceitas socialmente pra encampar mais pessoas que se adequem e tenham
interesse. Às vezes se pensa em sustentabilidade e em que vai ter que mudar
toda a história, mas não. As vezes são ações simples que você precisa fazer ou
precisa adequar e que já se tornam viáveis. Você já está contribuindo, está
dando um gás maior pra que depois se enraíze e consiga dar frutos ao longo do
tempo. Mas é um engatinhar.

Dalva – Eu vejo pelo menos que está num
momento de crescimento. E eu acredito que quanto mais pesquisadores, quanto
mais livros e artigos nesta área, mais as pessoas vão entender da facilidade da
sustentabilidade. Não se pode pensar que é uma coisa tão complexa. Na verdade,
pequenas ações somadas e inter-relacionadas levam a sustentabilidade a uma
abrangência maior.

CCS – Há pessoas que defendem a incompatibilidade
entre tecnologia e sustentabilidade. Mas como uma pode ajudar a outra?

Dalva – Eu acredito que podem andar juntas,
tanto os avanços tecnológicos quanto a sustentabilidade. E devem andar juntas.
Claro que há um limitador. Algumas questões limitam o avanço tecnológico em função
da sustentabilidade. Mas é necessário que se faça da forma que tenha avanço
tecnológico sem prejuízo da sustentabilidade. É possível ser feito isso. Claro
que quem tenha uma visão de lucro, pode achar um limitador muito grande. Mas se
a gente for pensar em termos de futuro, em termos de sociedade e em termos de
necessidade do ser humano, dá pra fazer as duas coisas com certeza. E é a
melhor receita. Até nos dias atuais, quem trabalha com inovação e com avanço
tecnológico com sustentabilidade está tendo mais retorno financeiro do que quem
não trabalha.

Silvia – Quando você faz a parte de captação
solar de energia, é um avanço tecnológico que visa à sustentabilidade. E
exemplos de avanço tecnológico aliado a sustentabilidade a gente tem vários.
Claro que você vai ter um investimento, um gasto inicial; mas você está
economizando recursos não renováveis. Então desde que você não gere muito lixo,
o que torna insustentável porque não se pode reciclar, você vai economizar um
recurso não renovável pra que você não tenha a finalização dele.

CCS – Que medidas devem ser feitas para
estimular a adoção da sustentabilidade?

Dalva – Eu acredito que a educação é o melhor
caminho. Só vai ter uma repercussão maior quando vier da base; das pessoas, das
crianças, das famílias, dos consumidores. Acho que a pressão da base é que vai
levar a um resultado maior. Então a educação seria o primeiro caminho. Ou seja,
nas escolas de primeiro a segundo grau e nas universidades tentar ter esse tema
sempre presente pra que as pessoas entendam a sociedade de uma forma ampla como
ela realmente deve ser entendida. A partir daí, a pressão vai para o poder
público, vai para os empresários, vai para todas as outras esferas. Eu acredito
que o caminho para que tenha uma repercussão maior seria através da educação.

Silvia – Por isso a importância da educação
ambiental nas bases e das disciplinas de educação ambiental fazerem parte dos
currículos. Porque é na educação ambiental, no dia a dia, que se enxerga; e a
partir dali a pessoa já vai crescer com essa ideia e a paritr dela todo o resto
vai girando.

Dalva – Também a importância de se publicar trabalhos,
como nós estamos fazendo. Porque, se uma pessoa ler e lembrar-se de contar uma
história que está no livro para uma segunda pessoa e para uma terceira, é um
multiplicador.

CCS – Junto do livro, há outros projetos
sendo desenvolvidos?

Dalva – Nossas pesquisas continuam. Nós não
paramos no livro, o livro é um reflexo do que já tínhamos concluído no momento
em que nós escrevemos os artigos. Os nossos trabalhos, a nossa formação é
contínua. Então, nós já temos o projeto de um segundo livro; que ainda não
temos um título, mas possivelmente vai permear por um caminho igual ou
parecido. E a sequência das nossas atividades vão sempre nessa área, porque é a
nossa formação. Então a continuidade do nosso trabalho vai ter com certeza.
Talvez não na forma de livro, mas talvez na forma do site da própria unidade, com
as nossas pesquisas, com os alunos que nós temos. Então tudo isso não se
encerra no livro. Os autores aqui continuam pesquisando e continuam trabalhando
nessa área.

CCS – Qual a importância de uma unidade de
ensino superior estar se dedicando à sustentabilidade?

Dalva – Acho que é importante principalmente
por causa das pesquisas. A pesquisa empírica traz para a academia a realidade,
e a realidade que é sustentabilidade se faz com pequenas ações. Diferente
daquela visão de que precisa fazer grandes ações, grandes milagres e debandar
muito recurso financeiro pra que isso ocorra. Na verdade, as pesquisas que são
de várias áreas e são pesquisas focadas com práticas bem pontuais mostram
justamente isso. Por isso, a importância de nós pesquisadores divulgarmos as
nossas pesquisas. Pra se perceber a importância da sustentabilidade, mas
principalmente a aplicabilidade dela.

CCS – Na unidade, há uma parceria entre estas
pesquisas e a comunidade?

Dalva – Sim. Mas a nossa unidade é recente, só
temos seis anos. Nós não temos muitas, porque cada pesquisador veio de alguma outra
instituição. Então elas (as pesquisas) ainda são muito embrionárias. Mas temos sim trabalhos
feitos na comunidade. E quando eu falo de comunidade, a mais próxima
geograficamente é a Quarta Colônia. 

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