Atualmente, 62,3% das
famílias brasileiras possuem dívidas e contas atrasadas. Devido a este fato, a
professora Kelmara Mendes Vieira, do Programa de Pós-Graduação
em Administração, juntamente com seu grupo de pesquisa, realizou a pesquisa Causas e Consequências da Dívida no Cartão
de Crédito: uma Análise Multifatores, que resultou na dissertação do
mestrado da aluna Franciele Inês Reis Kunkel.
O objetivo principal era identificar fatores que
influenciam na acumulação de dívidas. Apesar de existirem fatores econômicos,
como as taxas de juros, as pesquisadoras se detiveram a analisar os fatores
comportamentais.
Na pesquisa, foram estudados os antecedentes e as
consequências das dívidas. Foram apontados três antecedentes principais: o
materialismo, as compras compulsivas e a alfabetização financeira. O
materialismo e as compras compulsivas estão muito ligados, pois muitas pessoas
têm o hábito de comprar algum objeto apenas por estar em liquidação e muitas
vezes se arrepender de ter feito esta compra. Segundo a professora Kelmara, “quanto
mais comportamento compulsivo de compras a pessoa tiver, mais ela vai ter o uso
inadequado do cartão”.
Já o terceiro fator indicado como antecedente, a
alfabetização financeira, está dividido em três aspectos: a atitude, o
comportamento e a educação financeira. A atitude financeira seria o que a
pessoa pensa sobre finanças, o comportamento seria
como a pessoa age em relação às finanças, e a educação financeira seria o que
ela entende sobre suas finanças.
Segundo Kelmara, quanto mais alfabetizadas
financeiramente, mais as pessoas saberão usar e controlar seu cartão. Como
consequência, as pesquisadoras apontam o bem-estar financeiro. “Se ela (a pessoa) consegue usar adequadamente e
consegue controlar as suas dívidas, ela, no final, vai ser uma pessoa que está
satisfeita com sua situação financeira”,
afirma Kelmara. “Caso contrário, se o comportamento compulsivo prevalecer ou se
ela não tiver práticas de gestões financeiras, é muito mais provável que ela
use inadequadamente (o cartão) e
então que ela acabe tendo dívidas e
torne sua situação financeira descontrolada”, acrescenta.
A pesquisa foi realizada em três estados brasileiros:
Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Maranhão. Foram entrevistados 1.831
voluntários. As pesquisadoras queriam abranger a maior amplitude de regiões e
diferenças culturais possíveis.
Como resultado, elas não encontraram pessoas com
perfis de compradores compulsivos. Porém, perceberam que a maioria da população
não tem uma educação financeira adequada, ou seja, a maior parte dos
entrevistados não sabe quanto de juros paga no seu cartão de crédito.
Apesar disso, a maioria das pessoas está razoavelmente satisfeita com a sua
situação financeira.
Julia Zielke Rebellato
– acadêmica
de Produção Editorial, bolsista da Coordenadoria de Comunicação Social