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​Professores da UFSM farão campanha para preservar ave ameaçada de extinção



Florestas bem preservadas são o habitat natural do macuco

A caça predatória levou uma ave de voos curtos e hábitos
solitários a praticamente desaparecer das florestas do Rio Grande do Sul. De
cor predominantemente cinza e com aproximadamente meio metro de comprimento, o
macuco (Tinamus solitarius) é
raramente visto fora de zonas de conservação. Seu status chegou a constar como
“criticamente em perigo” no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no RS. Por esta razão, o registro
recente de exemplares da espécie em Itaara deixou eufóricos os professores Ivan
Luiz Brondani e Everton Rodolfo Behr, ambos apaixonados pela natureza, sendo
colegas no curso de Zootecnia da UFSM.

Foi Brondani o responsável pela descoberta, que não foi por
acaso. Sua paixão por animais o faz embrenhar-se na mata à procura de bichos
ameaçados de extinção. Nesta busca, leva consigo diversos equipamentos para
registrar eventuais descobertas: câmera fotográfica, gravador e
reprodutor de áudio (usado também para atrair animais, por meio da reprodução
do som característico da sua espécie). Além da tecnologia, Brondani também
aproveita o conhecimento tradicional das “pessoas antigas” da região, que lhe
dão as dicas dos lugares mais prováveis de encontrar os animais que procura.

No caso do macuco, foram necessárias diversas tentativas
para encontrá-lo. Ele obteve sucesso em sua busca no dia 9 de maio, em uma
região de mata fechada no interior de Itaara. Na ocasião, encontrou dois
exemplares de macuco, conseguindo registrar fotos e vídeos da descoberta.

Em busca de orientações, Brondani não hesitou em mostrar as
imagens a seu colega Behr, que é doutor em zoologia e amante da ornitologia. A
paixão dele por observar pássaros o tornou, inclusive, um dos autores do livro Avifauna no Campus: Registros Fotográficos e Aspectos Biológicos, obra na qual constam imagens e informações de todas as
aves silvestres encontradas no campus da UFSM.

Para comunicar o registro da macuco à comunidade científica,
Behr e Brondani vão publicar notas científicas em revistas especializadas. Eles
também pensam em formas de preservar o macuco. Visto ser o homem o seu
principal predador, os dois professores pretendem fazer campanhas de
preservação, tendo como público-alvo proprietários de terras e trabalhadores
rurais. Em conversas que tiveram com proprietários em Itaara, os professores
afirmam ter obtido uma boa recepção ao seu pedido de não caçar o macuco – o
que, aliás, é crime ambiental.

Ave da mesma família das perdizes, macucos têm mais ou menos o tamanho de uma galinha d'angola

O homem, entretanto, não é o único predador do macuco. A ave
é objeto de caça para felinos, servindo também de presa para a irara e o
graxaim-do-mato. Mas o macuco também é um caçador, visto que se alimenta de
insetos e pequenos invertebrados, comendo também sementes e frutas. Estas aves
chegam a pesar 2,5 kg,
ficando mais ou menos do tamanho de uma galinha d’angola. Seu habitat natural
são florestas bem preservadas. A derrubada de matas, aliás, tendo como objetivo
a produção agrícola, foi um dos motivos fundamentais para o risco de extinção
do macuco. Quando criadas em cativeiro, estas aves podem viver de 12 a 15 anos

Aves da mesma família das perdizes, os macucos gostam de viver perto de córregos e, na hora de
dormir, alçam pequenos voos para se empoleirar sobre galhos de árvores, embora
não usem os dedos para se segurar. Estas aves abandonam seus hábitos solitários
apenas para se acasalar. Uma particularidade da espécie é que são os machos os
responsáveis por chocar os ovos, caracterizados pela sua cor azul.

O professor Behr enxerga boas possibilidades de preservação
para o macuco na região. Ele informa que, na próxima edição da lista dos
animais em risco de extinção no Rio Grande do Sul, o macuco não deve mais
constar como “criticamente em perigo”. O status da espécie deve passar para
“vulnerável”, dois graus a menos na escala de risco.

Para aumentar a variabilidade genética, e por conseguinte as
chances de preservação, Behr não descarta trazer macucos de outras regiões do
país para se acasalar com aves encontrados na região central gaúcha. Estas e
outras ações de preservação dependem, no entanto, da obtenção de recursos, que
os professores esperam conseguir por meio de editais de agências de fomento
governamentais e fundações mantidas por grandes empresas. Eles esperam avistar macucos na região novamente entre outubro e novembro, época
de reprodução da espécie.

Texto: Lucas Casali

Fotos: Ivan Brondani

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