Conversar
sobre as crenças espirituais que o paciente tem é algo que já não parece tão
distante da realidade e do âmbito das ciências da saúde. A ciência e a
espiritualidade que por muitos anos travaram sérias disputas, atualmente
constroem uma relação pouco mais harmoniosa. Novas pesquisas procuram quebrar
tabus e entender a importância de abordar a dimensão espiritual no tratamento
de pacientes. Nesse ano, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) deu um
importante passo para a construção e entrelaçamento de ambas as áreas com a
oferta de um curso gratuito de extensão em Saúde e Espiritualidade.
A
ideia surgiu a partir do Projeto Socioambiental realizado no Centro de Ciências
Rurais (CCR), ministrado pela professora Venice Grings. A proposta de integração
com o Centro de Ciências da Saúde (CCS) teve apoio da enfermeira do Husm,
Verginia Rossato, e da médica, Adriane Coelho que com o auxílio da coordenadora
do curso de Enfermagem, Maria Denise Schmidt, conseguiram idealizar o projeto
no primeiro semestre de 2014.
O
curso de extensão em Saúde e Espiritualidade iniciou suas atividades em abril e
encerrou na primeira quinzena desse mês. Alunos, professores e servidores da
Universidade puderam participar dos encontros semanais com duas horas de
duração.
Ao
longo dos 12 encontros, foram abordados temas como os paradigmas entre ciência
e espiritualidade, vida após a morte, bioética, perdas do ser humano e doenças
psicossomáticas. Convidados a explanar sobre o assunto fizeram-se presentes os
professores Adair Marques, Fernando Correa e Paulo Lauda. Correa, que também
foi o fundador da Associação Médica Espírita de Santa Maria pôde, depois de
muitos anos, realizar seu sonho de unir os conhecimentos espíritas ao campo
acadêmico ligado à saúde. “É preciso levar em consideração a ideia de que o ser
humano não é apenas uma mera máquina. Ele possui algo que vai ser eternizado e
isso é de extrema importância para uma melhor qualidade de vida.” ressalta o
médico formado pela UFSM.
No
último encontro que contou com uma confraternização, a médica endocrinologista,
Adriane Coelho, e a professora da Rede Estadual de Educação, Vera Mercado, incrementaram
seus conhecimentos sobre a temática. Depois de realizarem técnicas de
respiração e relaxamento, enfatizaram a necessidade de sintonia entre as partes
física e espiritual. A medicina oriental foi tomada como exemplo para revelar a
força interior do ser humano. Para concluir, Vera descreveu o espiritismo como
algo necessário e “consolador.”
Segundo
as organizadoras, o curso teve grande aceitação perante a comunidade acadêmica.
Em levantamento realizado constatou-se que 78% dos inscritos terminaram o curso
e irão receber certificado. As alunas de Enfermagem Kélen Astarita e Bruna Brum
(3° semestre) e Ana Paula Oliveira (5° semestre) participaram de todos os
encontros e relataram como uma experiência muito positiva: “A maioria do ensino
é teórico e tecnicista. É preciso conhecer o que há por trás disso, no interior
do ser humano”.
Devido
à grande procura, um novo curso tem previsão de início no mês de setembro.
Seguindo as mesmas linhas de estudo, pretende-se que a ciência aos poucos venha
a convergir com a espiritualidade e que esta se faça presente na formação
acadêmica. Verginia, que trabalhou muito para que a iniciativa desse certo, atribui
o curso como uma vitória em seu currículo e
promove: “Listas de espera já estão sendo preenchidas para a próxima
edição e os interessados devem procurar os organizadores do evento.”